O Museu da Imigração ou Memorial do Imigrante, como era chamado, é uma das jóias de São Paulo, um lugar especial para quem quer entender a formação da cidade, do estado e até do país. É ainda um espaço de busca da árvore genealógica por meio dos sobrenomes e datas de chegada à Hospedaria do Brás.
Aqui nesse post vou contar como é visitar o Museu da Imigração, como chegar, como buscar seus antepassados e ainda vou dar uma dica extra para incrementar seu passeio: conhecer um pouco da Moóca, um dos bairros mais icônicos de São Paulo.
Ande pela Rua Javari, conheça o estádio do amado Juventus, coma como rei no restaurante Hospedaria Mooca e volte para casa com os famosos cannolis da Di Cunto Moóca e do Seu Antônio Cannoli!
Vai ser um passeio e tanto! Vem comigo!
História do Museu da Imigração de SP / Memorial do Imigrante
Ao longo dos séculos 19 e 20 o Brasil recebeu milhões de imigrantes. Vindos de 70 diferentes países e com o sonho de uma nova vida, eles aportaram, em sua maioria, aqui no estado de São Paulo para trabalhar nas lavouras de café e na indústria. Por essa razão, foi criada a Hospedaria dos Imigrantes em 1887, sendo um lugar de acolhimento dos imigrantes recém chegados.
A Hospedaria funcionou até 1978 e entre os anos 30 e 70 recebeu também muitos migrantes de outros estados brasileiros que vieram para São Paulo em busca de uma vida melhor.
Desde 1986 a Hospedaria se transformou num lugar de referência sobre os imigrantes no Brasil com a reunião e preservação de documentos históricos e em 1998 foi criado o Memorial do Imigrante. Em 2010 o prédio da Hospedaria, tombado pelo patrimônio histórico passou por uma restauração e foi reaberto em 2014, recebendo o nome de Museu da Imigração. Achei super interessante ver que as instalações internas foram melhoradas e modernizadas, mas foram deixados evidentes os registros da Hospedaria, partes da construção original, repare quando for lá!
Hoje, além de poder visitar o prédio lindíssimo, a estação ferroviária preservada e poder procurar seu sobrenome e a história dos seus antepassados, o Museu da Imigração tem uma exposição de longa duração fantástica e algumas exposições temporárias, sempre com a intenção de mostrar como foi a chegada e a vida dos imigrantes no Brasil.
Como Visitar o Museu da Imigração de SP / Memorial do Imigrante
A Hospedaria é um prédio imenso, mas a área de visitação é relativamente pequena, somente podem ser vistas as exposições. A visita toda deve demorar entre 1h30 e 3hs, dependendo do seu interesse no assunto. Eu acredito que 2hs seja um tempo ideal.
Você nao pode entrar com mochilas nem como comidas e tem um guarda volumes para você deixar suas coisas e andar com tranquilidade. Fotos são permitidas.
Ao entrar no Museu vão te indicar por onde começar a visita na exposição de longa duração que chama “Migrar: experiências, memórias e identidades.” Essa exposição é muito, muito, muito legal.
Você vai dar de cara com um caminhão cheio de tijolos e já vai entrar no clima, afinal, imigração é trabalho, né? É sempre uma jornada por uma vida melhor, por sobrevivência, uma troca da força de trabalho por um novo lugar nesse mundo. É assim com quem veio há um século ou com quem vem ou vai hoje para qualquer lugar. E ainda causa tanta confusão.
Aproveite para começar sua reflexão!
Depois você vai passar por diversos módulos com fotos, vídeos, documentos, móveis e outros objetos que vão descortinando a história da imigração. Você vai ver rotas de imigrantes pela Europa, pelo Japão e pelas Américas e pode até pensar em conhecer outras hospedarias mundo afora (eu já fiz esse plano!).
Eu achei interessantíssimo, por exemplo, que os imigrantes que vieram para o Brasil tinham sempre um emprego e eram na grande maioria das vezes financiados pelos próprios governos. Quando chegavam na Hospedaria, apenas assinavam o contrato e iam trabalhar. Honestamente eu sabia que muitos vieram especificamente para as lavouras de café, mas achava que para muitos outros era uma coisa mais aventureira, que as pessoas viessem sem ajuda nem plano nenhum.
