Conheça a História de Nhá Chica, a Beata de Baependi!

A História de Nhá Chica é muito linda, você conhece? Ela viveu em Baependi, no sul de Minas, onde hoje se encontra o Santuário de Nhá Chica, que na verdade é uma igreja dedicada à Nossa Senhora da Conceição, à quem ela era devota. Fica por aqui que você vai saber quem foi Nhá Chica, vai descobrir os milagres de Nhá Chica que a deixaram tão conhecida e a levaram à beatificação, além de ficar sabendo qual é o dia de Nhá Chica para acompanhar as festividades, as romarias dos devotos e fazer também a sua fé.

Descubra quem foi Nhá Chica no Santuário de Nossa Senhora da Conceição em Baependi. Milagres de Nhá Chica.

Descubra quem foi Nhá Chica no Santuário de Nossa Senhora da Conceição em Baependi, no dia de Nhá Chica ou em qualquer momento.

Quem foi Nhá Chica?

Durante anos visitei Aiuruoca, que fica bem próxima de Baependi no Sul de Minas, a cidade onde essa mulher conhecida como Nhá Chica viveu e morreu. Cansei de ver na região as bandeirolas com seu rosto estampado indicando casas onde havia devotos de Nhá Chica, assim como passei por muitas romarias de fiéis que vão caminhando até Baependi em sua homenagem. Sentia uma simpatia inexplicável por aquela senhorinha das bandeirolas, mas só recentemente fui até o Santuário de Nhá Chica em Baependi e a conheci melhor.

Apesar de não ser religiosa, depois de conhecer a história da beata Nhá Chica minha simpatia por ela só cresceu. Foi uma pessoa muito bondosa e os chamados “milagres de Nhá Chica” são vários e um deles é oficialmente reconhecido pelo Vaticano. Por isso, senti vontade de compartilhar com vocês para que conheçam também a energia linda que emana dela.

Nhá Chica nasceu Francisca de Paula de Jesus em um distrito de São João Del Rei no início dos anos 1800 e mudou-se para Baependi pequena com a mãe e o irmão, poucos anos mais velho que ela.

A mãe tinha forte devoção por Nossa Senhora da Conceição, que foi herdada por Nhá Chica quando a mãe faleceu subitamente, deixando os filhos sozinhos numa casinha simples. Nhá Chica teria cerca de 10 anos na época. (Recentemente foi localizado um atestado de óbito que indicaria que a morte da mãe ocorreu bem posteriormente, colocando dúvida nessa informação, mas deixo aqui a história como contada em Baependi até hoje).

A partir daquele momento, Nhá Chica começou a “consultar” Nossa Senhora da Conceição, a quem chamava de “minha sinhá”, para tudo o que ia fazer, e aos poucos passou a consultar também a pedido dos outros, sendo procurada para todo tipo de aconselhamento de pessoas de toda a região e até de cidades mais longíquas.

Foi ficando conhecida como uma espécie de vidente com poderes de cura, não se casou, não foi alfabetizada e nem se juntou à alguma ordem religiosa (por isso se diz que ela é leiga).

Vivia em sua própria fé, somente orando, fazendo muita caridade e atendendo os devotos, que a consideravam uma santa e lhe nomearam “Mãe dos Pobres”. Ela própria dizia que apenas rezava com muita fé, mas seus feitos foram reconhecidos pelo Vaticano, que a beatificou em 2012.

A história de Nhá Chica foi quase sempre transmitida pela tradição oral e chegou longe: até os conselheiros do Império no Rio de Janeiro, que iam à Caxambu aproveitar as águas termais e acabaram conhecendo a beata, com quem se consultavam com frequência.

Em 1894, cerca de um anos antes da morte de Nhá Chica, um médico, querendo entender quem era essa “santa”, fez um tipo de entrevista com ela. É o único registro histórico escrito e fotográfico dela e é com base nessa foto que se tem a imagem que é reproduzida nas bandeirolas, em que Nhá Chica, já idosa, veste um tipo de manto.

Esta fotografia acabou gerando uma polêmica sobre quem foi Nhá Chica de verdade. Para a maioria dos historiadores, ela era negra e sua mãe tinha sido escrava.

A foto, muito antiga, foi tirada em preto e branco, portanto não é possível afirmar com certeza seu tom de pele, mas diz-se que a imagem foi embranquecida sob o argumento de que na foto não se verifica o fenótipo negro. Honestamente, não sei o que é certo, mas a maioria das notícias da beatificação a nomeiam negra mesmo.

