O Circuito Pequena África RJ é formado por um trecho do centro do Rio de Janeiro que está intrinsecamente ligado à história dos povos negros na cidade. Conhecê-lo é resgatar a memória de importantes marcos dessa história, como o sítio arqueológico Cais do Valongo, bem como a de personagens que marcaram a cultura brasileira, como a dançarina Mercedes Batista e sambistas que passaram pela lendária Pedra do Sal.
A Pequena África se transformou num novo atrativo turístico carioca, num trajeto cultural e ancestral que vale a pena conhecer para lembrarmos quem somos e quais são nossas raízes. Fica por aqui que vou contar um pouco como é visitar esse circuito e como fazer um tour guiado que vai enriquecer ainda mais sua experiência.
Onde fica a Pequena África RJ e a origem do nome
Como mencionei, a região conhecida como Pequena África fica no centro do Rio de Janeiro, bem próxima da zona portuária e do Boulevard Olímpico. Ela abrange uma área que vai da Praça Mauá até mais ou menos o bairro Santo Cristo, passando pela Gamboa e pelo Morro da Conceição.
Essa área ficou conhecida dessa forma porque foi uma região que acolheu muitos ex escravos alforriados e aquilombados na virada do século XIX para XX, que formaram por ali uma comunidade fortemente centrada na cultura africana. Quem batizou a Pequena África foi o músico e pintor Heitor dos Prazeres (um dos fundadores da Mangueira e compositor de vários sambas).
Com o tempo essa região da cidade foi sofrendo mudanças e com elas foram sendo apagados marcos do período escravagista e a própria história dos negros que ali viveram.
Apesar de haver tentativas de resgate e manutenção dessas memórias, foi durante as obras para revitalização da área para o estabelecimento do Boulevard Olímpico que o movimento ganhou força. Na época foram localizados os escombros do Cais do Valongo e os historiadores insistiram que fosse preservado este sítio arqueológico.
Com isso, além de trazer à tona a história desse cais que recebeu centenas de navios negreiros, voltaram-se os olhos para a história da região e das pessoas que ali viveram e foi criado o Circuito Histórico e Arqueológico de Celebração da Herança Africana, oficialmente promovido pelo Poder Público.
Com o movimento trazido pela revitalização da Praça Mauá e da Zona Portuária, cresceu também a oferta de tours pela Pequena África e de pessoas interessadas em conhecer melhor a história do Rio de Janeiro, o que é maravilhoso!
Tour Guiado pela Pequena África Rio de Janeiro
Abaixo vou falar um pouco sobre os principais pontos do circuito Pequena África RJ, mas eu te garanto que a riqueza de informações e detalhes será imensa num tour guiado.
Existem alguns guias e agências que fazem esse tour, como por exemplo a Sou Mais Carioca, com quem fiz o tour pelo Cosme Velho e amei. Minhas datas não bateram com as datas deles, mas ouvi dizer que a guia Luana é incrível e muito engajada.
Fiz o tour com o pessoal da Rio By Foot que chama “Free Tour da Herança Africana e Samba da Pedra do Sal” e foi bem legal.
O tour começa às 16h30 e termina às 18h no samba da Pedra do Sal nas segundas-feiras, mas sugiro confirmar antes se o tour será em português, porque na segunda em geral os tours são em inglês ou espanhol.
No dia em que fui havia um grupo grande em espanhol e eu até seguiria com eles, mas como tinha eu e mais um casal de uma brasileira e um irlandês que falava português, os espanhóis foram com um guia em espanhol e eu e o casal fomos em português com outra guia, a simpaticíssima Gabi.
Caso você se comunique em espanhol ou inglês será tranquilo, o tour é o mesmo. Mas sendo sincera, acho que algumas das referências culturais e históricas são muito nossas e fica mais fácil desenvolver a conversa entre brasileiros.
A Gabi foi bem além da versão protocolar da história e mostrou que sabe muito do Rio. Foi uma tarde maravilhosa e ainda terminamos a noite lá no samba.
É um free tour, mas isso não significa que você não deva recompensar o trabalho da(o) guia, ta? A contribuição é voluntária, você paga ao guia no final quanto achar justo, mas sugiro considerar um valor mínimo em torno de 50 reais. É só reservar clicando aqui.
Circuito Pequena África Rio de Janeiro
A partir daqui vou falar do circuito Pequena África que é mais turístico visita uma pequena porção desta área maior que citei no começo do post, concentrando-se mais entre a Praça Mauá e o Cais do Valongo.
