O que fazer no Irã – Roteiro de Viagem

O que fazer no Irã: com tanta história e tantas belezas, montar um roteiro de viagem para o Irã pode não ser das tarefas mais fáceis. Mas com certeza vai render uma das experiências mais fantásticas da sua vida!

Vem descobrir as cidades lindas da antiga Pérsia e ainda o que comprar no Irã, afinal, os artesãos são incríveis e o país é barato!

Eu já dei 12 dicas para quem quer viajar para o Irã nesse outro post, inclusive como tirar o visto para o Irã, como se vestir e como lidar com as moedas, não deixe de passar lá para facilitar bastante sua viagem!

Deixo aqui mais uma: vá de cabeça e coração abertos porque o Irã é diferente de tudo o que você tem em mente. Vamos pensar no roteiro?

Roteiro de Viagem Irã – 20 dias (ou menos ou mais)

Situado no Oriente Médio, o Irã faz divisa com a Turquia, Iraque, Armênia, Azerbaijão, Afeganistão, Paquistão e com o Golfo Pérsico. Eu sei que essa vizinhança costuma causar uma certa apreensão, mas como eu já expliquei no post com as dicas para quem quer viajar para o Irã, o país é super seguro, não está em guerra com ninguém e nem tem violência urbana, então pode ir tranquilo.

O governo do Irã desaconselha apenas viajar muito próximo às fronteiras com o Paquistão e com o Iraque, mas praticamente tudo o que fazer no Irã fica fora dessas áreas.

Como muitas pessoas desconhecem o país, é comum também que não tenham dimensão do seu tamanho. Apesar do Irã ser apenas um pequeno pedaço do império persa, que chegou a se estender de um lado até a Índia e de outro até a Grécia e Egito, ele continua bem grande. De norte à sul há muitos lugares legais que vão merecer uma visita e você precisará pensar no tempo de deslocamento ao escolher o que quer fazer no Irã.

 

Eu optei por um roteiro de viagem no Irã de 20 dias e fiz o seguinte trajeto: Teerã – Isfahan – Shiraz (bate e volta para Persépolis e Pasárgada) – Yazd (bate e volta para Meybod) – Kashan (bate e volta para Abyaneh) – Teerã. Essa escolha foi baseada no meu tempo disponível e no deslocamento.

Para dar uma ideia da distância, percorri aproximadamente 2000kms. Foram 450kms entre Teerã e Isfahan, 500kms entre Isfahan e Shiraz, 440kms entre Shiraz e Yazd, 390kms entre Yazd e Kashan e 245kms entre Kashan e Teerã. Fiz todos esses trajetos de ônibus, que eram ótimos e super baratos, mas os 3 primeiros trechos demoraram cerca de 6hs cada, inclusive entre Isfahan e Shiraz fui num ônibus noturno.

Também baseei minhas escolhas nas atrações que mais me interessavam e no fato de que fui no fim do verão e fazia mais de 40 graus quase todo dia, então optei por não ir para as montanhas nevadas nem para o deserto escaldante, mas já explico melhor.

Eu dediquei 5 dias para Teerã, 5 dias para Isfahan, 3 dias para Shiraz, 3 dias para Yazd e 2 dias para Kashan. Como os vôos de/para o Irã são quase sempre de madrugada, chegamos muito tarde e saímos muito cedo, então não deu para aproveitar nem o primeiro nem o último dias da viagem, que teve 18 dias “úteis”.

Certamente você poderia diminuir esse roteiro de viagem para o Irã para 15 dias diminuindo um dia em cada uma das 3 primeiras cidades ou diminuindo 2 dias em Teerã, já que embora seja bem interessante, as demais cidades são muito mais diferentonas.

Você também poderia alterar a quantidade de dias nas cidades para incluir mais alguma no roteiro, como Alamut (quem não viu Príncipe da Pérsia?), Hamadan, considerada a cidade mais antiga da Pérsia, ou as cidades de Mashhad e  Qom, que atraem muitos peregrinos por ser onde ficam os Mausoléus do Iman Reza e o de Fátima (irmã daquele) respectivamente. Essas são figuras muito importantes no islamismo xiita, que é predominante no Irã, por isso essas cidades são consideradas as 2 mais sagradas do país. Veja aqui o roteiro do Gabe, que também foi incrível e me inspirou.