Único registro fotográfico de Nhá Chica, feito em 1894.

Único registro fotográfico de quem foi Nhá Chica, feito em 1894. Milagres de Nhá Chica.

Milagres de Nhá Chica

Bem, o que importa é que há inúmeros relatos de aconselhamentos corretos, curas de doenças e males, recuperações, negócios bem sucedidos, coisas que voltaram a funcionar e ajudas praticadas por Nhá Chica, tanto em vida quanto após a sua morte.

Os milagres de Nhá Chica são atribuídos à sua intervenção, especialmente junto à Nossa Senhora da Conceição, mas aquele que finalmente gerou a sua beatificação, ocorreu em 1995.

Uma professora com um problema grave congênito no coração resolveu fazer uma oração para Nhá Chica para apoiá-la na cura. Na véspera da cirurgia necessária para tratamento, ela teve febres e após exames foi descoberto que o problema tinha simplesmente desaparecido.

O caso foi levado à exame pelo Vaticano e após quase 15 anos de análise, foi concluído que a cura não tinha explicação médica ou física e foi reconhecida como um dos milagres de Nhá Chica.

Mas lá no Santuário da Nhá Chica em Baependi a gente pode conhecer várias outras histórias de graças atendidas e que estão catalogadas. O pequeno espaço onde os fiéis deixam lembranças e oferendas de agradecimento aos milagres de Nhá Chica, por sua vez, não tem um centímetro vazio. Se você não se emocionar, é porque é de pedra.

PS: uma curiosidade que me intriga é que Baependi, onde viveu Nhá Chica, está a apenas 135kms de Guaratinguetá, onde viveu Frei Galvão, outro curandeiro beatificado e a 166kms de Aparecida do Norte, onde foi encontrada a Santa Padroeira do Brasil. Seria coincidência eles terem suas histórias assim, tão pertinho nesse imenso Brasil?

A casa onde viveu e morreu a beata, e que recebe peregrinos no dia de Nhá Chica. Milagres de Nhá Chica.

A casa onde viveu e morreu a beata, e que recebe peregrinos no dia de Nhá Chica. Milagres de Nhá Chica.

Preservação da História de Nhá Chica – Santuário Nhá Chica

Bom, o que eu estou chamando aqui de Santuário de Nhá Chica, na verdade é um pequeno complexo que fica no centro de Baependi e inclui a casa onde Nhá Chica morou, um pequeno museu, o Instituto Nhá Chica, que é gerido por irmãs franciscanas e tem um projeto de assistência à crianças carentes, e o Santuário de Nossa Senhora da Conceição.

A visita ao museu e à casa de Nhá Chica é gratuita, diariamente das 8h às 18h e é rápida. No museu há o relato da vida e dos milagres de Nhá Chica que foram relatados e catalogados, notícias de jornais, depoimentos de famosos que alcançaram uma graça, como Paulo Coelho, que afirma que só conseguiu escrever e publicar Maktub depois de pedir ajuda para Nhá Chica. Se você tem um exemplar ai, pode procurar a menção que ele faz em agradecimento!

Mas a casa, na minha opinião, é onde a gente se emociona e é ali que está preservada a história de Nhá Chica em sua essência. Tudo reflete a simplicidade de sua vida: o pequeno quarto onde ela dormia e a pequena cozinha, com o fogão à lenha no tom de vermelho forte que é típico de todo o vale do Paraíba e do sul de Minas nos faz viajar no tempo.

No caso, eu também viajei no tempo para a casa da minha vó, que tinha aquele mesmíssimo fogão, cujo fogo ela mantinha cuidadosamente aceso para aquecer a água e a casa nos dias frios. Até a carinha enrugadinha da minha vó era parecida com a de Nhá Chica, assim como suas origens e vida simples.

Nhá Chica viveu de forma frugal, até meio desconectada da realidade, mas ainda assim, estava sempre ligadíssima em tudo que acontecia e colocou em prática um altruísmo verdadeiro, de ajuda ao próximo sem interesses.

Ela também construiu, num terreno ao lado da casa, uma capela em homenagem à Nossa Senhora da Conceição. Lembra que ela não tinha nenhuma ligação com qualquer ordem religiosa? Pois é, ela construiu tudo sozinha, sem ajuda nenhuma da Igreja.

