A Universidade Católica, onde estiudei, fica na belíssima região da Foz. Sim, a Foz do Douro, aquele rio que faz com que a região seja propícia para a plantação de uvas que se transformam em deliciosos vinhos que você deve beber todos os dias, preferencialmente em todas as refeições.
Descobri que estávamos a apenas 2 quarteirões da praia (a foz mesmo fica bem à esquerda antes de começar o mar), numa área linda, super tranquila, residencial, mas cheia de restaurantes bonitos e gostosos, um belo calçadão para caminhar junto ao mar com direito à pérgola para umas fotos e lojinhas simpáticas.
Toda a região merece um passeio tranquilo, pela praia, mas também pelo bairro de ruas estreitas, casas bem cuidadas, farmácias antigas, gatinhos nas janelas.
Uma das coisas mais importantes que se deve fazer, na Foz e em todo o Porto, é comer. Cheia de pratos típicos como a francesinha, as tripas à moda do Porto e a farinheira, uma versão da alheira com carnes menos nobers, farinha, pimentão e sabe-se lá que outra gostosura, além de comer, aprende-se história.
As tripas à moda do Porto, por exemplo, parece ter sido fruto do período dos descobrimentos quando os navios partiam com todas as carnes e deixavam para trás somente as tripas… Já a alheira surgiu porque os judeus, que não comiam carne de porco e precisavam enganar a Inquisição, fizeram uma imitação de linguiça, ou um enchido como é chamada em Portugal, só com carne de aves. Pois é, parece mas não é! Dizem que hoje em dia tem alheira com carne de porco, com pão, sem ave, de bacalhau. Só sei que deve ser provada antes de partir para você não se arrepender se não encontrar mais, pois não é tão comum em outras cidades como é no Porto.
A melhor alheira que comi em Portugal, e garanto que foram muitas, fica logo ali na confeitaria Rainha da Foz , que fica na Rua do Diu, 299, servida por garçons simpaticíssimos e por um precinho de fazer chorar de felicidade – por menos de 10 euros você sai de lá super satisfeito! Além de ser meio apimentadinha, a alheira da Rainha da Foz é feita no forno, o que dá um aroma ainda mais gostoso.
O restaurante TAVI na Rua da Senhora da Luz, 363, tem uma esplanada com vista para o mar deliciosa e a comida, mais sofisticada, é muito boa. Experimente a salada de Camembert. Ali por perto também fica o Varanda da Barra na Rua de Paula da Gama, 470, um dos poucos lugares onde se come uma boa massa, dê preferência das que se misturam com o mar.
Para achar o Praia da Luz, na Avenida Brasil um pouco à direita à Rua do Diu, você precisa entrar pela moita, mas vai se deparar com um ótimo restaurante pé na areia, de bom preço, com área fechada por vidros para os dias de vento ou frio e uma área já ali na praia mesmo para comer ou apenas tomar um drink e aproveitar o sol. Adoro. Por fim, ali também fica o Shis , um restaurante ma-ra-vi-lho-so, à beira da praia do Ourigo, chiquérrimo, um pouco mais caro, é verdade, mas que vale cada centavo, em especial se comparado ao Brasil. Fui em várias pessoas, cada uma pediu um prato diferente e todos estavam bons. Recomendo muito pedir o Pecado do Convento, uma espécie de pijama de sobremesa que nada mais é que o famoso experimenta um pouco de tudo, com um pedacinho de cada coisa. O restaurante é bom para quem gosta de comer muito bem e também para quem quer um lugar bem romântico para um jantar à dois. Só convém fazer reserva (351 22 6189593), pois está sempre lotado!
É, ainda tem os doces e o queijo da serra da estrela com geléia, ai ai ai, guarda espaço para sobremesa e, se der, compra mais no mercado com um bom vinho para ser feliz no quarto!
Na Foz também ficam algumas danceterias como a Industria Club e a Twins, que não visitei, mas ambas super recomendadas para quem gosta de um estilo mais eletrônico..
