Real Brazilian Food in São Paulo – Viaje para a Amazônia aqui mesmo
Alguns amigos me pedem dicas de bons restaurantes em São Paulo. As opções são muitas e eles não sabem por onde começar ou querem levar algum gringo para conhecer algo original. Só que às vezes o que considero um tesouro da cidade é encarado com sorrisos amarelos de decepção e guardanapinhos limpando os talheres discretamente. São mais raras as ocasiões em que o que desagrada é o preço, mas acontece também.
Bom, colaborando com estes e com todos os outros amigos que possam estar vagando sem rumo pela cidade, deixo aqui minhas dicas para sair do churrasco e da feijoada, mas manter a brasilidade meio indígena, meio amazônica, meio palavras insoletráveis na nossa querida selva de prédios:
1) Maní
Certo, eu sei, esse é famoso e está até naquela lista dos 50 melhores do mundo. Também sei que os bolsos desfalcados não vão me agradecer, mas sim, vale a pena. O Maní é meio chiquetoso, meio “comida contemporânea”, mas os achados são os toques da verdadeira floresta, que começam pelo nome, da deusa da mandioca (e eu também nunca tinha ouvido falar).
O ovo perfecto com espuma de pupunha é simplesmente perfeito (isso não é óbvio) e você nunca mais vai aceitar imitações. Tem maniocas, bochecha de boi e outras coisas loucas. Já o peixe no tucupí é para provar o verdadeiro gostinho do Brasil e se tiver frescuras, tem opções como o atum grelhado com quinua e chutney de amora.
Aguenta mais? Pode se esbaldar nas sobremesas como o “Da Lama ao Caos” que além de indescritível em termos culinários, também é em termos de apresentação, só pagando para ver.
Não sai por menos de R$ 150,00 por pessoa e o céu é o limite. Fica na Joaquim Antunes, 210 e é preciso fazer reserva com antecedência.
2) Amazônia
Quer mergulhar num mar de sensações? Vá num fim de semana ao Amazônia. Pequeno e super estiloso, serve somente aos sábados e domingos o Buffet dos Sete Clássicos: Pato no Tucupi, Peixada, Caranguejada, Maniçoba, Vatapá do Pará, Caruru e Pirarucu. Nem adianta se perguntar do que se trata. Simplesmente vá até lá e experimente tudo.
Foi lá que eu descobri que aqui também temos quizaca angolana! Ou quase. Só vou te dar essa dica, mas a maniçoba é a folha de mandioca cozida com carnes de porco e de boi no que é conhecido curiosamente como Feijoada Paraense. É meio feijoada mesmo: a aparência é horrível e o sabor é maravilhoso.
Duas coisas não estão inclusas no buffet: o tacacá e a sobremesa. Ambos imprescindíveis. Além de excelente e feito de só Deus sabe o quê, é no tacacá que se percebe melhor os efeitos amortecedores do jambu sobre a língua. Já a variedade de sabores de sorvetes nunca antes citados é de cair o queixo. O carimbó e o bacuri me conquistaram e dizem que o de açaí é totalmente diferente e único. Quer investir mais na experiência? Peça um suco de tapeberá. Azedinho doce.
Não é barato, esse serviço completo vai sair pelo menos R$ 100,00 por pessoa. Mas o preço é justo. Considere que um hamburguer está saindo pela metade do preço e nem um décimo da aventura. Além disso, os ingredientes vem mesmo do Pará, inclusive o sorvete. Vale. No resto da semana é a la carte. Fica na Rui Barbosa, 206. Isso mesmo, no meio do reino da cozinha italiana.
Bônus: Frutos do Brasil
Não teve coragem de encarar os restaurantes, mas ainda quer dar um cheirinho no Brasil? Vá à uma Frutos do Brasil.
Agora já está na moda, mas quem teve a coragem de fazer e bancar trazer esses sorvetes exóticos com sabores do cerrado (e agora do Brasil) foram eles. Admito que tenho essa coisa de lealdade muito forte e também não gosto dos preços abusivos e nem sempre condizentes com os produtos de certas regiões pomposas da cidade. E eles são ótimos mesmo.
Entre lá e experimente uns dois picolés de qualquer coisa bem esquisita como mamacadela, umbu ou mutamba. Esqueça o chocolate, mas se não conseguir arriscar, vai no de Lichia. É mil vezes melhor que as imitações.
E as sorveterias ficam em lugares tão queridos!: Rua Aimberê, 493 em Perdizes e Rua Áurea, 351 na Vila Mariana. Ah, e além de barato, é só chegar, escolher e levar.
Fotos: Todas as fotos deste post estão no google, porque tenho um pouco de preguiça de fotografar comida quando estou comendo. Não encontrei os autores, mas se for você, avise e colocamos os créditos completos.