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Kathmandu Nepal – Dicas e Roteiro pela Capital Nepalesa

Kathmandu, a capital do Nepal.

Uma passadinha em Kathmandu, capital do Nepal, é inevitável numa viagem ao país. Muita gente chega lá com muitos preconceitos ou com medos infundados e a verdade é que, amada por muitos, odiada por muitos outros, Kathmandu jamais se contenta com indiferença. Mas fique tranquilo, vou te contar aqui o que fazer em Kathmandu, dar dicas para facilitar sua viagem, te indicar alguns lugares onde ficar e alguns lugares para comer super bem e sem estresse! Espero que você, como eu, entre para a turma que se apaixona.

Vem junto!

Boudhanath Stupa em Kathmandu Nepal. Kathmandu Dicas.

Kathmandu ou Catmandu?

A confusão sobre a capital do Nepal já começa na grafia do nome. A maioria das pessoas não sabe bem se o correto é escrever Catmandu, Kathmandu ou Katmandu.

O correto meeeesmo seria escrever na língua original, que é काठमाडौं. Só que aí fica meio complicado, né? Rá-Rá.

Mas bote no tradutor e ouça a pronúncia, que é algo como “catchimandoum“. Não sei porque nas outras línguas transformaram o final em “dú”, sem esse “doum” simpático. Bom, talvez você não se interesse por nada disso, mas não custa nada você falar como os locais, ainda que não escreva como eles.

Em português a grafia é Catmandu e em inglês, Kathmandu, assim com th. Aqui estou utilizando a grafia em inglês, porque é assim que você verá no Nepal e na internet, então já fica acostumado.

Kathmandu Onde Fica?

Você já sabe que Kathmandu é a capital do Nepal, certo?. Mas você consegue visualizá-la no globo, sabe onde fica Kathmandu no mapa?

O Nepal é meio comprido e faz fronteira com a Índia pelo sul e lados e com o Tibet pelo norte. Está na cadeia de montanhas do Himalaia, onde ficam boa parte dos picos mais altos do mundo, como o Everest.

As montanhas dos Himalaias resultam das movimentações das placas tectônicas indiana e eurasiana que estão bem abaixo do Nepal, o que faz desse um país geograficamente bem acidentado e suscetível a terremotos.

Kathmandu especificamente fica no meio de um vale no centro do Nepal conhecido como Kathmandu Valley ou Platô de Kathmandu. Ao sobrevoar Kathmandu de avião dá para ver bem que a cidade está totalmente cercada por um paredão de altas montanhas e é como um oásis de plantações com um enorme centro urbano no meio, formado por Kathmandu e vilas próximas.

O Vale de Kathmandu é um dos locais com a mais longa ocupação humana contínua conhecida. Os primeiros registros da cidade datam do século II a.c.  e tem sido ao longo dos séculos um importante centro cultural e político da Ásia.

Onde ficar em Kathmandu – Melhores Bairros

Essa sim, é uma das perguntas mais importantes que você deve fazer numa viagem para o Nepal! As dicas de hotéis em Kathmandu estão mais abaixo.

Kathmandu tem um bairro tipicamente mochileiro chamado Thamel, que é onde a maioria dos turistas se hospeda porque é onde tem a maior oferta de hotéis, restaurantes, agências, lojas e bares. Apesar de ser um local de “mochileiros”, há lugares dos mais simples aos mais caros, o que no Nepal nem é tão caro assim.

Se hospedar no Thamel é, por si só, uma experiência única. O bairro é exatamente como aparece naquela cena em que o Dr. Strange chega em Kathmandu para encontrar o templo, sabe? Uma zona completa. Mas de alguma forma meio mágica a gente rapidamente se adapta e vai seguindo o fluxo daquela loucurada toda. Ou fica chocado e promete não voltar nunca mais. Depende. Rá-Rá.

Apesar de não ser o lugar mais nobre onde se hospedar em Kathmandu, eu recomendo o Thamel. É fácil se deslocar dali para qualquer lugar, é fácil contratar algum passeio ou comprar passagens e/ou tratar de vistos para outros países, tem muitas opções de restaurantes com todo tipo de comida e é bem tranquilo andar por ali a qualquer hora.

Além disso, para quem vai fazer o trekking para o Everest, será imprescindível bater muita perna nas lódjinhas do Thamel em busca de coisas que você vai precisar para a caminhada.

Outras opções de lugares onde ficar em Kathmandu são nas proximidades da Estupa Boudanath, um dos pontos turísticos mais famosos de Kathmandu e Nepal, conforme indico abaixo. Alguns dos hotéis de melhor padrão, para quem não quer errar, estão nestes arredores.

