Porto – Ribeira e Vila Nova de Gaia
Se tiver animado na sua andança pelo centro, desça pelas vielas em frente à Sé e estará na Praça do Infante, onde fica o lindo Palácio da Bolsa que abriga o fabuloso salão árabe inspirado na Alhambra espanhola. Nem sempre está aberto à visitação, mas tente de toda forma. Entradas à 7 euros até 17hs. Ali também fica a Igreja de São Francisco, linda por dentro, quase toda talhada em ouro vindo de você sabe onde.
Quer continuar andando? Desça mais um pouquinho e estará na beira do Douro. Se for para a direita vai seguir em direção à Ponte da Arrábida e passar pelo Museu dos Transportes e do Vinho do Porto, podendo subir para o local onde ficava o Palácio de Cristal e para o Museu Romântico. É uma caminhada bonita e pode render boas visitas, mas também pode ser feito de bondinho, pegando a Linha 1 Infante-Passeio Alegre na Praça do Infante e descendo lá na Foz ou antes, se quiser.
As outras linhas de bondinho que você pode pegar são a 18 Massarelos-Carmo que vai do Museu do Carro Elétrico até a reitoria da Universidade e a 22 Carmo-Batalha, uma das preferidas, pois passa pelo centro histórico e te faz realmente voltar no tempo, podendo ser pega na Praça dos Leões.
Se caminhar para a esquerda ao chegar ao rio estará na Ribeira, com os milhares de bares e restaurantes e a bela Ponte Luis I. Não é à toa que o lugar é Patrimônio da Humanidade, é o cartão postal da cidade e, se não é o lugar mais interessante, com certeza é o mais bonito. De verdade.
Ande devagar, olhe com cuidado, entre nas vielas, tudo na Ribeira é especial e deve ser visto de dia e de noite. Os bares e restaurantes são beeem turísticos. Mais interessante é atravessar a ponte andando para Vila Nova de Gaia (que tecnicamente é outra cidade) e seguir a pé pela outra margem do rio. Dali se tem uma vista incrível do Porto e é onde estão alguns restaurantes delicisos como o Bacalhoeiro no nº 74, onde apesar de não curtir bacalhau fui almoçar sozinha de tão bom quer era o cheiro que vinha de lá, o gostoso e super estiloso Rabellos (suba), no nº 68 e o vizinho Beira Rio, mais barato e com ótima comida e uma sangria como se deve para passar a tarde leve.
Estando ali em Gaia você deve visitar as caves de vinho do Porto. Não sei, mas tenho a impressão de que você deve tirar um dia só para visitar as caves e outro para o passeio contemplativo. Primeiro porque são várias caves e você pode visitar quantas quiser. Segundo porque assim não há correria e você pode aproveitar o que as caves têm de melhor. E o melhor me parece que está em 2 caves mais distantes, a Taylors na Rua do Choupelo e a Grahams na Rua Rei Ramiro. A primeira é uma das poucas, senão a única, que pertence à mesma família desde que nasceu em 1692!!!! Fica num lugar lindo e serve uma ótima degustação gratuita.
Você sabia que o vinho do Porto não é produzido bem no Porto e sim em diferentes regiões do Douro? Ele é apenas armazenado e exportado no Porto, partindo dos barquinhos chamados rabelos. E sabia que os produtores do vinho do Porto são, na verdade, ingleses? Bom, pelo menos os primeiros. Mas até hoje eles são um dos principais apreciadores. E sabia que o vinho do Porto tem alto teor alcoólico? Sim, porque leva aguardente e também é por isso que talvez seja melhor deixar um dia só para suas visitas…
O vinho do Porto foi um dos primeiros a ter uma zona de produção demarcada e tem diversas categorias que você vai conhecer melhor na visita, mas que para ajudar na sua compra, caso só te reste isso, tem uma escala de qualidade mais ou menos assim: ruby, tawny, late bottled vintage, vintage e crusted, sem falar no muitas vezes desconhecido, mas igualmente fabuloso, vinho do Porto branco. Normalmente a degustação de vinhos mais velhos ou de categorias superiores são cobrados à parte, mas pode ser uma boa chance de conhecer caso você não esteja disposto a gastar de 3 a 4 dígitos por uma garrafa. Além do mais, uma garrafa de vinho do Porto vintage ou crusted deve ser terminada assim que aberta, não dá para ficar só degustando com conta gotas como a gente gosta de fazer com coisas boas e caras, pense bem!
Se você estiver mais disposto a investir em hospedagem, ali pertinho da Taylors está o Yeatman, um hotel ma-ra-vi-lho-so, com uma das vistas mais bonitas da Ribeira e do Porto com piscina sem fim e tudo o que se espera de um lugar encantador. Se não tiver, pode aproveitar que foi até ali em cima para dar uma olhada nesta vista e tomar um drink no ótimo bar do hotel.
Já a Grahams tem também muita história, uma lojinha um pouco melhor que a da Taylors e convênios com vários estabelecimentos que dão direito à uma degustação mais caprichada. É o caso do Hotel Premium, que nos garantiu uma degustação excelente e super festiva com a participação de diversos atlânticos!!! Mais uma vez agradeço ao David pela carona e paciência…
Outras caves boas para a visita são a Offley, ali do lado da Taylors, a Croft, no Largo Joaquim Magalhães, a Sandeman (não tem como não encontrar com seu bonecão imenso) e a Ferreira, na Ramos Pereira. A Ferreira, mais conhecida como Casa Ferreirinha, é a única portuguesa desde o nascimento e cujas propriedades são a origem da zona de demarcação. Teve uma forte influência feminina, da Dona Antônia ou Dona Ferreirinha, que levou à que o vinho da casa Ferreira fosse apelidado de Ferreirinha, como é conhecido até hoje. Mais tradicional impossível.
Se você não visitar as caves ou se não estiver bêbado, pode pegar o teleférico por 5 euros só ida ou 8 ida e volta (a compra do bilhete dá direito à visitar uma cave, a simpática Quevedo que serve também uns amendoins para rebater) e conhecer o alto de Gaia e o Mosteiro da Serra do Pilar, tudo com muita, muita vista linda, inclusive para um pôr-do-sol.
Procure ter tempo de fazer pelo menos umas 3 visitas pela Ribeira de forma que dê tempo de visitar as caves, de entrar em uns becos, comer um belo peixe e ainda simplesmente fazer como muitos locais nos dias bonitos e ficar ali pelas margens namorando, lendo um livro, pensando na vida.
Depois volte por cima da ponte e estará em direção ao centro novamente, próximo à saída do funicular.
Se preferir, pode voltar por baixo da ponte e pegar o funicular de novo para o mesmo ponto mas considero as caminhadas pela ponte muito mais agradáveis, sem falar na possibilidade de recomeçar a explorar o centro, do qual falarei mais no próximo post.
Mais do Porto:
Porto uma cidade encantadora e uma visita obrigatória! A diversidade de oferta cultural, artística, patrimonial, acompanhada de uma prova de vinhos do Porto! Uma das cidades recomendadas pelo NY Times. EPRESSINHA um ótimo companheiro de viagem! Divirtam-se!