Outra opção é conhecer uma das cidades de praia ou uma ilha como Bandas Abbas, Qeshm ou Kish, que tem uns labirintos subterrâneos como você pode ver nesse post do maravilhoso Chá de Lima da Pérsia, da Janaina. Todas tem praias muito bonitas, como você pode ver nesse post, mas como as mulheres não podem usar biquini, achei muito trabalho ir até alguma delas para passar calor.

Se o tempo estiver apropriado, também dá para ter uma experiência de deserto, dormindo em tendas e tudo o mais como se faz na região há milhares de anos. As cidades mais procuradas para isso são Kerman ou Garmeh. Ou, caso você vá no inverno e goste de neve, pode visitar Tabriz, que tem uma estação de esqui.

Como viajar pelo Irã – Carro, Ônibus, Trem, Avião

Você pode viajar de ônibus, como eu fiz, de trem e pode também alugar um carro. Com exceção de Teerã que tem um trânsito caótico, nas estradas e demais cidades é bem tranquilo dirigir e tudo tem sinalização.

Eu achei mais prático viajar de ônibus para evitar qualquer preocupação. Comprar as passagens era relativamente simples, quase sempre dava para comprar no hotel  e os atendentes da rodoviária falavam inglês. Se encontrar alguém que não fala, relaxe que alguém vai sempre ajudar, te dar lanche para a viagem, te por no ônibus e ficar do lado dando tchauzinho.

Uma dica: os ônibus que saem de Kashan para Teerã param no aeroporto, que é caminho. Como os vôos são sempre tarde, vale a pena voltar direto para o aeroporto ao invés de ficar algum dia extra em Teerã só para pegar o vôo de volta.

Se você for muito para o norte, muito para o sul, ou se tiver pouco tempo, considere pegar um vôo. Todas as principais cidades tem aeroportos com vários vôos internos bem baratinhos.

Com isso você já consegue montar um roteiro de viagem para o Irã bacana. Eu não mudaria em nada meu roteiro, acredito que as cidades que visitei foram as que não podem ser dispensadas de nenhuma viagem para o Irã e consegui visitar todas com calma e aproveitar muito ao invés de correr entre vários lugares.

Vou falar um pouco das maravilhas de cada cidade para você ter ideia do que fazer no Irã em cada dia do seu roteiro, mas outros posts serão específicos para cada uma e bem mais detalhados, com indicações de hotéis e restaurantes.

 

O que fazer no Irã: atrações imperdíveis

Atrações imperdíveis em Teerã:

• O Bazaar Central é parada obrigatória para caminhar, comer e até para comprar, embora eu considere o bazaar de Isfahan melhor para artesanatos e tapetes.
• A Praça Tajrish é animada e ali ao lado fica a bonita e importante mesquita Imamzaded Saleh.
• O Museu Nacional do Irã  não está no melhor estado, mas tem objetos bem interessantes sobre as antigas civilizações da região e ainda fica ao lado de prédios oficiais bem bonitos.
• A Azadi Tower sinaliza a liberdade, enquanto a Milad Tower tem vista panorâmica.
• Caminhar pela Valiasr Street, a maior rua do Oriente, pelo Mellat Park e ver a Tabiat Bridge à noite.
• O Golestan Palace impressiona pela beleza e a antiga Embaixada Americana vale a visita pela história apenas.
• Se tiver mais tempo, há outros palácios históricos e o bairro Danareh para explorar também.

Atrações imperdíveis em Isfahan: 

• boa parte dos prédios mais maravilhosos do Irã estão concentrados na praça Naqsh-e-Jahan, que é deslumbrante. Ficam ali a Imam Mosque, o Ali Qapu Palace, a Sheikh Lotfollah Mosque e o Grande Bazzar de Isfahan que é simplesmente sensacional;
• A Ponte Si o Seh de noite para ver os 100 arcos iluminados;
• O bairro armênio e a Vank Cathedral;
• O Fire Temple zoroatrista ou Ateshkadeh;
• Se der tempo, visite também o Chehel Sotun Palace, a mesquita Jamel e o Korshid Caravanserai.

