Religião no Japão é coisa séria! Comumente pensamos que o budismo japonês é a religião predominante no Japão, mas você sabia que existe outra, anterior ao budismo no Japão e de extrema importância? Vem ler esse texto que a sua visita aos templos do Japão será totalmente diferente!
Ainda explico bem direitinho como você deve se comportar e os rituais que deve seguir na sua visita à um santuário ou templo japonês. Vamos lá?
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Religião no Japão: Budismo, Xintoísmo e Sincretismo
Que o Japão é um misto maluco de modernidade e tradição, todo mundo sabe antes de pisar lá.
Que existem milhares de templos no país, todos também descobrem antes de embarcar.
O que eu não imaginava é a força da religião no país. Não são apenas templos. São templos cheios de gente! São orações, homenagens, pedidos, simpatias, toris e muito mais! Fiquei espantada e maravilhada.
Aprendi que são 2 as religiões mais significativas no país: o xintoísmo e o budismo, mas elas não são 2 coisas muito separadas. Na verdade, para explicar como isso funciona me perguntaram se eu já tinha ouvido falar na palavra sincretismo. Opa! Tipo sou católica, mas gosto do templo budista e vou em centro espírita? Acendo vela para Nossa Senhora e jogo flor para Iemanjá no mesmo dia?
Então, xintoísmo e budismo são assim, coisas separadas e juntas shallow now ao mesmo tempo.
Xintoísmo, a religião predominante e anterior ao budismo no Japão
Religião mais antiga, anterior ao budismo no Japão, o xintoísmo (Shinto em japonês) é, em linhas bem gerais, uma filosofia politeísta e totalmente ligada à natureza. Tem Deus Trovão, Deus Raio, Deus Sol, Deus Terra, Deus Cervo, Deus Raposa, etc, etc e meu preferido: Deus Montanha. Fomos num santuário totalmente dedicado ao Deus da Montanha Fuji. Foi um dos que mais gostei no Japão!
O xintoísmo é a religião predominante do Japão, praticada por aproximadamente 80% da população. Geralmente pensamos que é o budismo, mas é por causa do sincretismo, lembra? Muita gente pratica ambas, sendo comum que celebrações de nascimento e casamento (vida) sejam feitos nos rituais xintoístas e os funerais (morte) nos rituais budistas. Mas o xintoísmo, até porque nunca se espalhou pelo mundo, é a religião do Japão.
Não existe um texto sagrado do xintoísmo, nem um fundador. Por isso, é considerado praticamente um estilo de vida que se baseia na ideia de um poder divino, o kami, que está em tudo e em todos, e se manifesta pela natureza e pelos animais. E todos, ao morrermos, viramos kami e circulamos pelo mundo. É essa crença que faz com que os japoneses tenham profundo respeito pelos antepassados e sempre os homenageiem.
Embora tenha surgido da cultura japonesa há milhares de anos, lá pelos ido do século II a.c, e por isso seja muito particular, o xintoísmo me lembrou demais das religiões nativas da América. No fundo, os conceitos são explicações do mundo ao nosso redor, dos acontecimentos decorrentes da força da natureza e de energias que circulam no mundo.
Os lugares sagrados do xintoísmo são santuários, normalmente próximos à natureza, cheio de árvores e animais e com o Tori – aquele portão vermelho – indicando a entrada em solo sagrado (e também podem homenagear antepassados, assim como as lanternas). O caminho entre o tori e santuário serve para reflexão, para acalmar a mente antes da oração.
O santuário xintoísta mais conhecido é o Fushimi Inari, que fica perto de Kyoto. Suas centenas de toris já foram vistos em inúmeras fotos e o lugar é destino de muitos turistas, mas também de peregrinação entre os japoneses.
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O Budismo Japonês
Já o budismo é uma religião importada da China e da Índia, portanto é a irmã mais nova do xintoísmo, que é bem anterior ao budismo no Japão. O budismo japonês, como todos os outros, segue os ensinamentos de Buda para encontrar a iluminação, mas já passou por várias mudanças, revoluções, e pelo sincretismo, o que resultou em várias e específicas vertentes.
Quando o budismo chegou ao Japão, lá pelo século VII, algumas importantes famílias japonesas o disseminaram, e o budismo se espalhou entre a classe alta, sendo adotada como religião do Japão nos anos 700, quando foram construídos os grandes templos de Nara, que impressionam até hoje. Apesar disso, a população e os monges o misturaram com o xintoísmo e criaram várias diferentes seitas, algumas bem esotéricas.