Dicas de Hotéis em Kathmandu

Eu fui e voltei para Kathmandu várias vezes e fiquei em diferentes hotéis, todos bem baratos porque estava no meu sabático e viajando em sistema econômico.

Na primeira vez na cidade me hospedei no Andes House (clique para ver) e adorei. É mais escondido, mas ainda assim perto de tudo e tinha um quintalzinho bem gostoso para descansar e tomar um ar, coisa rara em Kathmandu. Embora seja um lugar simples, o quarto era bem limpo e espaçoso e o café da manhã era bom. Tudo isso por USD 15 por noite (não se espante, no Nepal essa é uma faixa ok de preços)!

Mas o que mais gostei é que não era um prédio esmagado entre outros, mas uma casa grande. Pode parecer besteira, mas convém se preocupar com certas coisas num país em que terremotos são comuns. Sair dali era muito fácil.

Tem quartos privativos e coletivos e  o ambiente é ótimo. Por isso, pelo bom preço e boas avaliações no Booking, nem sempre está disponível, eu mesma não consegui voltar para ele, infelizmente.

Andes House: um refúgio no coração do Thamel em Kathmandu Nepal. Foto: divulgação. Kathmandu dicas.

Me hospedei em outras ocasiões no Hotel Gallery que também é tranquilo para quem quer gastar bem pouco, mas quer ter sua suíte privativa.

Ao contrário do Andes, o Hotel Gallery realmente era um prédio esmagado no meio de outros no coração do Thamel, mas, de um modo geral, é uma estrutura mais nova e mais confiável que outras opções e de qualidade aceitável para os hotéis com diárias na faixa de 15-20 USD.

Os quartos, ainda que simples, eram limpos, confortáveis e bem silenciosos, condição essencial para mim. Tem um restaurante no térreo que serve o café da manhã incluído na diária e refeições nepalesas e ocidentais à la carte. Não é um restaurante uau, mas é barato e resolve bem quando estamos cansados.

Mas o melhor do Hotel Gallery é que o pessoal é super agilizado. Guardaram nossas malas quando fizemos o trekking do Everest e viajamos ao Butão, nos ajudaram com a compra de passagens de ônibus, com lavanderia, chamando táxi confiável, enfim, eram sempre simpáticos e honestos.

Atualmente o Gallery está com uma nota meio baixa no Booking, mas pelas avaliações acho que isso tem a ver com as expectativas das pessoas. É um hotel baratérrimo, de no mááááximo categoria 2 estrelas. Para quem vai ficar poucos dias e quer economizar, acho ok. Mas claro, pode ter piorado com o tempo…

Para quem quer ficar no Thamel, mas com mais conforto, em hotéis bem limpos, bonitos e com ótimas avaliações com diárias em torno de 40 USD,  recomendo estes (é só clicar nos links abaixo para ver e reservar):

Para quem prefere hotéis com padrão internacional sugiro os seguintes, todos com diárias entre 70 e 200 dólares:

Para morrer de amores pelo estilo nepalês, recomendo:

Por fim, quer ficar num lugar bonito e sossegado, no pé das montanhas, mas razoavelmente próximo do centro de Kathamandu, cercado de florestas e com um spa divino? Vá pro Gokarna Resort.

Onde ficar em Kathmanudu Nepal: quarto do lindo The Dwarika’s. Foto: divulgação.

O que fazer em Kathmandu – Principais Atrações Turísticas

A partir daqui te conto o que fazer em Katmandu dia a dia. Começo com uma lista das 9 principais atrações turísticas em Kathmandu e termino com sugestões de roteiro.

1) Boudhanath Stupa

A estupa Boudhanath é um dos principais cartões postais da cidade e é um lugar realmente encantador.

É uma das maiores estupas da Ásia e pode ser vista a larga distância com seu domo branco com os olhos de Buda (que simbolizam a onisciência de Buda, a unicidade do mundo e a necessidade de olhar para dentro). Foi construída em 1300 e dizem que já é uma reconstrução da primeira estupa construída ali, muitos séculos antes, e destruída numa invasão mongol.

As estupas não são templos, mas são locais de oração. Antes de ser um local turístico, é um local de peregrinação e fé budista, sempre movimentadíssima. Seja paciente e respeitoso.

Se quiser encontrá-la mais vazia, vá cedo pela manhã, mas o horário mais bonito é no fim do dia. Além do pôr-do-sol deixar tudo naquele tom maravilhoso, nesse horário os peregrinos enchem a estupa de incensos e velas.

A entrada na área é paga. Vá sem pressa, sente por lá e observe um pouco o movimento. Além da arquitetura e das bandeirolas, são as pessoas que tornam esse lugar tão único.

