Estudante que vai para Toronto fica tentado a fazer o passeio para o French Canadá com a escola. Esses passeios são assim: você sai na sexta à tarde, para em Ottawa, Thousand Islans, Montreal e Quebec e volta no domingo à noite.
O preço é bacana, mas se no folheto tiver um desenho de um quadradinho com 2 pessoas dentro, significa que você vai ter que dividir a cama. Provavelmente com algum desconhecido. É, meu querido, não existem almoços grátis. Se é barato, tem que economizar em alguma coisa….
Eu não curti a ideia, mas muito mais porque não gosto desses passeios-correria e, como já contei aqui, estava muito afim de curtir o French Canadá. Então fiz assim: fui num fim de semana para Montreal e em outro para Quebec.
Já te conto que o pessoal do French Canadá é meio assim… francês, ou seja, eles são bem regionalistas, evitam falar inglês (mas todos sabem, só peça com educação para falar nessa língua), fazem questão que todos os imigrantes conheçam a história da colonização e da recente onda separatista, que aprendam francês, entre outras coisas. Eu me senti mega bem-vida, mas fiz meus esforços, especialmente em Quebec, onde essa questão é mais forte.
Transporte Independente
Tanto Montreal quanto Quebec estão à mais ou menos 7hs de viagem de ônibus de Toronto e vários ônibus fazem o trajeto.
Eu optei pela empresa Megabus que tem os preços mais mara do mundo. Os horários são abertos com passagens de até CAD 1. Isso mesmo, um mísero dólar canadense. Claro que isso é com muuuita antecedência e é difícil achar a tarifa. Conforme vai chegando perto da data e o ônibus fica mais cheio, a tarifa aumenta. Mas ainda assim é uma pechincha. Paguei tipo CAD 10. Te Juro.
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Na primeira vez que comprei a passagem, quando fui para Montreal, fui até a rodoviária e descobri que isso também altera o preço: o mais barato é comprar pelo telefone ou internet. Se atrapalhar a tarde de sossego da moça do guichê da rodoviária, paga mais caro. E não precisa imprimir nada. Leve o número do ticket ou mostre no celular e pule para dentro! Os ônibus são mega confortáveis, com wifi, tomadas, poltronas incríveis, rádio individual. Na boa, eu não estava acostumada: todo mundo entra, abre o computador/ipad, liga a netflix e vai assistindo séries! Achei tamanha modernidade tudo de bom, embora na primeira vez só tenha levado um travesseiro…
Os megabus param em algumas cidades pelo caminho, mas em geral a viagem é excelente. E a rodoviária (coach terminal) fica no centro de Toronto, na Bay Street, próximo das estações St. Patrick e Queen do metrô e perto de várias paradas de ônibus circulares, super fácil de chegar.
Quando fui para Montreal, peguei o bus às 17hs e cheguei lá por volta da meia-noite e fiz o mesmo na volta. Quando fui para Quebec preferi pegar o bus à meia-noite e chegar de manhã, tanto na ida quanto na volta, porque precisa comprar um ticket de Toronto até Montreal e depois outro até Quebec (na Orleans Express, que tem o mesmo jeitinho da Megabus). A estrada é lisinha, a poltrona é macia, desmaiei o caminho todo! Os horários dos ônibus são combinados, então você desce de um e já pega o outro.
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Hospedagem em Montreal e Quebec
Em Montreal escolhi um hostel do lado da rodoviária (a Gare de Autocar, que é bem linda). Como ia chegar por volta da meia-noite, achei prático o fato de poder ir a pé.
Escolhi o Hostel Samesun Montreal Central e fiquei num quarto coletivo (Por mais ou menos USD 20, mas tem individual também por cerca de USD 60,00). Eu ameeeeei esse hostel! Super perto de tudo: rodoviária, de vários restaurantes, bares e baladas, do Quartier Latin e, enfim, com uma caminhada agradável eu chegava em todo lugar. Todo limpinho, com um staff muito simpático, bom café da manhã e uma área de convivência supimpa. Não sei se tinha uma galera muito legal quando estive lá, mas já fiquei pelos sofás fazendo amigos quando cheguei e aproveitei muito com eles.
Outras opções de hospedagem: Bed And Breakfest du Village (diárias para 2 em torno de USD 80,00), Auberge Bonsecours (diárias para 2 em torno de USD 100,00) Le Dauphin Montréal Centre-Ville (diárias para 2 em torno de USD 140), Hotel Places D’Armes (diárias para 2 em torno de USD 200,00)
Já em Quebec fiquei no Auberge International de Quebec. Esse hostel é longe da rodoviária, tive que pegar um ônibus e entre a estação e o ponto de ônibus tive que parar para vestir todas as minhas roupas, comprar um guarda-chuva e uma luva. Simplesmente não estava preparada para todo aquele frio!