Atrações imperdíveis em Shiraz:

• a Nasir-ol Mosque ou Pink Mosque é provavelmente o principal cartão postal do Irã, com seus vitrais deslumbrantes. Para vê-los lindamente iluminados a visita deve ser feita antes das 9hs da manhã;
• As outras atrações de Shiraz são a citadela, o Vakil Bazaar, conhecido pelos tapetes e jóias e os prédios da Vakil Mosque e do Hammam-e Vakil, um antigo banho, o Eram Garden, e a tumba de Hafez, um dos mais importantes poetas do país;
• o Shah-e-Cheragh é um dos templos mais importantes do Irã e lindíssimo;
• A day trip mais legal de todo o Irã também sai daqui e leva à Pasárgada, que está bem destruída, mas vale a visita e à Persépolis, a antiga cidade mais importante da Pérsia, que tem ruínas em excelente estado e poucos visitantes. Des-lum-bran-te.

Atrações imperdíveis em Yazd:

• A cidade antiga e sua arquitetura única para sobreviver ao calor. Andar e andar por ali já é maravilhoso;
• O lindo jardim e prédio do Bagh-e Dolat Abad;
• O complexo Amir Chakhmaq no fim de tarde;
• O Ateshkadeh, um dos mais importantes templos zoroatristas;
• As mesquitas Jameh e Imam Zadeh Jafar, além de todas as outras que a gente simplesmente encontra pelo caminho;
• A edificação de Khan-e Lari;
• Day trip para Chak Chak, um vila próxima, com parada no caravanserai, na geladeira e nas Torres do Silêncio ou Dahkmeh, uma antiga construção zoroatrista no meio de deserto;

Atrações imperdíveis em Kashan:

• Kashan é a cidade das casas históricas, várias podem ser visitadas como a Abbasyian, Tabatabaie, Ameriha e a Borujerdi, que é a mais linda na minha opinião;
• A Aqa-Bozorg é uma mesquita espetacular, não deixe de passar por ela de noite;
• o banho do sultão Amir-Ahmad também impressiona;
• Uma day trip para o vilarejo muito típico de Abyaneh é indispensável.

Com essas informações já dá para você montar toda a base do seu roteiro de viagem para o Irã, depois é só curtir!

O que comprar no Irã

Vou complementar essas informações sobre o que fazer no Irã com uma das coisas mais legais além de toda a história, arquitetura e cultura: compras! Nenhum roteiro estará completo sem muitas horas de andança nos bazares e há muito o que comprar no Irã, onde os produtos são fantásticos!

O que comprar no Irã – roupas

Começando pelo item indispensável para todas as mulheres que viajam para o Irã: o lenço. Todas as mulheres, residentes ou turistas, devem usar o hijab em todos os locais públicos. Você vai precisar levar um de casa porque não dá nem para sair do avião sem estar com a cabeça coberta, mas leve só um mesmo.

As lojas de lenços são de enlouquecer até quem não é consumista e você vai achar um ou uns que te agradam. São infinitas opções e todas as iranianas tem milhares deles, para todo tipo de combinação de moda possível. Os preços variam conforme a qualidade, os de seda e pashmina são obviamente mais caros, mas dá para se perder no meio de tantos tipos de tecidos, cores e estampas.

Nas vilas e cidades menores, há muitas opções feitas à mão, algumas vezes mais rústicos, mas igualmente lindos e com a graça extra de serem típicos.

O que comprar no Irã – tapete persa

Já os mundialmente conhecidos tapetes persas estão no imaginário de todo viajante quando pensam o que comprar no Irã, certo? Se eu pudesse, tinha me enrolado em um e trazido no corpo, infelizmente como eu ainda tinha muitos meses de viagem pela frente, não comprei nenhum… É um excelente motivo para voltar, porque vale demais a pena comprar lá.

Primeiro que as lojas de tapete são um show. Te tratam como um verdadeiro sultão prestes a comprar 80 tapetes para seu palácio, mesmo que você já tenha avisado que não vai comprar nenhum. Mostram os melhores, explicam como é feito em cada região, o que caracteriza um tapete melhor e como identificar as cores, entre outras coisas. Entre um chá e outro, mesmo quem nem gosta de tapete acaba envolvido. E enquanto alguns tem aquela carinha de tapete da vovó, outros são super modernos, tem para todos os gostos.

Os preços começam em USD 200 para os menores e os maiores ficam entre USD 800 e 1000. Achei curioso que mesmo entre os iranianos eles acham “rico”quem tem um tapetão grande. Mal sabem eles quanto custa um desses aqui no Brasil! É para poucos, mas lá até que é acessível, hein? Muitas lojas despacham direto para a sua casa.