Como fica meio afastada do Thamel, se estiver hospedado nessa região precisará pegar um táxi. Aproveite para caminhar ao redor da estupa, o bairro é muito peculiar e você encontrará lindas lembranças nos ateliês.

A região é conhecida informalmente como “Little Tibet” porque a estupa segue a vertente do budismo tibetano e há muitos refugiados que se instalaram por ali apesar da relação entre Tibet e Nepal não ser das mais fáceis por várias razões históricas.

Kathmandu, a capital do Nepal. O que fazer em Kathmandu.

2) Pashupatinath Temple

Sempre estará na lista do que fazer em Kathmandu a visita ao Pashupatinath Temple e estou indicando logo depois da Boudhanath Stupa porque eles ficam relativamente perto e as visitas podem ser combinadas, mas quero deixar claro que essa é uma visita MUITO intensa, de enorme choque cultural, e que pode até ser desagradável.

Acredito que quem se dispôs à ir até o Nepal está aberto ao diferente, mas nem sempre essa abertura nos prepara para o que vemos lá.

O Pashupatinath é o mais antigo e mais importante templo hindu do Nepal e reverenciado também pelos budistas.  É, na verdade, um complexo de vários templos e construções lindíssimas datadas desde o século V, cada uma dedicada à uma celebração destinada ao deus Shiva e hoje patrimônio da Unesco.

Em alguns deles só é permitida a entrada de hinduístas, mas podemos admirar pelo lado de fora as construções, os exóticos ornamentos (alguns destinados à Shiva em sua versão de deus da fertilidade) e até ter um vislumbre do que acontece lá dentro.

O templo fica na beira do rio Bagmati e nas suas margens foram construídos os ghats (escadarias) de cremação, como os de Varanasi na Índia. Shiva é o deus da destruição e da regeneração, ou seja, a destruição do corpo é um transformação necessária e a cremação é parte deste processo.

Não podemos ir até o local das cremações (e nem sei porque alguém iria), mas podemos ficar na margem oposta ou na ponte e assistir os rituais. É aqui que a gente realmente é levado para fora da casinha. É tudo tão maluco, estranho e diferente que nem tem como explicar, apenas viver, sentir e elaborar na sua própria cabeça.

É complexo e não é para os mais sensíveis, fique avisado. Paga-se uma taxa para visitar o complexo.

Dá para visitar os templos sem ir até os ghats de cremação, mas sabe como é a vida, nem sempre a gente precisa ir até a montanha, às vezes a montanha vem até a gente. Então, se você não gosta de morte, de corpo, de restos de oferendas e outras cositas más, talvez essa visita não seja para você.

Vale a pena contratar um guia para fazer esses passeios pelos templos com mais sentido, esse do link anterior passa pelos 2 templos que indiquei acima e há também esse passeio que incluir a Durbar e o Swayambhunath (veja abaixo).

Os Sadhus no Nepal

É também no Pashupatinath que costumam orbitar muitos sadhus, os homens que se dedicam à busca da iluminação pela renúncia total. São considerados sábios e vivem de esmolas, vestidos apenas com pedaços de panos laranja. Passam horas meditando e são seguidores de Shiva, razão pela qual circulam por ali.

As pessoas adoram fotografar os sadhus nepaleses com seus corpos cobertos de cinzas, rostos pintados e sentados em posição de lótus na frente dos templos. Mas evite cair nesse lugar comum. Os verdadeiros sadhus nem sempre gostam de fotos, e aqueles que se voluntariam para a fotografia exótica dos turistas costumam ser fakes. E cobram pelas fotos.

O que fazer em Kathamandu Nepal: um vislumbre do Pashupatinath Temple.

3) Durbar Square

Um dos lugares mais lindos do Nepal, a Durbar Square é pura história, pedra sobre pedra, madeira sobre madeira, e é um lindíssimo patrimônio cultural da Unesco. Era aqui que, entre os séculos XII a XVIII, os reis eram corados e tanto a praça quanto as ruas próximas tem muitas construções no lindo estilo neware, típico do Nepal. É um museu a céu aberto.

A praça foi muito destruída após o terremoto de 2015, mas nem tudo se perdeu e os nepaleses trabalham duro em sua restauração. Não deixe de visitá-la! Fica a cerca de 700m do Thamel e a entrada é paga.

A praça é puro suco de Nepal e de Kathmandu: uma bagunça difícil de entender num primeiro momento.

Tem construções, lojas, pessoas, coisas, barulhos, cheiros por todos os lados. Vá com calma, se dê tempo. Circule algumas vezes até começar a se entender por ali. O bairro é cheio de vida e vale dar uma voltinha também.

