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Guimarães

Guimarães é maravilhosa, cheia de história, arquitetura, arte.

Não à toa, em 2012 Guimarães foi nomeada a Capital Européia da Cultura e foi inundada por uma intensa e maravilhosa programação cultural que tem o intuito de levar ao conhecimento geral o modo de vida e o desenvolvimento da cidade. Eles organizaram inclusive roteiros exclusivos e temáticos e visitas guiadas, veja o site com carinho e perceberá o mar de possibilidades que eles deram. Eu adoraria ter aproveitado mais, já que estava logo ali pertinho, mas infelizmente não foi possível. Para quem ainda vai passar por ali esse ano o único conselho que posso dar é: aproveite!!!

Praça de Santiago

Padrão de Salado

Independentemente de aproveitar ou não os eventos culturais propriamente ditos, o que vale é que a cidade só veio a ganhar com essa nomeação.

Já tendo sua área central  nomeada Patrimônio Cultural da Humanidade, Guimarães vem ao longo de muitos anos desenvolvendo planos de urbanização e de proteção ao patrimônio que culminaram em diversas intervenções recentes que fazem com que a cidade até brilhe de tão bonita e bem cuidada.

Rua de Guimarães

Pode parecer exagero, mas eu que tive o privilégio de visitar essa cidade com um arquiteto super experiente (meu papi) que soube apontar como o planejamento estava bem feito, mantendo uma harmonia natural entre tanta história e a inevitável modernidade que bate à porta de cada cidade, falo com algum conhecimento.

Mais do que isso, os cidadãos estão evidentemente envolvidos com a recuperação e proteção da cidade e vê-se o símbolo da Capital Européia da Cultura (que não sem razão é um coração!) nas portas, janelas, corredores, prédios públicos e particulares, casas, barraquinhas. Todos são simpáticos, querem que você veja o que eles fizeram, as belezas, saiba a história. Dá orgulho sem nem ser de lá!!

Convento de Santa Clara

Como se pode ver, muitas fotos deste post foram cedidas pela Manuela Paredes, amante e orgulhosa moradora da cidade à quem tenho muuuuito à agradecer. Além das fotos do seu acervo pessoal, todas com legenda sobre a localização e a época em que foram obtidas, me mandou mapa e explicações sobre a cidade, acreditando no blog e fazendo com que minha visita à Guimarães fosse ainda mais rica e emocionante. (Muuuuuito obrigada à você e aos meus amigos Andreia e Ângelo que fizeram com que isso fosse possível!).

Entre as informações que ela me mandou, um trecho do Plano Geral de Urbanização de 1979 me chamou a atenção por ressaltar que a preservação que se pretendia era a de valores (culturais) e não apenas de edifícios, e que a defesa destes valores não deveria nunca ser “um ato passivo de receber e conservar, mas um ato criativo de reconhecer” É meus queridos, é assim que uma cidade vira um ninho de aconchego: mudando a mentalidade dos seus moradores!!!

Largo de São Mamede e Castelo

Castelo de Guimarães

Vista do Castelo para o Palácio dos Duques de Bragança

Para conhecer esse lugar tão especial que fica bem no norte de Portugal você pode pegar um passeio organizado, ou ir de trem, que é um tanto mais complicado, mas possível. Guimarães fica à menos de 1 hora do Porto e à cerca de 4 horas de Lisboa. Ir de carro é uma excelente opção e ainda possibilita conhecer algumas outras cidades da região, como por exemplo Barcelos.

Apesar de belos largos e jardins entono das muralhas, o centro histórico fica mais ou menos fechado, dentro delas, e há apenas algumas entradas.

Se fizer sua primeira parada no ma-ra-vi-lho-so Largo do Toural , todo remodelado para conter desenhos que representam feitos de D. Afonso Henriques, pode ver o Chafariz Renascentista que foi recentemenete transferido para lá, as Igrejas de São Pedro e São Domingos e as várias lojinhas e cafés que ficam por ali.

Largo do Toural

Nem imagina quem é D. Afonso Henriques?Eu também não sabia e talvez ainda não saiba bem, mas ao que parece o pai dele era o famoso D. Henrique (o infante lá do Porto) que se estabeleceu em Guimarães com a esposa D. Teresa, ligada ao reino da Galizia (que fica na Espanha, lembrando que a península ibérica era meio árabe e meio dividida em vários reinos cristãos que adoravam brincar de “rouba o monte”). D. Afonso Henriques teria nascido na cidade e lutado pela independência frente aos espanhóis e outros malucos entre os quais se incluiu sua própria mãe, tornando-se o primeiro rei de Portugal, há muuuuito tempo atrás. Toda essa atividade deu à cidade o título de “berço de Portugal”.

É por isso que ali no início da Alameda S. Damaso em frenten à Torre da Alfândega você vê a famosa torre “Aqui nasceu Portugal”, parada obrigatória para uma fotinho clássica!

Aqui nasceu Portugal, ora!

Também é por essas razões históricas que você perceberá que a cidade é um pouco diferente de outras que provavelmente terá visitado primeiro como Lisboa e Porto. Muitas construções são de pedra, um estilo mais antigo e mais comum nas aldeias, em especial as do interior do norte. As ruas estreitinhas do centro também são bem medievais e típicas.

