Feijoada de Bacalhau – Um livro sobre Portugal e a vida na Europa

Procura um livro sobre Portugal ou quer saber como é ser imigrante em Portugal? Tenho uma dica. Ganhei e li recentemente o livro Feijoada de Bacalhau, do Victor Allenspach, que fala sobre a vida em Portugal, curiosidades e lugares do país.

Feijoada de Bacalhau: um ótimo livro sobre Portugal e sobre a vida na Europa. Conheça a vida de imigrante em Portugal e lugares fora da rota comum.

Feijoada de Bacalhau: um ótimo livro sobre Portugal e sobre a vida na Europa.

Imigrante em Portugal

O autor diz que o livro é sobre viagem, mas entre muitos assuntos tratados no livro, o que mais me chamou atenção foi o dia a dia como imigrante em Portugal.

Esse tema da imigração (para qualquer lugar) me toca demais. Adoro ler sobre isso, sobre o processo, as dores e alegrias. É em parte porque eu gosto de viajar e desbravar, em parte porque tenho uma profissão que me permite isso, mas praticamente exige minha permanência no Brasil, mas principalmente porque foram os períodos em que viajei para estudar e ficar mais tempo que abriram minha mente.

Já fui estudar no Canadá, em Angola e em Portugal e esses períodos mais longos que passei em cada um deles, levando uma vida com rotinas e um contato próximo de culturas tão diferentes, me deixaram mais “elástica”, me ajudaram muito a pensar mais no lugar do outro, nos por quês das atitudes e em quanto algumas características ou ideias dos outros simplesmente me incomodam ou realmente são absurdas. Em resumo, eu passei a me esforçar muito mais em não julgar. Uma tarefa hercúlea, que talvez tenha me transformado numa pessoa ainda mais introspectiva e pensativa, o que às vezes incomoda quem está ao meu redor, mas que acredito que só me fez crescer.

Ao mesmo tempo, conheci muitos brasileiros vivendo mundo afora e cada um deles, assim como qualquer imigrante de qualquer lugar, encara a nova vida de uma forma. Uns são mais positivos, outros mais negativos, uns se dão bem, outros se dão mal, mas o que não muda nunca é a eterna comparação entre a nova e a antiga pátria. Até o que era ruim no país antigo passa a trazer saudade e até o que é bom no novo parece ter espinhos, numa eterna montanha russa de emoções. Poucos conseguem lidar com a mudança de forma equilibrada. Pelo menos poucos dos muitos que eu conheci.

Mas voltando ao livro, nele Victor conta como foram os meses em que viveu e foi um imigrante em Portugal, acompanhando a namorada que fazia um período do mestrado numa universidade portuguesa. Ele conta com um olhar crítico e observador sobre a dificuldade em encontrar um imóvel para alugar na pequena cidade da universidade,  como é a convivência com outros brasileiros mais jovens em uma república, a adaptação ao clima diferente, a busca mal sucedida por um emprego entre outros detalhes do dia a dia que, para mim, são o que fazem valer a leitura.

Feijoada de Bacalhau: um ótimo livro sobre Portugal e sobre a vida na Europa. Conheça a vida de imigrante em Portugal e lugares fora da rota comum.

Imigrante em Portugal e aventureiro!

Algumas dificuldades são normais e ocorreriam em qualquer lugar para onde eles fossem, como por exemplo, lidar com um espaço compartilhado, com manias e desleixos dos outros depois que você já é adulto (e maduro). Outras questões são mais específicas de Portugal, e com elas me diverti.

Como eu morei em Portugal em 2012, no auge da maior crise econômica recente do país (que durou entre 2012 e 2014), eu vejo com uma desconfiança enorme essa onda migratória dos brasileiros para lá. Entendo perfeitamente o apelo do país, afinal eu mesma amo Portugal e sei que a recuperação do país, o lugar de destaque que passou a ocupar no turismo internacional, a segurança, facilidade da língua, a comida boa e os preços relativamente baratos são um verdadeiro canto de sereia.

Visite também o Museu da Imigração em São Paulo e vá fundo na história do seus ancestrais!

Para alguns, de fato, Portugal abre suas portas, mas para outros, a coisa não é assim tão simples. Além do preconceito, também trazido à baila pelo Victor, mas que sinceramente atinge de uma forma muito mais dura às mulheres do que aos homens brasileiros, os postos de trabalhos não são tão numerosos, muitas vezes seu diploma não tem utilidade nenhuma, salários são menores e, outro tema tratado pelo Victor e que me foi descrito por muitos brasileiros que moram lá é que as condições de trabalho são muitas vezes absurdas. Relatos de pessoas que trabalharam e nunca receberam (por inúmeros motivos) se avolumam e muita gente simplesmente não pensa em questões do futuro, como aposentadoria, universidade para os filhos e até em plano de saúde. São todas dificuldades bem reais que devem ser pesadas antes da decisão de mudança. Um mínimo de planejamento é essencial para quem não entra naquela turma dos “brasileiros ricos”que vivem de renda ou de negócios que deixam rolando aqui no Brasil.