Só de templos a Durbar Square tem 4: o Jagannath, que é o mais antigo, o misterioso Indrapur, o movimentado Mahendreshwar, dedicado à Shiva, e o Taleju, considerado o mais bonito, com 4 portões que levam aos seus 12 templos interiores e aos seus 35 metros de altura. As entradas são cobradas separadamente em alguns deles.

Também há as famosas estátuas do Shiva Dançarino e de Seto Bhairab, uma criatura meio estranha que data do século XVI.

Vale a pena fazer essa visita com guia, para entender melhor a história, porque é muita coisa. Indico esse passeio guiado pela Durbar.

Kumari Bahal

Em alguns momentos rola uma aglomeração em frente à uma linda construção da Durbar Square, datada de 1700, cheia de detalhes, entalhes e janelas em madeira. É Kumari Bahal, ou casa de Kumari, considerada uma deusa viva que protege a cidade e o Nepal (a casa foi uma das construções que menos danos sofreu no terremoto, o que é visto como um milagre atribuído à ela).

É uma baita esquisitice, porque a Kumari nada mais é do que uma garota. É como se fosse um avatar que encarna a energia feminina divina. Ela aparece às vezes numa das janelas e acena para os turistas curiosos e peregrinos que param ali para orar por ela.

A Kumari é sempre um menina escolhida de acordo com uma série de rituais e permanece sendo a Kumari até menstruar, quando acredita-se que a energia se evade daquele corpo e parte para outro.

Quando estive lá vi por acaso a aparição e me espantei ao entender do que se tratava porque era realmente uma criança de cerca de 7 anos. Senti uma certa pena e passei dias pesquisando sobre essa história, pensando que devia ser uma canseira ser deusa, cumprir rituais, viver ali e acenar praquele bando de desconhecidos.

Não consegui descobrir muito sobre a vida dela, mas soube que existem outras Kumaris espalhadas pelo Nepal, sendo a de Kathmandu a mais importante.

Mais uma vez, procure ser respeitoso às tradições: é proibido fotografar a Kumari.

Arredores da Durbar Square em Kathmandu capital do Nepal. O que fazer em Kathmandu. Dicas e roteiro.

+Nepali Folk Musical Instrument Museum

Caminhando um pouco a partir da Durbar Square, os interessados podem conhecer esse museu que tem mais de 1300 instrumentos musicais tocados no Nepal, muitos deles bem diferentes para nós e que são apresentados e inclusive tocados.

É uma coleção particular e dizem que o dono está sempre por lá disposto a conversar e responder perguntas.

4) Thamel

O Thamel, como já falei acima, é o bairro mais turístico de Kathmandu.

O bairro não tem atrações arquitetônicas ou naturais e é até meio feinho, mas é uma verdadeira experiência antropológica. Dizem que antigamente o Thamel era tranquilo e atraiu os mochileiros em busca de contato cultural e certas aventuras espirituais, mas hoje em dia é até difícil de imaginar essa vibe.

Há quem diga que a Jochne Marg, outrora conhecida como “Freak Street” e já quase fora do Thamel, é a única rua do bairro que mantém aquele espírito hippie. Acho saudosismo, mas não custa flanar por lá e parar no Snowman Café, que é considerado o último remanescente daqueles tempos.

Além de observar a louca mistura de locais e gringos, o Thamel é ótimo para compras. Roupas, equipamentos para montanhismo, souvenirs, bandeirinhas de oração, artesanato em geral, incenso, aquele potinho de fazer “pliiiin” antes ou no final da meditação… enfim, você encontra tudo ali. Inclusive 2 livrarias interessantes, a Pilgrim, com muitos livros e mapas sobre regiões remotas e a Tibet Book Store, com muitas obras sobre o Tibet e sua cultura.

Comece pela Thamel Marg e saia andando sem rumo. Você vai dar voltas e voltas por ruas e lojas que são same same but different e vai acabar no mesmo lugar.

Especialmente para as roupas e equipamentos para montanhismo tem muitas falsificações, e de diversas qualidades. Tem das mais porcarias às saídas da mesma fábrica das originais, mas descartadas por pequenos defeitos. Compre por sua conta e risco.

Lojas originais da The North Face, Mountain Hardware e outras marcas estão lá também e valem a visita, porque tem muita coisa além das que vendem no Brasil.

Falei aqui sobre compras e o que levar para o trekking do Acampamento Base do Everest. As dicas servem para outros treekings no Nepal.

Você encontra no Thamel centros de yoga, meditação, sound healing e massagem e vale a pena conhecê-los. Peça indicação ou visite antes para ver se o lugar é bacana e combina com você. Eu fiz yoga no Mandala em alguns dias e gostei bastante.