Vou mencionar os principais pontos do trajeto e explicar um pouco sobre cada um porque é possível fazer o circuito Pequena África sozinho, embora, mas como falei, vale muito a pena ir com um guia porque a riqueza de informações é enorme e você verá tudo com outros olhos.
Praça Mauá – Um bom começo para o Circuito Pequena África
A maioria dos tours pela Pequena África RJ tem início ali na Praça Mauá, onde ficam os maravilhosos Museu do Amanhã e Museu de Arte do Rio.
Apesar de não terem uma relação próxima com a história da Pequena África, os museus exemplificam bem a transformação da cidade sobre a qual seremos levados a pensar durante o circuito. Além disso, a Praça Mauá é de fácil acesso (de metrô é só descer na estação Uruguaiana e caminhar um pouco e de VLT é só descer na parada Museus, bem na praça), quanto por ser bem movimentada e segura.
O tour pelo circuito Pequena África normalmente leva entre 1h30 e 2hs, então sobra bastante tempo no dia para conhecer os museus também, caso você queira. Ambos valem muito a pena e ali perto também há o mural do Kobra e o Aquário do Rio. Todo esse trajeto pode ser feito à pé.
Largo de São Francisco da Prainha – Arquitetura e Simbologia Cultural da Pequena África
Ao sair da Praça Mauá, a primeira parada do Circuito Pequena África é no Largo de São Francisco da Prainha.
O nome da praça pode ser meio curioso já que ali não tem prainha e nem igreja, mas a gente tem que lembrar que o Rio de Janeiro mudou muito ao longo dos anos e que a região portuária foi aterrada para que a cidade pudesse crescer, ou seja, um dia o Largo teve mesmo prainha.
Além disso, a Igreja de São Francisco está logo acima (a subida é pelo lado do restaurante Recanto dos Sabores na Sacadura Cabral) e você vai passar por ela durante o circuito.
Esta parada no Largo da Prainha leva à observação da arquitetura típica dos séculos passados, com as casas que ao longo dos anos foram mercados de escravos, comércios e depois cortiços. Hoje são em sua maioria bares e restaurantes que ficam muito animados à noite.
Fica ali no meio do Largo a estátua de Mercedes Baptista, uma mulher sensacional que muitos desconhecem. E é ali na beira da estátua que a magnitude da contribuição cultural dos negros para o Brasil e que tem tudo a ver com a Pequena África começa a ganhar dimensão.
Mercedes foi a primeira bailarina negra a compor o corpo de baile do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. O feito aconteceu em 1948 e Mercedes ficou bem conhecida, mas ainda sofreu muito preconceito.
Por isso, ela se dedicou bastante à quebrar barreiras no balé, buscando referências negras e estudando danças folclóricas e tradicionais de matriz africana. Em 1950 Mercedes conheceu e encantou Katherine Durhan, uma referência da dança negra norte-americana, e foi escolhida para atuar no grupo desta lá nos EUA.
Mercedes voltou inspirada e fundou o próprio grupo de dança chamado “Grupo Folclórico Mercedes Batista”, que se baseava em danças africanas e nos ritmos do candomblé. O sucesso foi enorme, inclusive no exterior.
Mas se pensa que acabou, ainda não! Ela também foi precursora em fazer alas coreografadas para os desfiles de carnaval. Com uma coreografia para a comissão de frente do enredo da Salgueiro chamado “Chica da Silva” de 1963, Mercedes revolucionou a forma de apresentação do carnaval carioca e o resultado é esse ai que vemos até hoje: um mar de criatividade que se renova a cada ano!
Uma reverência para a estátua dessa mulher é o mínimo que a gente deve fazer ao passar por ali!
Pedra do Sal no Rio de Janeiro – A Pedra Fundamental do Samba!
A poucos passos do Largo de São Francisco da Prainha, no Largo do João da Baiana, fica a famosíssima Pedra do Sal.
O entorno da Pedra do Sal no Rio de Janeiro foi ocupado a partir de 1800 por um grupo de baianos e outros negros atraídos pelos preços de moradia e oportunidades de trabalho no porto. É reconhecido como um dos mais antigos bairros negros continuamente habitados no Brasil, com fortíssima identidade cultural.