Uma opção para um passeio por ali, excelente para um domingo, é: começar pela foz e seguir no sentido contrário ao da Ribeira, pela praia, passando pelo Jardim do Passeio Alegre, entrando por ali e caminhando pelo bairro, depois continuar pelo passeio da praia até o Forte de São Francisco Xavier . Dá para almoçar por ali, fazer umas compras, curtir muita gente saudável que aproveita o calçadão para praticar esportes, tomar um fino (que é uma cervejinha) na beira da praia ou apenas ver o sempre lindo pôr-do-sol dali. Sim, o sol morre sempre ali, bem no mar, todo dia, e para você ver basta estar bom tempo, o que parece não ser muito comum no inverno, embora eu tenha pego 90% de tempo aberto nos 3 meses em que estive lá. Além de dias lindos, em Portugal não faz tanto frio no inverno e você vê muita gente do norte da europa feliz da vida por lá como se fosse verão, entrando até no mar!
Se estiver no pique para a caminhada, continue andando e vá chegando em Matosinhos. Logo após o Forte fica o Parque da Cidade, um lugar lindo, não tão grande, mas perfeito para um desncanso, um piquenique, um namorinho. Se preferir, pode continuar andando e chegar à praia de Matosinhos.
O inverso também é um bom passeio, começando pelo Parque da Cidade e caminhando em direção à Foz ou apenas até o Jardim do Passeio Alegre, entrando pelo bairro.
Ali perto também fica o Museu de Serralves, lindo, com belo jardim, um bom restaurante e de visitação fácil, que pode ser combinada com qualquer roteiro, mas que requer uma carona de ônibus (o 201, 203, 207, 502 e 504 ou o de turismo) ou táxi e de onde também pode começar o seu passeio.
O Serralves, além de ser obra do famoso arquiteto Álvaro Siza Vieira, tem sempre exposições interessantes e um jardim super bem cuidado e agradável que só fecha às segundas e fica aberto nos demais dias das 10hs às 19hs. A entrada para o museu é 7 euros e para o parque 3 euros. Atenção! No domingo o museu e o jardim tem entrada livre entre 10hs e 13hs e apesar de mais movimentado, não fica insuportável, sendo uma ex-ce-len-te ocasião para ser visitado. Ainda conta com uma ótima lojinha!
Para Matosinhos você pode ir de metrô, descendo na estação Matosinhos Sul, de onde você já avista a Confeitaria Maurícia na Rua Brito Capelo, 907, parada obrigatória. Além de ter concorridíssimos croissants, que no Porto geralmente são levemente doces – é bom saber – o pão-de-ló, uma iguaria portuguesa que você tem que provar cortando com a mão e molhando num bom vinho do Porto fica todo ali exposto, fazendo sua boca salivar…
Superado o fim da dieta, vá andando até a praia. Não é das mais bonitas, devo dizer, e logo á direita fica o Porto de Leixões, cheio de navios que contribuem um pouco para retirar o ar bucólico que toda praia devia ter, mas é muito agitada. Matosinhos é uma ótima região para viver e técnicamente não é Porto, mas é assim como um bairro mesmo, onde moram muito bem várias pessoas que aproveitam a praia para praticar todo tipo de esporte, tomar sol, beber uma cerveja.
É ali também que ficam o polêmico prédio transparente e a esquisita escultura “She changes” , uma rede ou uma anêmona gigante com altura de um prédio de 7 andares (???).. O prédio, todo transparente, fica à beira da praia e esteve por anos meio abandonado. Hoje tem várias lojas e restaurantes e movimentadíssimos bares no térreo onde ficam surfistas, skatistas e todos que querem paquerar, relaxar e tomar um fininho. É gostoso, mas tem que estar no clima para barulho, confusão e…adolescentes, o que na verdade resume tudo que eu disse antes.
Matosinhos também é uma ótima região para provar o melhor do mar. Sim, em matéria de comida. Entre as ruas Herois de França, Serpa Pinto e Roberto Ivens ficam dezenas de restaurantes que servem sardinhas, lulas, bacalhaus, mariscos, polvos, caramujos e tudo o mais do bom e do melhor. É só escolher. (Obrigada Ana Paula, pelo tour que conduziu por ali!) Mas atenção: no Porto jantar fora é um dos programas preferidos em família e entre grupos enooormes de amigos. Nos finais de semana é tudo lo-ta-do e pode ser bom chegar cedo.
Bom, como disse, depois da Foz o Porto mudou para mim. No fim de semana seguinte resolvi explorar um pouco mais do centro, o que fica para o próximo post!
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