Por fim, o Thamel é onde acontece a pequena agitação noturna. Sempre tem um pub aberto com gente do mundo todo. É perfeito para fazer amigos e pegar dicas de viagens pela Ásia, já que os mochileiros estão sempre dispostos a compartilhar.

Rua do Thamel em Kathmandu Nepal. Parece caótico e é. Mas ainda assim, me emociono de ver.

“Voluntariado”

Muita gente aproveita viagens para fazer voluntariado. A maioria das pessoas o faz com a melhor das intenções, mas sabe o que dizem, né? De boas intenções o inferno está cheio.

Trago essa questão aqui para alertar sobre golpes, sem entrar no mérito do quanto um voluntariado de uma ou duas semanas realmente ajuda uma comunidade ou de por quê muita gente se dispõe a ajudar nos confins do mundo, mas não faz nada em seu próprio país, entre outros questionamentos que poderíamos fazer.

O Nepal tem diversos problemas e questões sociais com os quais lidar e golpistas se aproveitam desse quadro para pedir ajuda a voluntários para manter “projetos sociais” que vão de doações à semanas de trabalho em “instituições”.

Alguns golpes são descarados e as instituições sequer existem. Outros são mais cruéis e envolvem projetos que realmente existem, sem trazer benefícios a ninguém. Há vários relatos de voluntários que foram deixados sem qualquer apoio ou comida em projetos totalmente afastados, ou que foram dar aulas à órfãos que não eram órfãos ou que os rejeitavam porque não aguentavam mais o vai e vem de estranhos que surgiam e sumiam sem realmente fazer nada de útil por eles.

Enfim, fica a dica para não cair em cilada. Se quiser ajudar, pesquise muito antes, entre em contato com outros participantes, entenda bem o que esperam de você e como é o funcionamento de tudo.

5) Garden of Dreams

Próximo do Thamel há esse jardim em estilo neoclássico construído em 1920 que figura como uma das opções do que fazer em Kathmandu.

Não é algo particularmente nepalês e na falta de tempo, sugiro pular essa atração. Mas se tiver tempo ou estiver próximo, é um lugar gostoso para fugir um pouco do barulho e da poluição. Acredite, às vezes a gente precisa de um alívio da cidade.

A partir daqui vou falar de lugares que ficam nos arredores de Kathmandu e podem ser visitados num bate e volta. Todos ficam próximos, entre 15 e 30kms do centro de Katmandu, mas para visitá-los você vai precisar enfrentar o trânsito da capital do Nepal e nessas horas a gente começa a entender porque tem gente que odeia a cidade.

Faça esses rolês de táxi ou contratando um passeio para evitar maiores dores de cabeça e considere sempre 1h de deslocamento em cada sentido. Pode ser menos. Mas pode ser mais. Por isso, evite se aventurar nos arredores se tiver compromissos no mesmo dia, especialmente seu vôo.

Shiva protetor. Kathmandu dicas.

6) Swayambhunath Temple

Há vários outros templos em Kathmandu, citei apenas os principais porque depois de algumas visitas a maioria de nós começa a achar tudo igual. Eu sou dessas que adoro entrar nesses que aparecem do nada pelo caminho, então, sugiro que apenas saia andando e apreciando o que te der vontade.

Mas deixo aqui essa última indicação de templo, também conhecido como Monkey Temple (porque é cheio de macaquinhos), que é bem similar aos demais, e especialmente à Boudhanath, mas fica no topo de uma colina bem já na periferia de Kathmandu, quase fora da cidade. É lindo e patrimônio cultural da Unesco.

Ao subir seus 300 e poucos degraus, temos a vista da cidade e das montanhas do Kathmandu Valley e acessamos os vários templos de dentro do complexo.

Procure ir cedo para evitar trânsito e muvuca e faça a kora, a caminhada no sentido horário que indica que você está refazendo o caminho de Buda. Se vai te trazer bençãos não sei, mas os budistas ficam doidos da cara com quem anda ao contrário, então, respeite.

+National Museum

Numa caminhada de 15min do Swayambhunath Temple fica o National Museum e pode ser interessante a parada para aproveitar o rolê mais distante.

O museu fica numa casa centenária e tem artefatos nepaleses que vão de armas à selos, além de uma galeria dedicada ao budismo e uma ao hinduísmo. É interessante.

7) Patan e Bhaktapur

Tanto Baktapur quanto Patan foram cidades imperiais e as construções que compunham esses impérios são das coisas mais lindas do Nepal. Ambas tem uma Durbar Square – o centro do império – mais impressionantes que a de Kathmandu.

Patan, ou Lalitpur, fica a 9kms de Kathmandu e além de sua maravilhosa Durban Square, tem alguns templos bem bonitos também, tudo preservado como Patrimônio da Humanidade.