Também gostei de ver como a história da cidade e do estado de São Paulo foi se modificando e se formando por causa dessas pessoas, da mudança da área rural para trabalhos industriais, ver para onde eles foram. Tudo isso está lá de forma muito interativa, bem acessível e interessante para pessoas de qualquer idade.
Você também vai visitar o dormitório e a área de refeições, aproveite para ver as fotos antigas desses lugares, parece uma viagem no tempo!
Dedique um tempinho para ler os documentos expostos e assistir os vídeos, especialmente os depoimentos de imigrantes que passaram pela Hospedaria, que são super divertidos e nos ensinam muito e também os vídeos dos imigrantes modernos, cheios de histórias atuais que foi onde eu descobri, só para citar um exemplo, a Embaixada Cigana, um projeto bem legal para falar dos ciganos no Brasil, explicar e disseminar sua cultura.
As exposições temporárias variam. Quando visitei tinha uma série de roupas e objetos herdados de imigrantes e um pouco das histórias das famílias. Lindíssimo.
Há anos eu tinha vontade de visitar o museu, mas sempre me enrolava. É engraçado que o museu sempre foi para mim um lugar de resgate. Eu queria saber dos meus antepassados, da minha árvore genealógica, da minha história. Mas acho que a demora em fazer essa visita me trouxe uma nova visão sobre o espaço, já que migração voltou a ser um tema muito urgente. Não pude deixar de pensar nos êxodos atuais e em como nós estamos tratando as pessoas que hoje são obrigadas a mudar. Há hospedarias? Há acolhimento? Há inserção? Essa é uma tarefa para todos nós, especialmente porque, como você vai constatar lá no Museu (caso ainda não tenha se dado conta) nós somos eles e não seríamos nada sem eles.
Ainda bem que eu finalmente fui, amei e posso te incentivar a deixar a preguiça de lado e ir também!
Depois da visita interna, você pode passar na lojinha que tem lindas camisetas e canecas, vários livros interessantes (inclusive a coleção de povos da Editora Contexto, já contei sobre Os Colombianos aqui nesse outro post e tem sobre diversos povos do planeta) sentar no lindo jardim para descansar um pouco, tomar um café na deliciosa Cantina, visitar a estação ferroviária por onde os imigrantes chegavam de Santos (outra viagem sentar ali, no meio da São Paulo de hoje e imaginá-los chegando…) e tirar fotos com roupas e objetos antigos no estúdio fotográfico. É tudo bem legal!
Ingressos e Visita Guiada para o Museu da Imigração de SP / Memorial do Imigrante
Os ingressos para o Museu da Imigração são bem acessíveis e custam R$ 10 inteira e R$ 5 meia (em 2018) e dão direito a visitação completa. O melhor de tudo? Aos sábados a entrada é gratuita. Não tem desculpa para não ir!
É possível agendar uma visita com um educador, que vai dar mais explicações sobre as obras e o espaço, pelo site do Museu da Imigração.
Além da programação normal, sempre ocorrem apresentações musicais e de dança, debates, feiras e outros eventos, especialmente nos finais de semana. Cheque a agenda do museu para curtir ainda mais.
Todo ano, em junho, acontece ainda a Festa do Imigrante, com diversos eventos culturais relacionados aos diversos povos que foram nosso Brasil e comidas típicas, vale a pena conferir.
Veja também essas dicas de mais de 20 lugares em São Paulo para conhecer de graça!
Passeio na Maria Fumaça da Moóca
O Museu da Imigração tem uma parceria com a Associação Brasileira de Preservação Ferroviária e junto com a visita ao Museu você pode agendar uma visita de Maria Fumaça, que dura mais ou menos 25 minutos entre o Brás e a Móoca, saindo lá da estação do Museu. Você precisa solicitar o agendamento pelo email agendamento@museudaimigracao.org.br .
Esse passeio só está disponível no primeiro final de semana de cada mês ou, em outros dias, só se houver 40 pessoas confirmadas.