Por outro lado, o hostel fica super bem localizado, colado no Vieux Quebec, na Citadele, no Parque e em tudo o mais que você vai visitar, além de bares, restaurantes e lojinhas. O hostel também é ótimo, limpinho, com café bacana e wifi. Só não achei tão legal a área de convivência. Ou talvez as pessoas não estivessem tão legais. Ou talvez Quebec não seja tão legal quanto Montreal…sei lá. Custou cerca de USD 20,00 em quarto coletivo e as diárias em quarto individual ou duplo ficam em torno de USD 80,00.
Outras opções de hospedagem: Maison St-Ursule (diárias para 2 em torno de USd 70,00), Hotel Palace Royal (diárias em para 2 em torno de USD 100,00), Monastére Des Augustines (incrível! diárias para 2 em torno de USD 150,00), Hilton (ótima vista, diárias para 2 em torno de USD 200,00) Fairmont Le Chateau Frontenac (magnífico, diárias para 2 em torno de USD 400,00).
O que fazer em um fim de semana em Montreal
Gente, eu moraria em Montreal. E quando digo isso, quero dizer que amei a cidade de uma forma fora do normal. Do fundo do coração.
Tudo lá é fofo, é lindo, é animado. É o paraíso dos amantes de música boa, de risadas livres e de amor gay. Sério, meu ônibus inteiro era gay e brotava purpurina do chão, ou seja, a cidade é mega animada, colorida, quente!
Como cheguei na sexta à noite e já estava rolando uma Baco’s Party no hostel, me juntei à galera e fui para o centro das baladas, numa muito sugestiva Rue Crescent. Entre ela e a Sainte-Catherine é uma sucessão de restaurantes, bares e as baladas mais doidas: entrada franca ou consumação de 1 drink (muito welcoming), casas ou prédios com vários ambientes, sendo que em cada um toca um tipo musical, uma doidera para agradar qualquer ser humano. Simplesmente ficamos entrando e saindo e zanzando até achar os lugares mais legais. Ali, todo dia é dia.
No sábado, enquanto a galera morria na ressaca, sai andando, passei no meio de uma corrida, atrapalhei umas 10 pessoas e fui parar no Parc du Mont Royal. Pensa num parque lindo. Pensa em uma vista maravilhosa da cidade. Pensa em gente alegre e de boa por todo lado. Foi assim, incrível. O pessoal vai de ônibus até lá em cima, mas fiz tudo andando, vários caminhos lindos….
À tarde, fiquei de rolê pela Rue St. Catherine, com sua Place des Artes, lojas, bares, artistas e tudo o mais. Almocei um crépe clássico da cidade e tomei um sorvete em um lugar qualquer que topei pelo caminho (não vale a pena indicar cada lugar, tantas são as opções delícia) e fechei o dia no Quartier Latin num show de jazz meio Cuba, dançando com os ilustres desconhecidos que estavam numa animação só.
Quando estive lá, não estava rolando nenhuma festividade, mas é porque dei muito azar. Em Montreal tem festival de tudo: de arte, de jazz, de música, de cerveja, de stand up… Festa é com eles mesmo! E dizem que é ali que rola a melhor Nuit Blanche do Canadá (24hs de arte por toda a cidade). Sem falar no Cirque du Soleil, cuja sede é lá.
Baco estava visitando o Hostel novamente, mas eu dei um pulo no Sir Winston Churchill Pub com uma nova amiga para jantar e uma cervejinha e depois morri acabada até a manhã seguinte.
Cedinho, fui ao Vieux-Port encontrar meu amigo Aroldo, que mesmo em plena mudança de casa, tirou o dia para me levar para um rolê. Ele trouxe vários amigos para vermos uma exposição de navios antigos e conversarmos sobre a vida em Montreal, depois visitamos a Vieux-Montreal, almoçamos na incrivelmente arrumada Chinatown da cidade, e terminamos o dia no lindinho Parc Jean-Drapeau, com direito à uma espiada no Casino.
Ainda fiz uma passagem relâmpago pela cidade olímpica, que é impressionante.
Um fim de semana inesquecível para mim. Só de contar já queria voltar!