Bhaktapur fica um pouco mais distante, a 16kms e é ainda mais incrível que Patan. As cidades são um pouco parecidas, mas Bhaktapur se desenvolveu mais na sua época imperial e há outras praças e construções maravilhosas além da Durbar Square.

Em meio dia é possível conhecer as principais atrações tanto de Patan quanto de Bhaktapur, por isso qualquer das duas é um bate-e-volta imperdível a partir de Kathmandu. Não deixe de contratar um guia nessas visitas, tem muitos detalhes! Clique aqui para contratar o passeio até Patan e aqui para o passeio até Bhaktapur.

Mas, se você tiver tempo, se organize para pernoitar em uma delas. Sim, os pontos turísticos são visitas relativamente rápidas (e podem ser longas se você tiver maior interesse pela história nepalesa), mas são duas das mais importantes cidades do Kathmandu Valley que ainda mantém o clima de vila e a atmosfera delas é muito diferente da capital.

É um pouco difícil de explicar em palavras essa vibe, é como se você tivesse viajado no tempo, mas também é como estar no mesmo tempo de Kathmandu, mas em locais que não se deixaram levar totalmente pela urgência da cidade grande e do turismo.

Os hotéis são em sua maioria em casas tradicionais e mesmo nos mais baratos deles a gente se sente num filme de época. As pessoas são mais simpáticas, mais abertas a ajudar e mostrar a cidade. A comida é local, verdadeira. E em Bhaktapur carros foram banidos do centro histórico, deixando o passeio infinitamente mais agradável.

Nas duas cidades acontecem muitos festivais e manifestações culturais, se der sorte de estar por ali em algum desses eventos, não deixe de prestigiar, será um momento único na sua vida. Garanto. Estive lá na comemoração de virada do ano que acontece em abril, e era o começo de 2074! Foi uma das festividades mais malucas em que estive!

Os festivais do Nepal são conhecidos como jatras e os mais famosos são o Indra Jatra, em Kathmandu, o Bisket Jatra em Bhaktapur e o Rato Machindranath Jatra em Patan, mas há inúmeros outros. Dê uma pesquisada, pois as datas variam conforme o calendário lunar.

Uma das lindas construções de Bakhtapur, Nepal.

8) Nagarkot

Nagarkot é uma vila aos pés de Dunhill (no território de Bhaktapur),  uma das montanhas do Kathmandu Valley e fica a cerca de 32kms da capital.

É possível fazer um hiking a partir da cidade, o que acho bacana para quem não vai ter tempo de fazer um dos famosos trekkings do Nepal, mas quer ter um gostinho do que são aquelas montanhas. Sugiro contratar um passeio guiado (clique aqui), que te pegue antes do amanhecer para que você o veja já lá dos pés da montanha.

Se quiser ter uma experiência ainda mais imersiva, passe uma ou duas noites no Club Himalaia, um lindo hotel com banheiras com vista linda das montanhas.

9) Kopan Monastery

Com o crescimento do interesse dos ocidentais pelo budismo, yoga e meditação, o monastério Kopan se destacou em Kathmandu como um dos primeiros a se abrir para os interessados e a incorporá-los em seu dia a dia. Dos anos 70 até hoje o Kopan recebe estrangeiros para cursos sobre budismo e meditação que vão de 1 a 30 dias.

É possível visitá-lo apenas para conhecer seus templos, jardins e a vista linda do vale ou participar das meditações matinais (guiadas por um ocidental) ou de um dos cursos. Veja a programação no site e se organize.

Ele fica a 8kms do centro de Kathmandu e é preciso chegar lá antes das 10h para poder entrar.

Roteiro em Kathmandu

Acho que uma boa dica sobre Kathmandu e o Nepal é deixar no seu roteiro pelo menos 4 dias na cidade antes de partir para outras aventuras. Esse é um tempo mais apropriado para conhecê-la melhor, se adaptar um pouco à cultura e para descansar da longa viagem até o Nepal.

Sem falar que nada mais sábio do que ter tempo livre para relaxar, aproveitar algo que apareceu de repente ou até para se recuperar de um mal estar.

Vou indicar um roteiro de 4 dias e se você tiver menos dias é só cortar as atividades de trás para frente.

Dia 1: Visite a Durbar Square e o Folk Musical Museum e bata perna no Thamel para umas comprinhas. Se tiver apenas um dia, corte o museu e esprema a visita a Boudhanath Stupa no mesmo dia.

Dia 2: Visite a Boudhanath Stupa e o Pashupatinath Temple ou Swayambhunath Temple (Monkey temple) ou tire a tarde para curtir seu hotel, se estiver em um daqueles com piscina e spa ou faça uma atividade de yoga/meditação.