Custa R$ 20 no vagão de 1950 e R$ 25 no vagao de 1928, ambos restaurados pela ABPF. Eu não fiz o passeio ainda, mas tive a oportunidade de visitar o museu em um dia em que a Maria Fumaça estava lá e pude visitá-las por dentro. De quebra, ainda pudemos vê-la ali a noite na estação (porque era um evento específico, o museu não está aberto a noite) e foi muito legal imaginar a chegada dos imigrantes numa noite qualquer na cidade da garoa… Acho que o passeio deve ser bem bacana inclusive para crianças.
Vai um educador explicando como era e simulando as situações que os imigrantes passavam durante a viagem.
Como Chegar no Museu da Imigração e Funcionamento
O Museu da Imigração fica na rua Visconde de Parnaíba, 1316, entre o Brás e a Moóca. Você pode chegar de carro, mas não há estacionamento.
A opção mais prática é ir de metrô. A estação mais próxima é a Bresser/Moóca da linha Vermelha. Da estação ao Museu são aproximadamente 5 minutos de caminhada.
O Museu está aberto de terça a sábado das 9hs às 17hs e aos domingos das 10hs às 17hs.
Segue o caminho a pé entre a estação e o museu:
Como Pesquisar pelo Sobrenome no Museu da Imigração
Um dos motivos pelos quais o Museu da Imigração ficou muito conhecido é pela possibilidade de buscar origens familiares e antepassados pelos registros de chegada dos imigrantes no porto de Santos e na Hospedaria.
Antigamente, era necessário ir até lá no antigo Memorial do Imigrante com seus dados familiares e sobrenomes e buscar nos livros e documentos, mas hoje em dia o acervo está todo digitalizado (com exceção de uma pequena parte dos documentos que estão ilegíveis degradados e não podem ser manuseados.
Isso facilitou bastante a pesquisa, que hoje pode ser feita pela internet, nesse link aqui. Dá para pesquisar só com o sobrenome ou com outros dados como a data de chegada, vapor, entre outros. Dá para ver as cartas de chamada, listas de bordo, registros na hospedaria, fotos, entre outros documentos.
Independentemente de você acessar esses dados pela internet, a visita ao museu continua sendo incrível. E se você não vai procurar seus antepassados nos livros, pode procurar seu sobrenome no incrível painel com mais de 14 mil sobrenomes de imigrantes que estiveram na hospedaria!
Onde Comer Perto do Museu da Imigração / Memorial do Imigrante
Guarde bem esse conselho que vou te dar: visite o museu logo cedo e siga para um delicioso almoço na Moóca. Esse tradicional bairro paulistano fica a poucos minutos de caminhada e guarda vários segredos da boa comida!
Depois de sair do museu, caminhe em direção das mais conhecidas ruas do bairro, a famosa Rua Javari, a Rua dos Trilhos e a Rua da Moóca. Além de passear por um lugar de São Paulo que parece ser outra cidade, com suas ruas tranquilas, comércio local, e muitos torcedores do Juventus, você vai encontrar deliciosas opções para um almoço delicioso como o restaurante Hospedaria (Rua Borges de Figueiredo, 82 – aberto das 12hs as 15hs), a Esfiha Juventus (Rua Visconde de Laguna, 152 – aberto das 10h30 às 23hs), a Cantina San Marco (Rua Orville Derby, 232 – aberto das 11hs as 16hs) e a Di Cunto (Rua Borges de Figueiredo, 61 – aberta de terça a domngo das 9hs às 18hs).
As esfihas da Esfiha Juventus são super famosas, deliciosas e ainda por cima baratas. Vale a pena conhecer. Na Di Cunto, além dos clássicos doces há diversas opções de lanches, salgados e massas e a Cantina San Marco serve comida da mama! Em qualquer um deles você vai se esbaldar. Vou falar mais detalhadamente do restaurante Hospedaria, que foi onde decidimos almoçar.