As mudanças pelas quais o budismo japonês passou tiveram total ligação com as mudanças políticas e no período Kamakura surgiram duas seitas cujo foco eram a autodisciplina e a meditação, a zen e a soto, que caíram nas graças dos samurais guerreiros e foram sendo assimiladas pela população. O zazen, a prática da meditação sentada, se espalhou. Eu adoro essa história, sou bem fã do zen e dos samurais!
Bom, depois disso, já houve tentativas de separar o budismo japonês do xintoísmo, de acabar com uma ou com a outra, mas no fim das contas, ambas coexistem até os dias de hoje e o que os japoneses mais queriam, que era manter suas crenças e evitar que o cristianismo (por suas fortíssimas diferenças culturais) se espalhasse, deu certo.
Os locais sagrados do budismo são os templos com representações de Buda e quase sempre tem portões meio em forma de casa e pagodas, aquele prédio com teto em forma de chapéuzinho. Um dos mais famosos templos do budismo japonês é o lindo Todaiji, que fica em Nara.
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Templos do Japão: Budista ou Xintoísta?
Obviamente nem todos os japoneses estão dedicados ao estudo das escrituras, meditação ou reverência à natureza, mas não tem um japonês que não faça lá sua fézinha e não tenha sido pelo menos um pouco influenciado pela cultura xinto-budista: falar menos e ouvir mais, permitir que o outro seja sempre maior do que você ou ser menos egocêntrico, reverenciar a natureza e a comida, trabalhar pela purificação da mente e da saúde, entre outros. Sempre víamos excursões escolares e muitos, mas muitos japoneses visitando os santuários e os templos. Muito mais do que outros turistas.
O ato de ir ao templo ou santuário para rezar chama omairi e no ano novo tem uma verdadeira peregrinação, quando o Japão inteiro vai rezar e ai tem um nome especial, chama hatsu-moude.
Nos muitos templos e santuários do país, você pode ter uma certa dificuldade para entender em qual religião do Japão está, se no xintoísmo ou no budismo.
Depois de umas 80 visitas descobrimos que na verdade na maioria das vezes o templo budista está dentro de um terreno inicialmente de um templo xintoísta, como acontece em Nara, por exemplo, e tudo bem, a gente gosta dos 2! A gente reza para todo mundo. E coloca o Deus Trovão e o Deus Raio para guardar as portas dos templos budistas. E os toris também!
Vale tudo!
Vale fazer simpatia para arrumar marido, escrever pedido em placas e pendurar na porta dos templos e santuários, vale até tirar a sorte! O Gabriel tirou uma má sorte e teve que amarrar numa árvore lá no Asakusa Temple, em Tóquio, para que a má sorte “ficasse lá”. Eu tirei uma boa sorte, então trouxe com o meu Daruma, que é aquele bonequinho para o qual você faz um pedido e pinta um olho e se ele realizar pinta o outro olho, senão fica caolho mesmo.
Ps: para tirar a sorte basta ir ao lado do templo onde ficam as caixas da sorte. Coloque uma moeda, chacoalhe a caixa, tire um pauzinho e pegue a sorte na caixinha correspondente ao número que está no pauzinho. O texto da sorte está em inglês, mas o pauzinho está em japonês e você pode ficar lá 10hs tentando encontrar o mesmo desenho ou pedir ajuda para alguém com os números.
E como cada templo e santuário é dedicado à uma divindade, os japoneses consideram normal que você visite todos os que encontrar pela frente e preste alguma homenagem em cada um deles.
Como se comportar num Templo Japonês
Algumas coisa legais que acho que você deve saber se está planejando sua viagem para o Japão são os comportamentos básicos esperados nos templos e santuários, já que você vai visitar vários e, como eu disse, religião no Japão é coisa séria. Lembre-se que japoneses tem um imenso respeito pelas tradições e seguem as regras com precisão, então saber como se comportar vai ser muito positivo para você!
1) Na chegada ao Templo Budista ou Santuário Xintoísta
Sempre faça uma leve mesura antes de passar pelos portões e ande por uma das beiradas. É considerado que o meio do caminho é usado pelos deuses. Já vá acalmando a sua mente e a levando para o universo do sagrado.
2) Temizu-sha, Chozuya ou Fonte da purificação
Sempre há uma fonte que fica na frente dos santuários/templos para que os visitantes se purifiquem antes de entrar.
Lá em Singapura aprendemos que tem que pegar a concha e jogar água somente no ombro do buda. No Japão não tinha buda, então não sabíamos o que fazer, mas aprendemos.