Há anos a região da Pedra do Sal vinha sendo reivindicada como um espaço quilombola, sendo declarada Patrimônio Cultural em 1984. Em 2005 a Fundação Palmares certificou a existência do território do Quilombo Pedra do Sal, um quilombo urbano.
Mulheres conhecidas como “tias Baianas” se instalaram em casas próximas à Pedra do Sal e costumavam acolher negros libertos e fugidos, além de servirem refeições para trabalhadores do porto. Essas casas ficaram conhecidas como “Casas de Zungu” e também serviam como terreiros religiosos.
Numa dessas casas viveu Tia Ciata, uma das “tias” mais conhecidas e respeitadas, conhecida por sua habilidade como curandeira. Como agradecimento por uma ajuda medicinal a certo político, o marido da tia Ciata reecebeu um cargo na Polícia e ele utilizava sua posição para ajudar a proteger as rodas de samba e atividades culturais que aconteciam na Pedra do Sal e que sofriam perseguição policial. Já ouviu falar de “Pelo Telefone”? Pois então, a música tem tudo a ver com essa história!
A Pedra do Sal no Rio de Janeiro é considerada o berço do samba, hoje o estilo musical reconhecido como símbolo do Brasil!
Toda a comunidade está relacionada ao samba e foi ali que nasceu o primeiro barracão de carnaval. Nomes famosos são da região ou ali viveram, tais como: Donga (de Pelo Telefone, o primeiro samba gravado no Brasil), João da Baiana (de Batuque na Cozinha), Heitor dos Prazeres e Pixinguinha, só para citar alguns.
Bem, a tradição do samba continua firme e forte. Toda segunda tem roda de samba na Pedra do Sal, que continua de braços abertos. Não há qualquer cobrança para ouvir, basta se chegar e cantar junto. Duvido que não se emocione!
Não se iluda achando que por ser segunda-feita o samba na Pedra do Sal é xoxo. Não é. É animadíssimo e fica completamente lotado, do Largo da Pedra ao Largo da Prainha.
Nos arredores, muitas barracas vendendo bebidas e comidas, que vão de caldos à empanada do argentino (bem boa por sinal, fica na Rua São Francisco da Prainha quase na Pedra). É quase um carnaval. Inclusive os perrengues, já que banheiros só nos bares do Largo da Prainha (pagos, mas te dão uma pulseirinha que é válida para a noite toda).
Os bares do Largo de São Francisco da Prainha, aliás, se aproveitam do movimento da Pedra do Sal e também tem muita música e agito, mas ficam menos muvucados. Pode ser mais gostoso ficar por ali depois de conhecer e ficar um pouco na roda da Pedra.
Às vezes acontece roda de samba em outros dias também, mas o que mantém a tradição de gerações é o de segunda mesmo e começa lá pelas 18h.
Obviamente, estando num lugar lotado, convém ter atenção aos seus pertences, mas em geral o clima na Pedra do Sal é super tranquilo, pode ir sem medo.
Alguns tours do circuito Pequena África RJ começam por volta das 16h30 e terminam 18h lá no samba para a galera curtir a noite no samba da Pedra do Sal, como contei acima. Porém, nas segundas os museus da Praça Mauá não abrem, então não dá para visitá-los no mesmo dia.
Por outro lado, pode ser bacana chegar mais cedo para almoçar por ali, o que também é uma boa pedida para terminar o tour para quem visita a Pequena África RJ pela manhã.
No Largo da Prainha há o Angu do Gomes, um restaurante que apostou acertadamente na comida que era servida pelas tias baianas, o angu. Sou suspeita porque AMO angu e eles tem também vários petiscos. Abre todos os dias de 11h às 22h.
Já na Rua Ciata, logo acima da Pedra do Sal, fica o lindo e ótimo restaurante e centro de cultura africana Casa Omolokun, com muita baianidade. Mas atenção, o Casa Omolokun só abre de sexta à domingo das 13h às 20h.
Veja também uma lista com 30 pontos turísticos no rio de janeiro!
Sítio Arqueológico Cais do Valongo
Seguindo a Rua Sacadura Cabral para a Barão de Tefé você vai chegar ao Sítio Arqueológico Cais do Valongo, aquele que contei que foi redescoberto em 2012 durante as obras para as Olimpíadas e que fizeram surgir o circuito Pequena África RJ. Essa descoberta incluiu ainda a pedra inicial do Armazém das Docas Dom Pedro II e uma cápsula do tempo com um jornal de 1871, data em que houve o aterramento.