A antiga capela construída pela beata e que hoje é o Santurário de Nhá Chica em Baependi.

A antiga capela construída pela beata e que hoje é o Santurário de Nhá Chica. Descubra quem foi Nhá Chica em Baependi.

Demorou 30 anos para ficar pronta e reza a lenda que os pedreiros haviam informado para ela que faltaria adobe para a sua conclusão, mas ela garantiu que eles deviam prosseguir sem se preocupar. No fim, não faltou nem sobrou nada e a capelinha foi concluída com sucesso.

Em 1940, como o número de fiéis não parava de crescer, decidiram demolir a pequena capela e construir um Santuário maior que conseguisse suportar o fluxo de pessoas.

Até entendo que a capelinha devia ser mesmo um pouco frágil, mas acho uma barbaridade terem demolido, pois além de ser a original planejada e executada a duras penas por ela, era parte da própria história de Nhá Chica. Na minha modesta opinião, o mais correto seria construir o Santuário anexo ou em outro local, mantendo a capela.

Pelo menos mantiveram os restos mortuários dela onde havia sido enterrada, dentro da capela. Dizem que na época do sepultamento todos sentiram um perfume de rosas na capela e que quando fizeram a remoção e recolocação do corpo, o mesmo cheiro foi sentido pelos presentes. Não é à toa que você vai ver rosas pela casa, museu e igreja.

Essa visita toda pode ser feita em pouco mais de uma hora e já dá uma boa ideia de quem foi Nhá Chica. Não deixe de conhecer se for à cidade para descansar ou conhecer as lindas Cachoeiras de Baependi, cujas dicas todas deixei nesse outro post, clique para ver. E se for à Caxambu, que está a apenas 5kms de distância, dê um pulinho lá também!

Quem foi Nhá Chica: a simplicidade de sua vida na pequena cozinha da casa. Milagres de Nhá Chica.

Quem foi Nhá Chica: a simplicidade de sua vida na pequena cozinha da casa. Milagres de Nhá Chica.

Dia de Nhá Chica

Se você já for um devoto ou se quiser testemunhar a fé na sua forma mais intensa, pode fazer uma romaria ou visitar o Santuário no dia de Nhá Chica, que é 14 de junho, data de sua morte.

A cidade e o Santuário de Nhá Chica costumam fazer festividades, com atividades que vão do dia 5 ao dia 14 de junho, data que às vezes também coincide com Corpus Christi e cai num feriadão. Além de novenas e missas, as festividades incluem barracas de comida, shows e uma grande fogueira no dia de Santo Antônio (13 de junho) e acontece em Baependi e em Alagoa, a cidade vizinha.

Mas além de 14 de junho, que é oficialmente o dia de Nhá Chica para celebrações litúrgicas, a data de sua beatificação – 4 de maio – também é celebrada.

Há uma peregrinação anual em 1º de maio que parte de São Lourenço, Caxambu, Soledade de Minas e Baependi.

Aliás, há vários roteiros de peregrinações e rotas religiosas que acontecem somente em Baependi, em cidades próximas e até algumas que partem lá de São João Del Rei.

Por fim, mas não menos importante, o Santuário de Nhá Chica que, como já expliquei, na verdade é o Santuário de Nossa Senhora da Conceição também fica em festa em 8 de dezembro, data da em que o relato da Virgem da Imaculada Conceição, ou Virgem Maria, foi declarado dogma pela Igreja Católica.

A sinhá da beata, afinal, tem papel essencial na história de Nhá Chica e Baependi faz questão de homenageá-la.

No post em que falei sobre o fazer em Baependi, comentei que curiosamente a outra principal igreja da cidade também homenageia Maria. É a Igreja da Nossa Senhora da Boa Morte, cuja referência é justamente a morte de Maria, que foi “assunta”, ou seja, levada de corpo e alma aos céus. Como eu disse, Nascimento e Morte em 2 pracinhas diferentes. Não te faltará inspiração para aquela prece para Nossa Senhora e para Nhá Chica!

Não deixe de ver o que fazer, como chegar e dicas de hospedagem em Baependi, aqui nesse outro post. E se quiser esticar a viagem, tem mais um montão de dicas do que fazer em Aiuruoca aqui.

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QUEM FOI NHÁ CHICA

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