O Fred, para falar bem a verdade, é amigo da minha irmã. Nos vemos algumas vezes, mas ele abriu um álbum no face chamado “Lugares onde a música me levou” e começou a encher de fotos sensacionais nas pirâmides do Egito, em praias paradisíacas, no meio de pinguins…
Eu que já tentei me enveredar pela música (obviamente sem muito sucesso) ficava pensando que maravilha que é viajar por conta de um dom que te faz trabalhar com algo que gosta e que só enche o mundo de alegria! Ta, confesso, fiquei com uma invejinha branca.
Resolvi escrever para ele e perguntar se ele não gostaria de escrever para o blog, sobre qualquer lugar que ele tenha ido e que tenha amado muito e ele não apenas me mandou esse texto, como prometeu mais uns sobre outras ilhas gregas!!!! :D
Então coloque ai sua trilha sonora favorita e viaje com ele!
∞
Santorini – Por Fred Barley
Toda vez que eu via alguma imagem desse lugar eu ficava pirado com o visual e a beleza natural: aquelas casinhas brancas bem no topo de encostas altíssimas, o mar mais azul que pode existir; e sempre disse para mim mesmo que iria para lá algum dia.
Bom, eu tive a sorte de ir até Santorini não apenas uma, mas várias vezes (agradeço até hoje!!), e pude confirmar tudo o que se diz de lá: é realmente um lugar inacreditavelmente bonito e único.
Pode-se chegar por ar ou mar à ilha de Santorini (o nome vem de Santa Irene, pois assim a chamavam os venezianos) – ou como chamam os gregos, Thira (Fira). Eu cheguei todas as vezes pelo mar; além de dois portos principais para turismo e cargas, há um pequeno aeroporto que recebe voos do continente.
Simplesmente chegar na ilha já é uma experiência, e as câmeras começam a “trabalhar” assim que se chega ao porto turístico, que possui um pequeno comércio (souvenires e cafés/restaurantes).
Ao desembarcar é que se tem noção da dimensão dos paredões, e para chegar lá em cima você pode se utilizar de tecnologia ou nostalgia: há o teleférico (a € 4, rápido e prático – em dias tranquilos, claro!) – mas vc pode optar subir no lombo de uma mula (o que vai te custar de € 8 a € 15 dependendo da negociação mas garante um passeio muito legal com visuais incríveis – e aromas nem tanto, já que as mulas usam o caminho como banheiro constantemente…). Também dá pra subir a pé, mas tem que ter preparo físico! Eu desci a pé numa das vezes e foi muito legal: desci correndo e desviando das mulas, mas também tem q estar bem preparado! E leve boné ou chapéu, filtro solar e água. No auge do verão é muito quente mesmo.
A subida pelo teleférico é um espetáculo à parte, onde você aprecia a linda vista do porto, da cratera do vulcão Nea Kameni e de toda a ilha e seus incríveis paredões (formados por diversas camadas de pedras, resultado de uma erupção vulcânica ocorrida a 3.500 anos, época em que florescia uma civilização pré-histórica, a Minoica).
É notório que Santorini é um dos lugares mais caros do mundo, em alguns hotéis a diária chega a € 900 – SEM café da manhã. Se vai ficar mais de um dia, procure algum hostel ou albergue.
Chegando em Fira, a “capital” da ilha, a vontade é de que o tempo pare, de tão bonito que é. Para qualquer lado que se olhe é um cartão postal. Toda a arquitetura é padronizada em branco e azul, cores da bandeira grega; a arquitetura da maioria delas também é típica da Grécia, muito simples, bonita e eficiente : o branco das construções mantém a temperatura agradável mesmo com um calor de rachar.
Ruas bem estreitas no centro – algumas apenas para pedestres – recheadas de lojinhas diferentes: muitas roupas (camisas, calças, vestidos, biquinis, sandálias), colares, chapéus, jóias, artesanato, obras de arte, souvenires diversos, restaurantes dos mais variados tipos, cafés, lounge bar, clubes noturnos, igrejas antigas, mercado de rua, museus: há uma infinidade de coisas pra se fazer no centro de Fira.
O Museu Pré-histórico de Fira é bem interessante e mostra um pouco da história da antiga civilização que habitava a ilha no passado, muito avançada e que desapareceu sem deixar rastro – nenhuma ossada nunca foi encontrada. Vale uma visita ao sítio arqueológico de Akrotiri.
