Chegamos à Havana depois de nos esbaldarmos em Varadero e Cayo Largo, como já contei aqui.
Eu não fazia muita ideia do que esperar e fiquei meio chocada quando cheguei ao nosso hotel, o Tryp Habana Libre. Era um prédio enorme, com tuk tuks na porta e um salão de telefonistas! Era super bonito e subiu rapidamente de legal para incrível quando entramos no quarto. Tem gente que diz que a decoração é meio antiquada, mas eu nem percebi isso. Do alto do 23º andar onde ficamos, eu só conseguia enxergar a vista fantástica da cidade e o tamanho absurdo onde toda uma família poderia dormir! Super recomendo, o café da manhã ainda era ótimo.
Esse hotel fica em Vedado, um bairro um pouco fora da zona mais turística da Havana Vieja, e que é bastante residencial. Na frente dele, fica a famosa sorveteria Coppelia e do lado fica o Cine Yara, dois clássicos da cidade visitado por muitos locais. Lembro que durante nossa estada estava em cartaz “O Segredo dos seus Olhos” e havia uma fila imensa em todas as sessões! Por ali tem um monte de restaurante e também bares e casas de shows. Circulamos muito a pé pela área.
Somente ao chegar em Havana a realidade ao redor apareceu. Como até então só tínhamos nos hospedado em hotéis all inclusive, não percebemos o valor das coisas. A começar, existem dois pesos e duas medidas. O peso para os cubanos é o CUP e o dos turistas é o CUC, ou pesos conversíveis. Os turistas são proibidos de andar com CUP e ninguém vai aceitar mesmo, porque o CUC valia (em 2010) mais ou menos 30 vezes mais que o CUP e ninguém é bobo.
Então por exemplo, se você for pegar um ônibus, vai pagar 2 CUCs, que hoje equivaleriam a R$ 6,00 mais ou menos, mas em CUP custaria 0,50 ou R$ 0,02. Você até pode comprar uns CUPs clandestinamente e tentar andar de ônibus como se fosse local, mas a não ser que você tenha uma calça amarelo ovo que combine com uma blusa em outro tom de amarelo ou alguma roupa que pareça ter vindo de outra década ou vida, você não vai passar despercebido, acredite em mim. E se alguém te dedurar pode sair mais caro.
A mesma coisa na Coppelia: o sorvete só é vendido para turista em CUC e para os locais em CUP. Não estou reclamando de injustiça por ter pago mais caro, é só muito esquisito. Mas tudo bem, sentei com meu sorvetão em frente o Che Guevara e fiz valer todos os muitos reais que paguei nele.
Se você ficou curioso em saber porque em Cuba não é “catraca livre” saiba que lá ninguém se aperta e o Uber seria um fracasso total. É uma questão de etiqueta dar carona. O pessoal fica parado nos semáforos e quando fecha, abordam os carros perguntando para onde vão e, se for caminho, já vão entrando! Nas estradas era comum ver os carros e caminhões simplesmente parando e pegando quem estivesse a pé pelo caminho. Sem ninguém gastar o dedão!
Não quer andar de ônibus nem de carona? Pode ir a pé, de táxi ou de tuk tuk. Eu e a Amanda andamos muito a pé. Porquê gostamos e porque o hotel ficava muito perto do Malecón, mais conhecido no Brasil como “orla”. Uma avenidona à beira mar super delícia onde Havana inteira faz footing, se reúne para pescar, paquerar, conversar, expor seus looks coloridos e tals. De um lado é azul caribe e do outro vista da cidade à beira mar, que foi toda sendo restaurada para ficar lindinha para a turistada ver enquanto caminha até Havana Vieja, que é onde tudo acontece.
Também andamos por trás do Malecón, onde os turistas não passam e está tudo lotado e caindo aos pedaços. Alguns poderiam dizer que é uma favela, mas eu diria para eles perguntarem para um local como se faz para comprar ou reformar uma casa e eles entenderiam que 1) não há casas sendo construídas em Cuba há algum tempo o que faz as pessoas casarem e continuarem morando na mesma casa com o restante das famílias; 2) material de construção é caro e escasso e 3) o turismo é a galinha dos ovos de ouro da ilha e existe um fundo para o seu fomento que permite que alguns consigam restaurar as construções nos locais mais visíveis, ou seja, a parte arrumadinha é a exceção e não a regra.
Quando não andávamos à pé, andamos de táxi. Parávamos na Plaza de Armas e saíamos pelas ruelas de Havana Vieja. Em uma ou outra ocasião fomos à um ponto específico. Era legal porque tem táxi por todos os lados (até de madrugada), e o papo era sempre ótimo. Só não sei como alguns ainda andam: estavam tão remendados e soltavam uns cheiros tão fortes de óleos que era difícil se manter dentro, mas ainda assim era uma aventura.
Conheço gente que contratou um motorista e viajou a ilha toda, pagando pouco e com um “quase guia” incluso e gente que alugou carro (uns mais novinhos) e zanzou também sem problemas.
Só digo que a galera dirige tuk tuk que nem louco: se tiver problemas de coração, não ande.
Havana continua porque teve muita história para contar, mas só para fechar esses assuntos, você pode sair de Cuba com quantos charutos e garrafas de rum puder carregar, mas não pode sair com dinheiro. Nem CUP nem CUC. Você precisa gastar tudo ou trocar no aeroporto antes de ir (os CUCs, claro).
Até o próximo post com as andanças pela cidade e fora dela!
Para saber mais sobre Cuba:
Havana – Comer e dormir em casa de família
Havana – Bares, Drinks, Música Muito Boa