O Cais do Valongo foi um dos mais importantes atracadouros de navios negreiros do Brasil e estima-se que mais de um milhão de negros escravizados desembarcaram ali e foram comercializados nos mercados dos arredores.
Esses desembarques costumavam acontecer na Praça XV, no centro do Rio, mas esse cais também era usado pela elite carioca. Como esta preferia não ver a escravidão, tanto o desembarque quanto todo o comércio de negros escravizados foi transferido para a região do Valongo, que na época era o limite da cidade.
Depois, quando a escravidão começa a ser mais questionada, o fluxo do Cais do Valongo diminui, e a monarquia tenta apagar o passado sinistro do cais.
Em 1843, D. Pedro II resolve fazer uma enorme obra para que o Cais do Valongo receba sua esposa e o rebatiza para “Cais da Imperatriz”. O cais ficou com ares europeus, com estátuas representando deuses gregos – hoje transferidas para os “Jardins Suspensos do Valongo” do qual falo abaixo.
Posteriormente o cais foi aterrado, como boa parte dessa região central do Rio, e somente uma coluna com uma esfera na ponta continuou sinalizando o ponto onde era o cais e está lá até hoje.
O local preservado como Sítio Arqueológico Cais do Valongo é do tamanho de uma praça e dali é possível ver os vestígios do Cais do Valongo mais abaixo e os do Cais da Imperatriz mais acima, mas a parada ali vale mesmo pelo valor histórico e por isso, mais uma vez, sugiro fortemente que você faça o circuito Pequena África com um guia para se situar melhor e conseguir imaginar o Rio de Janeiro antigo.
Mas a simples visita ao Cais do Valongo é um experimento social. Numa zona super movimentada e ao lado de uma parada de ônibus, fica visível o quanto as pessoas não fazem ideia do que seja aquilo – mesmo tendo uma placa explicativa. Várias passantes param para ouvir ou aproveitam para perguntar aos guias o que é o Cais do Valongo. E ele está exatamente atrás do Mural Etnias do Kobra, visitando por milhares de pessoas que nem tomam conhecimento do tanto de história que está a poucos passos dali.
Desconhecimento fruto de apagamento histórico e falha no sistema educacional que espero que um dia mudem.
Do outro lado do Cais do Valongo um lindo prédio de tijolinhos se destaca. O prédio é atualmente o Galpão da Cidadania, mas foi projetado por André e Antônio Rebouças para ser os Armazéns da Doca Pedro II.
Os irmãos Rebouças eram engenheiros e intelectuais negros muito ativos na luta abolicionista, na educação e na inclusão do povo negro na sociedade. André não permitiu o uso de nenhuma mão de obra escravizada na construção deste prédio nem das obras das Docas da Alfândega e do sistema de abastecimento de água, projetos seus entre entre 1870 e 1890.
Por fim, apesar de não ter relação com os aspectos afro disapóricos do circuito Pequena África, aproveite que está ali e observe o prédio do histórico Hotel Barão de Tefé, que recebia políticos e artistas no auge do Império. Está bem decadente, mas ainda ativo e é lindíssimo. Espero que um dia seja revitalizado. Merece.
Jardim Suspenso do Valongo
Nas proximidades do Cais do Valongo, seguindo pela Barão de Tefé e pela Rua Carmerino fica o Jardim Suspenso do Valongo, um lugar bonito e esquisito ao mesmo tempo.
Após o desembarque dos negros escravizados que sobreviviam à travessia oceânica no Cais do Valongo, muitos deles eram encaminhados para as absurdas Casas de Engorda, que ficavam na região que hoje é a Praça dos Estivadores, em frente ao jardim.
Novamente, quando a escravidão começou a pegar mal e incomodar quando vista, D. Pedro resolveu remodelar mais essa região. Houve o alargamento da Rua Carmerino e a construção do Jardim Suspenso do Valongo, para onde foram transferidas as estátuas do Cais do Valongo / da Imperatriz após o aterramento.
O jardim fica na encosta do Morro da Conceição, um dos primeiros a serem ocupados no Rio de Janeiro e que atualmente é um bairro meio hypado, com ares de interior, alguns barzinhos descolados e muita arte nas ruas.