Eu achei que as melhores lojas de tapete estavam em Isfahan e em Shiraz.

O que comprar no Irã – artesanato e decoração

Mas o que realmente me conquistou e que a próxima vez vou para o Irã com uma mala só para trazer minhas compras é o artesanato. Primeiro porque amo azulejos e os iranianos são experts em pintura, que vão de temas florais ao zoroatrismo e islã. São lindos de morrer. As lojas tradicionais de Isfahan tem azulejos vintage, que são peças retiradas em demolições, algumas centenárias. Se você se interessar, pergunte e eles vão te levar ao estoque, onde geralmente ficam essas peças.

Eu descobri os “vintage” porque fui com uma amiga iraniana comprar alguns para a casa dela e fiquei impressionada. Custam um pouco mais caro, mas como minha amiga, você pode comprar umas 4 ou 5 peças apenas para fazer um quadro de destaque na parede.

Nos bazares você também vai ver milhares de coisas para casa: vasos, cerâmicas, peças de ferro pintado e de cobre. É tudo deslumbrante e os preços são mágicos.

A marchetaria, em pequenas e lindas caixinhas, assim como as peças de ferro pintado, são de um requinte e feitas com tanto talento que não tem quem não goste. São uma ótima lembrança para trazer porque são leves e, portanto, fáceis de carregar. As melhores peças, mais uma vez, estão no bazaar de Isfahan.

Também em Isfahan, se perca nas inúmeras ruazinhas do bazaar que levam a pequenas pracinhas internas, os antigos caravensarais, onde ficavam os animais dos viajantes e comerciantes. Numa delas, ao lado do Café Spadana, impossível de indicar exatamente onde, fica uma lojinha de móveis e artesanato em madeira. Eu queria comprar a loja. Além de tudo ser lindo, com pinturas típicas do país, o senhorzinho que é o dono é um amorzinho. Se você puder, me traga alguma coisa. =D

O que comprar no Irã – temperos e comidas

Em todos os bazares e praças você vai encontrar lojinhas ou barracas vendendo diferentes temperos, como o limão seco, que eu nunca tinha visto (não é em pó, é realmente uma bola de limão seca que é usada em vários pratos iranianos), açafrão in natura, algo caríssimo e que raramente se vê no brasil, entre outros. É bem barato e também é uma ótima lembrança.

Aproveite para comer muita tâmara. Foi no Irã que entendi porque ela é tão amada por ai, as do Irã tem um sabor especial e eles sabem fazer doces de comer de joelhos.

Mas o que fez minha alegria mesmo foi o pistache. Ta bom, eu sou mesmo a louca do pistache, adoro demais, mas o pistache do Irã, santa mãe, que coisa maravilhosa! Eu comi natural, que nunca tinha visto, inclusive visitei uma plantação e fiquei encantada e comprei eles já torradinhos em vários lugares. Não é exatamente uma pechincha, mas é muito, mas muito mais barato que no Brasil, então aproveite. Eu e o Ga sentávamos como os iranianos, nos jardins nos fins de tarde e ficávamos desfrutando nosso pistache, nos sentindo super locais.

Um amigo me levou à uma loja em Teerã que te aconselho demais, a Mohsen, que até parece nome de banda, né? Fica na Pasdaran Avenue, entre a 3rd e 4th Bastan Alleys. É uma loja todinha de pistaches e foi lá que descobri que o pistache pode ter sabores, conforme é feita a torragem. Gente, é en-lou-que-ce-dor, vários tipos de pistache maravilhosos. Você vai provando, escolhe e vai colocando num saco, tipo aquelas lojas de doces. Mas na hora de fechar eles colocam numa embalagem de verdade com fechamento e tudo e dá para trazer no avião. Aproveite muuuuito.

Outra coisa de comer que é maravilhosa e pode vir para casa é o Gas, um doce típico do Irã que é um nougat ou um torrone, só que bem mais macio e feito com esse pistache maravilhoso que acabei de falar. Nas lojas especializadas, que são muitas, eles oferecem variedades definidas em % de pistache. Quanto mais pistache, melhor e mais caro é o Gas. Mas não se preocupe, até quando é caro é barato.

Pronto, acho que você já está bem preparado, sabendo bem o que fazer e o que comprar no Irã e com um roteiro quase pronto. É só curtir, boa viagem!

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