Primeiro, você pega a concha com a mão esquerda, enche de água (só uma vez) e joga um pouquinho para lavar a mão direita. Ai pega a concha com a mão direita e joga um pouquinho para lavar a mão esquerda. Ai troca de novo a concha de mão e usa mais um pouquinho da água para lavar a boca. Teve gente que disse que tem que enxaguar, mas a maioria só passa uma água nos lábios mesmo. O importante é não beber nem encostar a boca na concha. Por fim, você derrama o resto da água que sobrou no cabo da própria concha e a devolve para o lugar.
Essa prática de limpeza vem do xintoísmo e embora tenha sido adotada pelos budistas, é bem anterior ao budismo no Japão. Está relacionada à ideia de que todos devemos nos esforçar para sermos puros na mente, nas intenções e também no corpo. Como você estará entrando num local sagrado, deve estar “limpo” e o ritual te ajuda a refletir sobre isso.
2) Entrada e Sapatos
Para entrar nos templos você deve novamente fazer uma pequena mesura e deve tirar os sapatos. Vá com sapatos práticos e todo limpinho: sem chulé nem meia furada, que dão a impressão de desrespeito. Eu acrescento minha observação pessoal de ir sempre de meia, exceto se tiver muito calor, porque os templos são meio gelados.
As mesmas regras servem para a casa de qualquer japonês que você for. A ordem é não trazer impurezas da rua. Apoiado!
3) Rituais nos Santuários e Templos do Japão
Você verá sempre o mesmo ritual entre os japoneses nos santuários e templos: jogam uma moedinha no local apropriado (tem templo que é tão cheio que você vê moedinha voando lá de trás da multidão. Em outros, faz tanto barulho de moeda caindo que parece uma caixa registradora), batem palma ou tocam um sino (quando houver), juntam as mãos, fazem 2 reverências, ficam paradinhos fazendo oração, fazem mais uma reverência e vão embora. Siga o mestre.
Se um mesmo templo tiver vários lugares desses, tem que jogar moeda e fazer o ritual em todos eles. Confesso que não fizemos. O iene é caro, não dava para dar tanto dinheiro assim pro santo! Mas fizemos sempre que nos sentimos conectados.
Pode ser qualquer moedinha, mas o mais “correto” é jogar a de 5 centavos, a furadinha. Isso porque a pronúncia da palavra 5 ( 御縁 – goen) é a mesma de sorte ou oportunidade. Quando não tínhamos a de 5, devíamos jogar uma de 10 para nós 2, que seria 5 para cada. Quando nos avisaram, a gente já tinha jogado moeda de tudo quanto é valor, mas acho que o que vale é a intenção. Bom, mas a sua intenção pode ser certa desde o começo… Enfim, trouxemos também a moeda da “sorte” com a gente, porque em matéria de sincretismo, também aceitamos qualquer vibração positiva.
Se você estiver num templo budista, vai ter um incensário na entrada e normalmente os incensos são gratuitos. Você pega um, acende e coloca lá. Não acenda nos outros incensos para não misturar as energias, tem sempre algum fogo por perto.
Você pode dar umas voltas com o incenso sobre a sua cabeça antes de deixá-lo ou, fazendo uma concha com a mão, pegar um pouco da fumaça do incensário e jogar sobre a cabeça. meio que fazendo um giro com a fumaça. É uma benção e uma liberação de energia. Se encontrar um monge com um incensário, faça uma reverência mais abaixada e ele vai fazer esse giro do incensário sobre a sua cabeça. É considerado ótimo para limpar as ideias e seguir para meditação.
Depois você bate palmas ou toca o sino (se for templo budista nunca bata palmas, só os sinos) para avisar Buda, os deuses ou o universo, que você está ali para dar uma palavrinha com eles. Toque 2 ou 3 vezes.
Ai faça 2 reverências maiores, dobrando mais o corpo para mostrar que faz barulho, mas é com todo o respeito, fique paradinho fazendo uma oração (faça a da sua preferência, acho que aqui também o que vale é a intenção), agradeça muito. Eu sempre agradecia por ter conseguido realizar essa viagem, que era um sonho antigo. Depois faça uma reverência de despedida e saia em silêncio.
Pronto, você está por dentro da religião no Japão e praticamente preparado para começar a sua maratona de santuários e templos no Japão. Pode ter certeza de que seguindo essas regras você vai receber muitos acenos de aprovação e sorrisinhos discretos! Agora sobra tempo para aprender ainda mais sobre o budismo, o xintoísmo e as superstições japonesas! Divirta-se!
Mais um help para planejar sua viagem:
Veja aqui outras dicas do Japão.
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