A maioria dos cafés, bares ou restaurantes tem internet wi-fi free; no Town Club, Lava Cafe ou Murphy´s Irish Pub basta você consumir uma cerveja ou comer alguma coisa para ter acesso; eles ficam um ao lado do outro logo após sair do teleférico, numa das ruazinhas principais. Fiz boas compras lá pagando pouco, comi e bebi muito bem. Sugestões sempre baratinhas são:
-Gyros Pitta ou Gyros no prato (porco, frango ou cordeiro). É um prato típico grego, o “churrasco grego” – mas calma, esse é o verdadeiro, com qualidade e onde pode-se comer sem medo, lambendo os beiços.
-Souvlaki – espetinhos (porco, frango ou cordeiro) grelhados.
-Saladas com queijo FETA típico grego que é uma delícia, um pouco mais forte e salgadinho. Não economize no azeite!
– Peixes e frutos do mar: pode ir sem medo também, aliás altamente deliciosos!
-Cervejas Gregas: Efes, Mythos, Alfa; qualquer uma dessas vai bem.
E se seu lance é praia a grande dica é passar em algum mercadinho e se abastecer com comes e bebes, você vai economizar MUITO: na orla da praia e nos bares na areia os preços variam bastante (uma cerveja vai de € 1,70 a € 7 !).
As praias mais legais são:
Kamari – uma bela e extensa praia de pedra pretinha pequena (leve o chinelo para não queimar os pés), uma excelente infraestrutura com muitos quiosques, bares, restaurantes, supermercados, lojas etc. No canto direito da praia tem um paredão de pedra gigante de onde os banhistas pulam, e bem no topo desse paredão encontram-se algumas das antiquíssimas ruínas minóicas da ilha.
Red Beach – praia também de pedrinhas pretas, à beira de uma encosta muito alta e vermelha mesmo, devido ao excesso de ferro no solo.
Uma coisa a se ressaltar: a clareza do mar é excepcional, fantástica; eu mergulhei com máscara e snorkel e a visibilidade embaixo d’água impressiona. Mesmo sem máscara se vê tudo. Não vi milhares de peixes, mas os vários que vi eram multicoloridos e variados. A água do mar é sem dúvida nenhuma a mais limpa que eu já vi (eu sei, to repetindo!), empatada com a Croácia.
A ilha também é produtora de vinho, e do bom! Existem várias vinícolas espalhadas pelas áreas mais altas da ilha e vale a pena uma visita a alguma delas; eu estive na vinícola Santo Wines, em Fira. Os visitantes são recebidos com uma degustação de alguns tipos de vinhos produzidos lá acompanhados de pães, queijo Feta, azeitonas e tomate seco com azeite, e tudo isso ao ar livre e com uma das melhores vistas de Santorini, de frente para a caldeira do vulcão que praticamente destruiu a ilha (em 1680 a.C) e a deixou com o formato atual – a Ilha Elefante, na Antártica, tem o mesmo formato “argola quebrada” de Santorini pois também é um vulcão que explodiu (mas essa fica pra outra hora…).
Para conhecer a ilha por sua conta uma boa opção é alugar uma moto (€ 30), quadriciclo (€ 35) ou carro (€ 40) – em qualquer uma das várias locadoras existentes – e visitar todas as praias, ir onde quiser. É possível ir de ônibus tranquilamente, vá até o “terminal” de Fira no centro, de onde saem ônibus para todos os lugares interessantes da ilha, passagem a € 1,50.
A vila de Oia é bem interessante, menor e mais pacata que Fira – e mais cara ainda!! – mas também com ótimas vinícolas e restaurantes. Gostei do “Marmita”.
Outra coisa bem legal é fazer uma excursão até Nea Kameni, a ilhota na cratera do extinto vulcão, com alguns buracos que ainda soltam vapores sulfurosos. De lá também se tem uma visão completa e espetacular de toda a ilha. Ainda rolam algumas paradas no caminho, pra mergulhos mais que refrescantes. Os passeios saem do porto turístico, podem ser facilmente agendados ali mesmo, paguei € 20 por 4 horas de passeio.
Santorini é inesquecível, maravilhosa, divertida e obrigatória de se visitar pelo menos uma vez na vida.