O que fazer em um fim de semana em Quebec
Cheguei em Quebec numa manhã enregelante de sábado. Tive que vestir tudo que tinha na mala, fiquei com a calça molhada de chuva e só via cinza por todo lado. Confesso que talvez por isso, Quebec me pareceu uma cidade meio fria, no sentido figurado, embora sem dúvida seja lindíssima. Ainda assim, foi tudo muito legal.
Saindo da Gare du Palais, onde chegou o ônibus, fui até o Marche du Vieux Port. Mesmo trincando os dentes de frio, fiquei lá lambendo os beiços com as gostosuras à venda. Sério, comer em Quebec é muuuito comer na França, tudo divino maravilhoso!
Depois da odisséia de pegar o ônibus e chegar ao hostel, saí explorando os arredores do hostel e parei para conhecer a Citadele, que tem uma vista bem linda. Tem um tour guiado, mas eu honestamente dispensaria.
Terminei o dia na linda de morrer Catedral de Notre-Dame e nas ruelas mágicas da cidade antiga. À noite, comi no 1640, porque era o que estava aberto, mas é muuuito bom e terminei num drink rápido sem nenhum novo amigo no Pub St. Alexandre que só por ser quente e lindo já me deixou feliz. Tudo colado no hostel, uma mão na roda.
Quando deixei o Pub, tipo às 23hs, a cidade já era fantasma. As coisas fecham meio cedo, viu… Eu mal conseguia segurar a câmera sem tremer, mas a cidade vazia, toda com iluminação quente estava simplesmente divina e fiquei rodando e tirando fotos. Ficaram todas horríveis, porque estava mega escuro e eu não tinha levado tripé, mas vale a intenção e um quase congelamento dos dedos.
Na manhã seguinte, desci pelo furnicular, curti a cidade antiga tudo de novo, porque não canso mesmo de lugares fofos, e inventei um trajeto pelo Plaines d’Abraham. Sei lá, vi no mapa e fui indo por um caminho paralelo ao parque. Já tinha andado muuuito e não tinha uma única entrada para atravessar para a parte habitada do parque, tudo ficou ermo, não passava um carro, me perdi muito. Num surto do tipo “não pode escurecer enquanto estou aqui”, embora fossem umas 14hs, entrei pelo mato e dei de cara com um velhinho enviado por Deus que, enquanto esperava o cachorro fazer um cocozinho, me explicou calmamente que eu tinha viajado na maionese e que eu estava ao lado do prédio dele, onde realmente não tinha nada, mas que ele ia me mostrar o caminho e em 20 min eu estaria de volta à civilização. Nunca fiquei tão feliz em estudar francês na vida: o velhinho mal falava inglês. Tudo bem, só entendi metade do que ele falou, até porque ele andava mega devagar e tagarelou loucamente, mas pelo menos deu para entender as direções detalhadas que ele deu.
Um minutinho exausta dessa minha louca aventura, achei que eu merecia almoçar com classe. Entrei num restaurante maravilhoso (O Le Petit Chateau) e pedi um foundue só para mim. Recebi muitos olhares surpresos e eu mesma fiquei chocada com minha glutonice quando chegou o prato, mas já que veio um pé de brocólis, um saco de batata e um pão gigante para eu comer com um queijo dos deuses, limpei todos os pratos.
Com o corpo tendo que digerir tudo isso, fui fazer o tour pelo Chateau Frontenac que era rápido e quentinho. Eu não poderia dormir lá, mas o hotel é um sonho! E o tour é bem bacaninha. Terminei a tarde de gala com um chá muito estiloso no hotel.
Depois que me recuperei, fiquei andando pela Rue Saint-Jean, que tem muitas lojas, estúdios de arte, bares e restaurantes incríveis e voltei para Toronto.
Como vê, dá para fazer muita coisa!
PS: Niagara Falls
Ao contrário das outras cidades, para Niagara Falls acho que realmente vale fazer os tours das escolas/agências. No trajeto você para em uma cidade fofinha, experimenta ice wine, que eu achei bem bom (e o chá é uma delícia), visita as cataratas (por cima, por baixo ou de barco até a beira) e depois… bom, depois acabou.
A galera costuma ir ao outlet, mas eu preferi ver as cataratas por cima, por baixo e de barco. Fiquei toda molhada no frio e tive que esperar a galera voltar. Tem uns casinos (que não gosto, muito menos nessa imitação pobrinha de Las Vegas), então passei umas 3hs no Hard Rock fazendo amigos estranhíssimos.
Quando eu escrevi esse post, disse que não dormiria lá nem gastaria mais tempo na cidade, mas hoje em dia penso um pouco diferente e faria questão de conhecer melhor as vinícolas de Niágara!