Algumas pessoas estão decididas a continuar melhorando o currículo e a carreira e querem cursar um MBA. Elas pesquisam os cursos existentes, as opções dentro e fora do país, as características de cada um. Conheço um monte de gente assim.
Não foi bem o meu caso. Eu estava mais para aquele momento de indecisão crítica em que não sabia se ia para a direita, para a esquerda, casava ou comprava uma bicicleta, sendo esta última a opção mais remota.
Sabia que precisava estudar, que gostava do mundo dos negócios tanto quanto do mundo das leis e que era um bom momento para seguir em frente. Mas ao invés de pesquisar o curso, foi o curso que me pesquisou.
A PUC/SP encaminhou um email para os ex-alunos informando que estavam abertas candidaturas para os interessados em uma vaga com bolsa de estudos no MBA Atlântico e eu fui ver do que se tratava. Vá lá ver você também e descobrir as novidades.
O curso era um pouco do que eu achava que deveria fazer e muito diferente de qualquer coisa que eu já tinha visto. Um curso realizado em parceria entre as Universidades Católicas de Angola (UCAN), do Porto (UCP) e de São Paulo – PUC/SP, com alunos e professores angolanos, brasileiros e portugueses e um trimestre de aulas em cada país numa rota da lusofonia em que todos estavam conectados pela língua portuguesa. Ao que parece, a parceria mudou da PUC/SP para a PUC/Rio, mas não tenho maiores informações sobre isso. Se for verdade, a coisa ficará ainda melhor, pois convenhamos que o Rio é uma delícia, mas vou falar da minha experiência que certamente pode ajudar.
Se você está lendo este blog pode imaginar que o que mais gosto de fazer na vida é viajar e conhecer outras culturas e tchan tchan, me aparece um curso que além de formação, incluía viagens e um mergulho nas culturas portuguesa e angolana e, de certa forma, até na brasileira!!!!
Confesso que fiquei interessadíssima só com esta informação e que somente depois fui ver o programa e os professores, mas fiquei ainda mais surpresa com eles. Além de conteúdo interessantíssimo (com um pouco de direito e muito de economia e administração que eu julgava que precisava saber), os professores estavam entre os melhores possíveis.
Comecei a pesquisar loucamente no oráculo sobre Angola, a primeira parada, e fiquei preocupada ao saber que Luanda é uma das cidades mais caras do mundo, que os preços, fixados em dólar, chegavam facilmente a 50 para um almoço mas batiam rapidamente nos 100 e, o que me deixava mais preocupada, que o transporte público na cidade era próximo do inexistente.
Me inscrevi meio sem pensar muito porque não estudava à tempos e achava que talvez não fosse desta vez, mas passei e tive que decidir de forma relâmpago se ia me jogar na aventura atlântica ou não.
Até aqui sabia apenas que minha bolsa de estudos incluía o curso, as passagens, a estadia (mas não que tipo) e não inluía transporte pelas cidades, vistos, alimentação e, óbvio, gastos pessoas. Fiz contas, falei com com Deus e todo o mundo, inclusive com a coordenadora do curso que me esclareceu que em Angola seria providenciado transporte entre o alojamento -em quartos individuais em um hotel – e a universidade e, devidamente apoiada pela família, me joguei.
Infelizmente, a decisão sobre a concessão das bolsas saiu um pouco próxima da data de início das aulas e tivemos que correr com os preparativos em 15 dias. Eu tive que me desligar do trabalho e acabei atrapalhando um pouco a vida pelo escritório, mas todos entenderam (acho).
Enquanto tentava deixar tudo em dia e em ordem no trabalho, tratava paralelamente da viagem. Falei com o único aluno brasileiro da primeira edição e alguns outros alunos portugueses e angolanos para ter idéia de gastos, comprei dólares, fiz um seguro, estoquei repelentes e remédios, paguei contas, organizei minhas coisas e, entre arrumar uma mala e outra, visitava meu pai no hospital, que resolveu ter um infarto 5 dias antes da minha viagem e quaaaase me fez desistir…
Participei da segunda edição do curso e a PUC, que tem uma filosofia bastante, digamos, “do it yourself”, avisou apenas que providenciaria a carta de chamada e passagens e que nós deveríamos organizar os documentos necessários e tratar pessoalmente do visto cuja dificuldade e demora eram de conhecimento geral. Quem estudou lá tira de letra e está preparado para tudo, quem não estudou pode ficar assustado. Mandaram os documentos uma semana antes (assim como um seguro, que só então avisaram que fariam para nós e assim que eu fiquei com 2…) e aproveitei que copiaram os demais alunos e passei a me comunicar com (alguns) eles.
Nos conhecemos no consulado, todos torcendo para que os vistos saíssem a tempo, mas na sexta-feira, 2 dias antes de embarcarmos, estava tudo resolvido. Pegamos os passaportes de manhã e à tarde tivemos a única reunião com a coordenadora do curso no Brasil e fomos embora.
Os alunos portugueses chegaram em Luanda um dia antes de nós, que desembarcamos no dia 1 de maio, um feriado. Esperava um aeroporto absolutamente caótico, mas me parece que conseguiram organizar um pouco as coisas e o caos não era tão grande. A UCAN nos recepcionou e levou ao Hotel Celeste, que era ótimo, muito agradável e seguro e tinha o Henrique, o luso-brasileiro-angolano gerente simpaticíssimo e que fez de tudo para nossa estadia ser a melhor possível, o que incluiu uma negociação nos preços da lavanderia e do restaurante, boas conversas e uma boa dose de liberdade.
Rapidamente rolou uma integração com os tugas, seguido de um jantar com o coordenador e funcionários do curso em Luanda, na praia, num clima excelente.
O resto desse longo ano segue em pílulas.
Saiba mais sobre a aventura atlântica:
O Aprendizado
O que fica para sempre