Por outro lado, acho que a experiência de morar fora por um período mais específico, como o caso do Victor e da namorada e como foi o meu próprio caso, só servem para seu desenvolvimento e devem ser vividos ainda que os perrengues e dificuldades existam. Eles podem virar até um livro como o Feijoada de Bacalhar, afinal! Fazem parte da vida, fazem parte do aprendizado. Sem falar no desenvolvimento profissional, porque ter contato com outros professores, alunos, escolas são muitas vezes chocantes. As diferenças abrem horizontes, nos obrigam a mudar formas de pensar e de comportamento e a desenvolver uma capacidade muito maior de adaptação, que é super potencializada pela própria presença num novo ambiente.

Meus primeiros dias em Portugal foram meio depreê no inverno cinza do norte, mas com o passar dos meses, aprendi a amar o país.

Meus primeiros dias em Portugal foram meio depreê no inverno cinza do norte, mas com o passar dos meses, aprendi a amar o país. Fotinha do tempo que vivi lá, em 2012. Lisboa não tinha metade dos turistas de hoje, como se vê.

Um livro sobre Portugal e suas inúmeras surpresas no campo

Todas as vantagens de passar um tempo fora que citei acima ainda são coroadas com a possibilidade de viajar e, tendo tempo num mesmo lugar ao contrário das corridas férias, de explorar lugares pelos quais nunca passaríamos, como bem relata o autor desse livro sobre Portugal, nos levando por caminhos raramente percorridos por visitantes. São dicas interessantes, especialmente para os amantes da natureza e do sossego como eu.

O “caminito”de Santiago percorrido por ele também é alternativo e traz uma bonita lição, a de que o mais importante é o caminho e não a chegada. Muitas vezes queremos cumprir a meta ideal, nesse caso caminhar o caminho todo e chegar à Santiago, mas é essencial pensar na razão que te impulsiona. É espiritual? É um desafio físico? É pela alegria que te dá a caminha e as paisagens? Reconhecendo suas motivações você pode fazer dessa aventura algo extremamente prazeroso, se desviando quando tiver vontade, se adaptando ao que o vento te traz, reconhecendo seus limites e desejos.

Num ponto do livro, Victor conta que num trecho do caminho de Santiago não conseguia encontrar lugar em nenhum albergue, mas o dono de um deles tinha “outro albergue” e o levou junto à outro casal até lá. Ao chegarem, as coisas não eram como esperado e o casal decidiu partir, deixando o autor só uma casa de mais de 100 anos, como ele conta nesse trecho:

“Andei pela casa toda para ter certeza de que estava só, tranquei a porta de vidro e deixei a chave longe (preocupação tola de gente da cidade) e fui me deitar. No final das contas, aluguei uma bela casa de época por 12 euros.”

Quem me conhece, sabe que esse é o tipo de coisa que faz com que eu me divirta em praticamente todas as viagens, essa busca por um outro olhar, transformando até o que dá errado numa lembrança gostosa, dando valor ao que saiu do comum. É bom quando tudo sai como planejado, e quando não sai, também. Claro que fiquei querendo conhecer a casa!

Entremeando os relatos, algumas reflexões e pensamentos que, em alguns momentos achei exageradamente didáticos, mas que mostram o impacto que essa viagem teve na vida do Victor. E é esse o papel das viagens e o que me leva por todos os lados, a transformação. Cada viagem, mesmo as “fast food” como o autor define, tem o poder de trazer uma mudança. Às vezes pequena, às vezes imensa, mas é vendo, vivendo e sentindo os outros lugares que nossos pensamentos vagueiam e chegam à novas realidades.

Em resumo, é uma ótima leitura para quem está pensando em morar fora do Brasil, por um tempinho ou um tempão, seja para Portugal ou outro lugar, mas especialmente para quem vai às terras lusas. Acredito que é uma ótima preparação do espírito para o que virá!

O livro está à venda no site do Victor e também na Amazon na versão eletrônica. Aproveite a leitura!

Se você é um amante dos livros, veja também esse post com um livro sobre a Colômbia e um pouco da literatura romena aqui nesse outro post.

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Ótimo livro sobre Portugal, contando como é ser imigrante em Portugal, as dificuldades e também as belezas desse país.

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