Você pode chegar no Jardim Suspenso do Valongo por baixo e ai subir a enorme escadaria, ou pode subir pela Ladeira Pedro Antônio e vê-lo por cima até chegar no Mirante do Valongo, cuja vista dá uma ideia do que os primeiros cariocas viram no Rio de Janeiro, afinal, foi o único morro do centro que não foi alterado para ocupação da cidade (A lua que se vê no alto do Morro da Providência, bem na frente do Mirante é o projeto Casa Amarela Providência, um centro de arte, educação e apoio social).
Indo por baixo você pode ver o Centro Cultural Pequena África, se estiver aberto, pois fechou temporariamente e não se sabe quando reabre, e a Associação Cultural Afoxé Filhos de Gandhi, aberta de segunda a sexta das 9h às 18h e com ensaios em outros horários ocasionalmente.
O jardim é bonito, mas parece deslocado do entorno, em parte por ser um pouco diferente das construções ao redor, em parte por ser mais uma tentativa de apagamento da história negra. Não adianta querer embelezar os espaços onde antes houve tanto sofrimento e fingir que ficou tudo bem, né?
Morro da Conceição – Rio de Janeiro
A partir do Mirante do Valongo, da Pedra do Sal pela rua Tia Ciata ou, se preferir, a partir da Igreja de São Francisco da Prainha, você pode circular um pouco pelo Morro da Conceição.
São vários becos com casas bonitinhas e arte nas paredes, alguns bares e restaurantes e mais à frente, a Igreja de Nossa Senhora da Conceição. Lembra Santa Tereza, mas numa versão mais sossegada. Pelo menos por enquanto.
O Morro da Conceição é bem simpático e tem muitos lugares fotogênicos, mas não esqueça que é um bairro residencial e com muitas crianças, então seja cuidadoso para não ser invasivo ou incomodar. Ainda assim, circule e descubra seus segredos.
Experimente as delícias da Casa Olomukun, da Bodega Paquetá, dos Quitutes da Luz ou tome uma cervejinha num barzinho com vista.
IPN – Cemitério dos Pretos Novos e Centro Cultural José Bonifácio
Por fim, se der, visite o IPN também.
Em 1996 um casal descobriu vestígios de um antigo cemitério ao reformar sua casa. Ao investigar, souberam que se tratava do Cemitério dos Pretos Novos, área utilizada para o enterro dos negros escravizados que morriam na viagem ou logo após o desembarque no Cais do Valongo, e que funcionou entre 1760 e 1830.
Ali foram encontrados vestígios de uma quantidade de ossos totalmente desproporcional ao tamanho do terreno, muitos deles espalhados e amontoados, demonstrando a crueldade e descaso com a qual foram tratados os corpos negros.
O local foi transformado em sítio arqueológico e num Museu Memorial chamado Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos, o IPN, com exposições permanentes e temporárias que buscam manter gravadas na história a realidade sobre a escravidão no Brasil.
O espaço fica um pouco mais afastado, na Rua Pedro Ernesto, 32, na Gamboa. Como fica a uma caminhada de uns 10 minutos a partir do Cais do Valongo e um pouco afastado dos demais pontos, não costuma estar incluído nos tours pela Pequena África, mas vale a pena o esforço para conhecer. A caminhada não é longa, mas siga de VLT ou de carro/uber, pois acredito que a caminhada não é tão segura. A visitação precisa ser agendada previamente aqui.
A poucos metros do IPN na mesma Rua Pedro Ernesto, 80, fica o Centro Cultural José Bonifácio, instalado num antigo palacete restaurado que abrigou no século XIX a primeira escola municipal do Rio.
O espaço é um centro de referência de afro cultura, com uma imensa biblioteca dedicada ao tema, exposições e oficinais, tudo gratuito. Abre de terça a sábado de 10h às 18h.
Bom, você já tem bastante informação para fazer o circuito Pequena África RJ com ou sem guia, aproveite, aprenda mais sobre a história negra e ajude a espalhar esse lado do Rio de Janeiro que todos precisamos conhecer!
E quem quiser mergulhar mais fundo nesse tema, deixo aqui a indicação de alguns livros que podem inspirar ainda mais seu passeio e sua visão do mundo: Tia Ciata e a Pequena África no Rio de Janeiro, Uma História do Samba, O Crime do Cais do Valongo, Valongo: o mercado de almas da praça carioca, Passeios Roteiro da Herança Africana no Rio de Janeiro e Sabores Cariocas – A Combinação Deliciosa de um Guia Turístico e um Livro de Receitas. É só clicar abaixo para dar uma olhada!
Curtiu esse post? Então compartilhe!