Restaurante Hospedaria Mooca
O restaurante tem um cardápio que eles chamam de “comida de imigrante“, achei perfeito para experimentar depois da visita ao museu e lá fomos nós. Pratos simples, que lembram nossa casa, nossa infância. Fui conquistada pelo couvert de molho de tomate com pão quentinho para chuchar. Porque Meu Deus, poucas coisas são tão boas quanto chuchar um molho de tomate! Só de pensar ja tenho fome.
O cardápio é bem pequeno e todas as opções parecem deliciosas, inclusive o rango funça da semana, um prato mais simples e barato servido durante a semana. Saem do fogão e do forno a lenha que ficam ali do lado das mesas e tudo dá água na boca.
Depois de muito debate, decidimos dividir o Parmeggiana Hospeda. O prato é para duas pessoas e, honestamente, não demos conta de tanta comida. Gosto assim, de fartura! O bife foi um dos melhores que já provei. Sensacional.
O preço é compatível com São Paulo, ou seja, não é exatamente barato. Mas durante a semana tem as opções rango de funça e executivo, que saem mais em conta.
O bar tinha várias opções de drinks e, depois de comer e beber tão bem, você vai estar pronto para ir para casa relaxar de pernas pro ar. Na verdade deitar e tirar um cochilo talvez seja sua única vontade…
Nós não investimos nas sobremesas lindas que vimos passando porque, afinal, estávamos no reduto dos cannolis e não podíamos deixar de experimentar!
Di Cunto Moóca e Seu Antônio – os Cannoli da Moóca
Bem em frente ao restaurante Hospedaria está a mais conhecida e tradicional padaria/doceria/rotisserie da Moóca, a Di Cunto. A primeira, a original, fundada em 1846 (passou um tempo fechada e foi reaberta pelos descendentes do fundador em 1935) e que até hoje vive cheia encantando os paulistanos.
O lugar remete ao passado e o que você mais vai ver é gente saindo dali com caixas e pacotes. Porque é tudo uma tentação. Além de pães e doces, as massas frescas, carnes, molhos e antepastos fazem a alegria das famílias da Moóca que sabem o que é bom à mesa. São aqueles do almoço de domingo na casa da nona. E ainda tem um restaurante!
Mas enfim, os cannolis, um doce feito de uma massa crocante em forma de canudo recheada de creme, são vendidos na Di Cunto desde 1950 e hoje são o o doce mais vendido por eles. Não é a toa. Os cannolis da Di Cunto são super delicados, sempre frescos e recheados na hora e tem quatro recheios: creme, creme de ricota, nozes e doce de leite com côco. Prove o mais tradicional, de creme de ricota, que já vai valer a visita. Muito bom! Custa em torno de R$ 8 (em 2018) cada. Ah, e se sobrar espaço, prove uma bomba ou carolina, são indescritíveis.
Já o seu Antônio é uma instituição da cidade e seus cannolis arrastam multidões de fãs. O cannoli do Seu Antônio é grande e super recheado nos sabores creme e chocolate. Invista no de creme porque comer 2 é quase uma refeição! Custa R$ 5 (em 2018).
O porém é que o cannoli do Seu Antônio só é vendido dentro do estádio do Juventus nos intervalos dos jogos (veja a tabela de jogos aqui)! E é ai que seu dia pode ficar ainda mais interessante e seu passeio pela Moóca, completo!
Se a sua visita ao museu cair no dia de um jogo do Juventus, entre no clima do bairro e se junte às famílias que seguem em peso para o estádio. Não importa qual é o seu time de coração, o Juventus é um clássico time do qual não dá para não gostar. É só curtir o dia torcendo com um dos sotaques mais tradicionais da cidade. No intervalo, entre na fila e se delicie de cannolis ou, monte a sua caixinha e leve para casa!
Com isso seu dia está completo e seu passeio pelo Museu da Imigração e pela gastronomia da Moóca serão inesquecíveis! Aqui o mapinha com o itinerário saindo do metrô, passando pelo museu, Hospedaria, Di Cunto e Juventus:
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Esse post faz parte de uma Blogagem Coletiva para incentivar a visita aos incríveis Museus Brasileiros que temos e que muitas vezes perdemos a chance de curtir. Aproveite e veja todas essas outras dicas que preparamos:
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