Nazaré (e Alcobaça)
Não sei se é possível não dizer isso de alguma cidade portuguesa, mas Nazaré é beeem típica e merece um pouquinho da sua atenção.
Ela fica a pouco mais de 1h de Lisboa e a 2hs do Porto. De trem você deverá desembarcar na estação Valado dos Frades, que fica a 6km da cidade e de lá deverá pegar um ônibus ou táxi. Pode pegar o trem nas estações Rossio, em Lisboa, ou Campanhã, no Porto. Já de ônibus é moleza, a estação fica no centro da vila e você pega em Sete Bicas, no metrô Jardim Zoológico em Lisboa ou na Praça da Batalha, no metrô São Bento, no Porto.
Agora o bom mesmo é pegar um carro e seguir via A1 ou A15 até a A8 e caminhar sem horário e podendo estender suas visitas. A minha, por exemplo, aconteceu porque estava eu em Óbidos e depois de 2hs de subidas e descidas, já tinha visitado tudo. Minha amiga Ana, sempre animada, sugeriu que já fôssemos seguindo viagem para o Porto e parássemos em Nazaré, no caminho.
Então fica esta sugestão. De Óbidos a Nazaré são cerca de 20kms. Depois de Nazaré até Alcobaça, 10km e até Batalha, 20 kms, ambas cidades onde ficam Mosteiros belíssimos. Um pulo eu diria. Tudo pode ser visto tranquilamente em um dia.
Bom, até aquele momento, eu nunca tinha ouvido falar de Nazaré, ou se tinha, não sabia o que havia lá. É uma típica vila de pescadores, que hoje está mais para balneário, mas que guarda com estilo suas tradições.
Ao chegar na entrada da cidade os olhinhos já brilham. Você estará lá em cima e verá a vila toda branquinha descendo em direção à uma linda praia do jeito que eu gosto: mar azulzinho com faixa larga de areia fofa!
A cidade é toda bonitinha e a praia, como disse, linda. Acredito que deve ficar muvucadíssima, mas apesar do sol, o dia estava frio e as areias estavam vazias. Já não se pode dizer o mesmo das ruas, cheias de gente, de cor, de agito.
Como chegamos bem na hora do almoço, a cidade deu a falsa impressão de ser meio parada. Andamos pela marginal e escolhemos um restaurante com vista para o mar para recarregar. A Adega Oceano, no nº 51 da Av. República não decepcionou e tanto as ameijôas da Ana quanto o meu polvo (imenso e inteiro) à lagareiro estavam perfeitos, servidos com delicioso vinho da casa. De quebra, cafezinho cortesia de um simpático brasuca que trabalha lá. Tudo por menos de 15 euros! Adoro!
Fomos até o final da orla , onde ficam praças, igrejas, e o famosíssimo ascensor . Por míseros 2,30 você sobe e desce num autêntico ascensor do século XIX, de 318 metros e 42 graus de inclinação e fica babando com a vista. É uma obra de Ponsard, discípulo de Eiffel, responsável pelo Elevador de Santa Justa lá de Lisboa. Vale mais que muito teleférico espalhado pelo país…
Você chegará no Promontório do Sítio da Nazaré, onde a Santa teria aparecido. Ali tem mais restaurantes, casinhas maravilhosas, muitas bancas de badulaques típicos para serem comprados e o Miradouro do Suberco onde você deve imitar os locais: pegar sua melhor roupa, seu melhor amigo e simplesmente colocar a conversa em dia apreciando a paisagem.
Se continuar em frente, chegará à outro Miradouro, o do Forte de São Miguel , construído em 1577 por D. Sebastião, aquele que sumiu num dia de névoa e ainda vaga por ai…
Você já estará deslumbrado e perceberá que se seguir a pitoresca estradinha, vai chegar à outra praia maravilhosa, a do Norte . Lá também fica o Norpark, um famoso parque aquático português. Não fomos até lá porque o tempo voa quando nos divertimos e o parkímetro do carro da Ana já tinha vencido nos deixando com medo de sermos multadas, fique atento.
Quando decidimos descer, depois da sesta dominical, a cidade parecia que tinha sido invadida. As ruas estavam tomadas, literalmente, sem passagem de carros, apenas milhares de pessoas andando, brincando, jogando peão, tomando sorvete. Eu poderia ficar ali, com certeza.
Não sei dizer se era um dia especial, mas havia milhares de Nazarenas pelas ruas. Algumas estavam trabalhando, ajudando a captar clientes para restaurantes, vendedo tremoços ou barquinhos, mas muitas outras estavam jogando mata, que é o mesmo que a nossa queimada. Acho que elas estavam mesmo apenas se divertindo e ensinando a todos como se mantém as tradições porque com aquela roupinha e aquele sapatinho, não é brincadeira!
As Nazarenas usam estas roupas típicas, sempre com 7 saias que representam 7 ondas do mar, 7 cores do arcoíris, 7 dias da semana, 7 virtudes, enfim, o 7 mágico ou mítico que você quiser, já que elas não souberam dizer com certeza. Uns disseram que é uma coisa da estética feminina: cintura fina e quadris largos, outros que elas usavam as saias para se cobrir enquanto esperavam o pessoal voltar do mar: uma pra cabeça, outra pras pernas, nunca descobertas. Só sei que tem que ter cor, bicos de crochê, veludos, bordados e às vezes, lenços nas cabeças.
A maioria simpatícissima, adoram tirar fotos, abraçam, mostram as saias, jogam mata no meio da rua. É um pouco aquele Portugal que você acha que vai encontrar em toda parte, mas que está escondidinho ali, esperando a sua parada.
Se quiser ter ainda mais idéia das tradições locais, a Casa Museu do Pescador reproduz uma casa típica de pescadores dos anos 30 a 50. Fica na Rua J. B. Souza Lobo, nº108.
Se não for pegar praia, um dia basta. Se quiser dormir, há várias opções como o Villas Mare Residence, bem recomendado e com preço acessível, mas não experimentei. À noite me sugeriram aparecer no Nafta Bar, mas como disse, não passei a noite lá para conferir…
Em poucos minutos você pode chegar a Alcobaça, que fica mesmo do outro lado da estrada e visitar seu famoso Mosteiro – que de tão enorme nem cabe na minha foto – ver sua bela capela, andar pelas ruas tranquilas ou ainda parar em Batalha e visitar um dos mosteiros mais antigos de Portugal.
Divirta-se!