Dias 3: conheça os arredores. Visite o Swayambhunath Temple (Monkey temple) ou o Kopan Monastery ou faça um trekking em Nagarkot ou faça um bate e volta até Patan ou Bakhtapur, dependendo do seus interesses. Eu recomendo mais Patan e Bakthapur.

Dia 4: Se tiver mais esse dia extra, deixe para visitar Patan e Bakthapur ou visite uma em cada dia. Se puder, durma em Bakthapur e tendo mais dias, espalhe as atividades e aproveite para curtir os bairros menos turísticos.

Roteiro em Kathmandu: dicas para aproveitar a cidade.

Onde comer em Kathmandu

Não podia terminar o post sem essa lista de restaurantes em Kathmandu. Como Katmandu tem muitos estrangeiros, tem muitos tipos de comida, embora você encontre o prato típico nepalês, o dal bhat em todos os lugares (é como o nosso arroz com feijão, inclusive em gostosura e nutrição)! A maioria dos lugares abre desde o café da manhã até o jantar, mas fique atento porque fecham cedo.

Comida Nepalesa: esses 4 restaurantes são mais especializados em comida nepalesa: o Nepali Chulo (2kms do Thamel), o Bhojan Griha (2,3km do Thamel), o Utse  e o Satkar (no meio do Thamel). Os 2 primeiros são considerados os mais autênticos e também tem apresentações de dança. O Utse, além de mais barato que os primeiros, tem pratos asiáticos em geral. Não provei estes, mas fui num jantar no Satkar e amei. Comida e ambiente excelentes para começar a conhecer o Nepal e tem um pouco de arte e dança também.

Comida Tibetana: o Yangling é o meu favorito dessa lista toda. É um restaurante tibetano de qualidade inigualável, inclusive no próprio Tibet. É bom meeeesmo, comi lá várias vezes. O lugar é simplíssimo, os pratos são super baratos, mas a comida, totalmente artesanal, é inesquecível, especialmente nas versões vegetarianas.

Para quem não conhece, a comida tibetana se baseia muito em bolinhos cozidos no vapor (tipo dumplings) que se chamam Momos e em caldos com macarrão (tipo noodle soup) que se chamam Thukpa ou Thenthuk, esta última com um macarrão recheado (tipo um ravioli). É uma dessas opções que você deve provar aqui (cada um custa cerca de 2 dólares, quase nada!)

Vegetarianos/Mediterrâneos: O Sarangi e o Or2K são dois restaurantes vegetarianos, com muitas opções de comida inspirada na culinária do mediterrâneo e ambientes bem relaxantes e agradáveis no meio do Thamel.

O Sarangi é mais barato e suas opções incluem o nepalês Dal Bhat, muitas opções de masalas e currys indianos e pratos vegetarianos inspirados no mundo todo, como guacamole, hommus, moussakha, entre outros.

O Or2K é bem parecido, mas mais caro e mais focado na comida mediterrânea. Os pratos são bem servidos, com opções de “combo platter” em que vem várias porções de pastas, saladas e falafel para comer com pão. Servem bem 2 pessoas. É um ótimo lugar para comer saladas (não tão comuns no Nepal).

Pizzas/Italianos: Alchemy Pizzeria e La Dolce Vita são ótimas opções. A Alchemy Pizzeria é simples, mas com preço justo e comida boa. Sabe aquele dia em que você cansou da comida diferentona e só quer lembrar de como é a velha e conhecida pizza? Vem pra cá. Massa boa, recheios razoáveis, mata a saudade. Já o La Dolce Vita tem bem cara de cantina italiana e a comida com gosto de casa de vó.

Sanduíches: para refeições rápidas, recomendo o New Orleans Cafe, o Chik’n Falafel e o Cafe Highland Beans.

O New orleans tem um quintalzinho gostoso e algumas opções de carnes e sanduíches.

O Chik’n Falafel é praticamente uma churrasqueira numa esquina do Thamel que só vende wrap (um shawarma ou kebab) de frango ou de falafel. É bem gostoso e enoorme. Tem que levar ou comer na mão porque não tem mesa.

Já o Highlands é um lugar arrumadinho com um bom café e sanduíches com cara de ocidente.

Doces: bateu vontade de comer um docinho? Vai para a Dairy Cafe, que tem um brownie delicioso e super famoso, entre outras gostosuras.

Outros: Steak House e Le Sherpa. A Steak House era minha última opção de restaurante em Kathmandu, não achava que nada que fosse muito focado em carne seria bom no Nepal, já que a maioria hindu é vegetariana. Mas alguns amigos quiseram ir e me surpreendi. Ótimo restaurante, steaks muito bem feitos e pratos bem servidos.