Continue contornando a muralha e vai chegar ao também ma-ra-vi-lho-so Largo da República do Brasil , com um jardim de tirar o chapéu. Dali você entra pela muralha e vai dar de cara com o Museu Alberto Sampaio, que dizem ser muito bom. Continue andando e vai cair nos famosos Largo da Oliveira e Praça de Santiago , onde fica o Padrão do Salado (um lugar cheio de significado, procure saber). Faça aquela pausa para curtir, tomar um café nas mesinhas das ruas, pensar.

Largo da República do Brasil

Se preferir, entre para a muralha logo depois do nascimento de Portugal e vá pelas ruelas  cheias de simpáticas casas, moradores, lojas e siga por dentro. Depois da Praça de Santiago, pegue a artéria da cidade desde tempos imemoriáveis, a Rua de Santa Maria , passe pelo Convento de Santa Clara  e saia lá em cima para ver o Largo Condessa Mumadona  – com sua estátua esperta, de olho em um dos pontos principais da cidade – podendo seguir para a Capela dos Passos da Paixão de Cristo .

Praça da Mumadona com a estátua de olho no Palácio do Duque de Bragança ;)

Ali começa uma agradável subida até o Paço dos Duques de Bragança , que pode ser visitado por dentro e é bem bonito; depois até a Capela de São Miguel  e, por fim, chegar ao Castelo de Guimarães,  outro que está ali na bandeira portuguesa. A entrada no Castelo é gratuita e você só paga para subir em determinada torre, que não sei o que apresenta porque não tive vontade de ver. A vista dali é simplesmente sensacional e me tomou toda a atenção. Sem falar que a imaginação vai longe nesses lugares, né?

Saia andando, de uma ponta à outra da ala histórica você nem vai ter tempo de cansar. Nem física e nem mentalmente. Se quiser andar só um poquinho mais, vá até o belo Centro Cultural Vila Flor  (para baixo do Toural), passe pelo Mercado Municipal  para uma espiada (do lado do Toural) e dê uma voltinha no teleférico  (para a direita do Largo da República do Brasil)! Se tiver uma preguiça maior que o mundo, saiba que existe uma linha de ônibus que circunda a cidade e passa pelos principais pontos. Bilhetes e partida no Toural.

O moderno Mercado Municipal

Uma descoberta interessante que só fiz depois da minha visita é que Guimarães também tem sítio arqueológico! São as “ruínas ou citânia de Briteiros” , que não ficam exatamente na cidade, mas na freguesia de Salvador de Briteiros, já para os lados de Braga e parecem ser vestígios do século I e até dos celtas, que eu tanto gosto. Pena que não vi, fica para a próxima!

Saiba também que Guimarães é daquelas cidades tão aconchegantes e tão curiosa que é impossível passar o dia ali e não ter a sensação de que era melhor ter dormido lá e experimentado um pouco mais. Não o fiz, mas dei uma pesquisada e há opções interessantíssimas de hospedagem em vinícola (Casa de Sezim), em convento (Pousada Santa Marinha) ou em hostel, como o recomendadíssimo Hostel Prime Guimarães.

Vista de Guimarães

Sem falar na comida! O meu amigo e melhor palpiteiro Marco nos recomendou o restaurante “Nora do Zé da Curva” . Sim, o nome é esse mesmo, meio esquisito. Fica na Viela Traseiras da Rua de Santo Antônio, mas esquece isso, você nunca vai achar o lugar sozinho, nem com mapa, nem com GPS. Também não há razão para se preocupar nem em ficar perdido, nem em confundir o nome. É só parar qualquer um na rua e começar, “por favor, você sabe onde fica o nora…” e pronto, umas 10 pessoas vão apontar, te explicar, talvez te levar, sem nem ouvir o fim da frase. Fica ali, depois de virar à direita e à segunda à esquerda, de passar por dentro de um prédio ou de uma oficina mecânica, e depois da curva. Pare na rua Gil Vicente ou na Santo Antônio para perguntar, e a odisséia será menor.

Atenção! Os mesmos donos abriram um “novo nora do zé da curva”, na Rua da Rainha, mas dizem que não é a mesma coisa…

A “taça” de vinho do Nora do Zé da Curva que virou símbolo da boa comilança da nossa viagem!

Já que você vai mesmo ao original: é escondidinho, o cardápio é tradicional, no melhor estilo arroz de pato, cabrito assado, cozido à portuguesa, bucho recheado… Só digo que nossa vitela assada era de chorar e do arroz de polvo não sobrou nem um grão. Divino, barato, atendimento maravilhoso. Não deixe passar.

Depois você sai para comer um dos belos doces da cidade. Recomendo muito a “Confeitaria e Pastelaria Gil Vicente” , pelo nome bacana, pela vitrine dos sonhos e pelos funcionários simpaticíssimos. Fica na Rua Santo Antônio, 177. Saia do óbvio, aqui não é lugar para pastel de nata ou bolinho de arroz. Experimente qualquer coisa como o “toucinho do céu”, o “castelos folhados” e, por favor, são saia dali ou de Guimarães sem provar um “Jesuítas” (o doce, se faz o favor)!! Ai, ai, ai… que saudade!

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