Já o Le Sherpa eu não visitei, mas é uma das opções mais hypadas de Kathmandu. É um restaurante para jantares mais finos e é bom reservar antecipadamente. O ambiente é moderno e clean, bem ocidental, assim como os pratos. Para quem gosta de conhecer restaurantes chiquetosos pelo mundo, é essa a opção em Kathmandu.

OR2K, uma boa opção onde comer em Kathmandu. Foto: divulgação.

Como viajar pelo Nepal a partir de Kathmandu

Por fim, ficam dicas de como viajar a partir de Kathmandu, que por sua localização central e por ter o único aeroporto internacional do país, é a porta de entrada de quase todos os viajantes. Na capital do Nepal, você só vai conseguir se locomover de táxi ou tuk tuk (uma moto adaptada com uma “casinha”).

Lukla, cidade de onde começa a caminhada até o Everest, só é acessível de avião por Kathmandu, assim como Mustang, uma vila que é um pedaço do Tibet dentro do Nepal.

A partir de Kathmandu é possível visitar por terra outras cidades nepalesas como as imperiais Bakhtapur e Patan (15kms); Pokhara, a linda cidade do lago e do Annarpuna (200kms); Lumbini, a cidade onde nasceu Buda (300kms) e Chitwan, onde há um parque para safári (200kms), só para citar as principais atrações do Nepal. Além destes locais, há muitas outras vilas que quem tem mais tempo pode conhecer.

Apesar das distâncias serem curtas, todas as viagens por terra no Nepal demoram muito, pois as estradas são sinuosas, de mão única e foram muito destruídas pelo terremoto de 2015, estando em constante reparo.

Não é comum alugar carro para visitar o Nepal por conta própria. É possível, mas requer muita paciência e cuidado, pois o trânsito é insano e as estradas são ruins. O mais recomendável é contratar um carro ou táxi com motorista ou viajar de ônibus e vans.

Os mais corajosos alugam motos ou scooters, mas faça isso apenas se tiver bastante experiência nesse tipo de direção. Não subestime os desafios das estradas nepalesas. Sério.

Me perguntam constantemente se é possível ir do Nepal para a Índia ou para o Tibet por via terrestre. É complexo.

Nepal e Tibet estão ligados pela Estrada da Amizade, que foi muito destruída pelo terremoto e passa longos períodos interditada para reforma. Além disso, a entrada no Tibet é estritamente controlada pela China e você só vai conseguir passar a fronteira se tiver obtido a permissão previamente em Kathmandu (veja esse outro post sobre como ir para o Tibet). Fazer essa viagem de forma independente ainda é impossível.

Já do lado da Índia os desafios são outros. Os 2 países tem uma ótima relação e nepaleses e indianos podem circular quase livremente entre as fronteiras, mas para turistas a coisa não é tão simples já que é preciso obter previamente os vistos (se for retornar de onde está saindo, precisa ter o de múltiplas entradas) e caso decida ir de carro, precisa de uma permissão para o veículo que você terá que solicitar quando alugar.

Não sei dizer como é a abordagem na fronteira, mas com certeza será bagunçada, confusa e possivelmente vai envolver algum tipo de enrolação ou golpe. Eu diria que essa viagem por terra é para os grandes aventureiros e mesmo para quem encara, eu não recomendo ir com carro alugado. Siga de ônibus ou carro com um motorista que ajude nestes trâmites.

Existem 3 fronteiras com a Índia acessíveis por terra para turistas, todas ficam entre 6 e 11hs de viagem a partir de Kathmandu: a de Birgunj, Banbasa e Panitanki. A primeira é de mais fácil acesso para Delhi e Varanasi, mas ainda assim, são mais de 20hs de viagem.

Além de ir por terra demandar mais tempo do viajante, pode custar o dobro de um vôo regional, que é bem barato. Então, resumindo, só para quem ama a própria viagem por terra para fazer essa escolha. E olhe lá.

Livros sobre o Nepal e Kathmandu

Por fim, para quem quer mergulhar ainda mais na cultura e particularidades do Nepal e Kathamandu, deixo aqui uma seleção de livros que podem te levar ainda mais longe. Começo as indicações com A Vaca na Estrada, que li há muitos anos e me atiçou uma curiosidade imensa pela Ásia.

Outros livros bacanas são Rodando pelos Caminhos da Índia e Nepal, De Londres a Kathmandu, Nepal Espiritual, Uma Breve História da Ásia, No Ar Rarefeito e o meio estranho, mas interessante Kathmandu: a História de uma Liderança Natural, a Liderança Invisível. Clique abaixo para saber mais.

Pronto, você já tem todas as dicas para curtir Kathmandi que eu disponho. Agora é só aproveitar!

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