Se fôssemos surfistas provavelmente iríamos de Bali para G-Land, Nias, Sumatra ou Mentawai. Como não somos, aproveitamos a proximidade com Lombok e fomos conhecer as ilhas Gili, com suas águas calmíssimas e tão cristalinas que até dói o olho.
Come chegar
Para chegar lá é preciso pegar um barco que sai de Sarangan (poucos), Sanur ou de Padangbai. Você pode escolher qual for mais perto de onde estiver, sendo que de Padangbai, que fica mais perto de Ubud, a viagem é um pouco mais rápida. Custa entre 45 e 80 dólares, dependendo do seu poder de barganha e disposição para procurar, mas a maioria ficava em torno de 60 dólares. Existe uma balsa que custa menos de 10 dólares, mas você passa o dia todo viajando, enquanto o Fast Boat faz o trajeto em 1h30.
Você pode chegar lá no porto e arrumar o ticket, mas os barcos saem lotados e você pode não achar lugar. Além disso, se você marcar com antecedência, as empresas dos barcos te buscam no hotel e você economiza um pouco. A maioria das empresas só buscam na região de Kuta, Legian e Nusa Dua, mas não desanime.
Existem várias empresas fazendo o trajeto e algumas até permitem a reserva pela internet, mas a verdade é que não funciona, eu tentei. Como ninguém respondia, resolvemos pedir um help no hotel.
Perguntei para a gerente do hotel e ela disse que ia ligar na empresa onde eu tinha feito a reserva por 60 dólares sem transporte até o porto, (transporte este que nos custaria mais uns 15 dólares) mas que tinha outras opções e ia buscar a que fosse mais em conta. Tive a certeza de que íamos tomar um golpe de turista amador, mas a comunicação por telefone em inglês cheio de sotaque não era fácil.
Depois de uns 20 minutos ela me disse que tinha achado uma que faria por 55 dólares e nos buscava no hotel (esqueci o nome da empresa, mas basta pesquisar, todas tem mais ou menos o mesmo serviço). Puxa! Que bom negócio! Só que eles queriam receber no dia anterior, então se fizessemos a reserva eles passariam no hotel para pegar o dinheiro. Alerta vermelho, alerta vermelho…
Era de manhã e eles passariam à tarde. Para não ficarmos presos esperando, deixaríamos o dinheiro com ela. Ok, era a gerente do hotel e parecia seguro. Quando voltamos, ela não estava mais e ninguém sabia dos tickets. Mas ligaram para ela e ela disse que estava tudo certo, o barco saia às 10h30 e a van estaria no hotel às 6h30 da matina para nos pegar. Só que nesse horário não tinha nem vento no hotel para saber se tinha dado tudo certo e também, o que importava?, ninguém nem tinha me visto dando o dinheiro para ela…
Dormimos tensos, acordamos e ficamos sozinhos esperando na rua vazia. E não é que a van apareceu mesmo? Mas ainda não estávamos tranquilos. Todo passageiro que entrava tinha um ticket e nós não tínhamos nada. O motorista disse que veríamos lá no porto. Quando chegamos à Padangbai, horas depois, nos mandaram entrar na empresa para pegar os tickets. Todos tinham um papelzinho e pagavam na hora. Eu tinha certeza de que embarcaríamos, mas o prejuízo era evidente.
Só que não. Nosso nome estava lá, nos entregaram os tickets e nos mandaram esperar o barco. Nem assim eu aprendi que ali não tinha golpe. Tinham levado nossas malas e não sabíamos para onde. Não paravam de chegar pessoas e barcos diferentes e ficamos tensos sem saber se alguém algum dia ia achar nossas malas de novo, mas mais uma vez, estava tudo lá certinho.
Bali é assim. É claro que não dá para confiar em tudo e todos, mas os verdadeiros balineses querem sempre ajudar e fazem de tudo por você na maior paz. É lindo. Não sei se porque no Brasil esperamos golpe de tudo, mas aquilo me fez sentir uma fé verdadeira de que nem tudo está perdido. E naquele dia de céu todo azul, mesmo com tudo fechado por ser um dia religioso muito importante e todos estarem indo aos templos, eles estavam lá pegando a gente, levando as malas, seguindo com o barco, vendendo frutas para quem não tinha tomado café. Tudo com sorriso no rosto e educação.
Qual Gili escolher
Bom, as Gili Island são um pedaço do paraíso. São 3: Trawangan, Meno e Air. Trawangan é a maior, com inacreditáveis 15km² que você circunda em 1h30 caminhando. Gili Meno tem a metade do tamanho de Trawangan e a Air é ainda menor. Sem carros em nenhuma delas. Sem ruas asfaltadas. Paz, paz, paz. Do jeito que eu amo, do jeito que nos faz nos sentir livres da civilização, mesmo que agora ela esteja parecendo mais simpática.
Você pode ficar em qualquer uma delas, mas quanto menor, menos opções de tudo. Na verdade a Trawangan é a ilha da agitação, com bares, restaurantes e gente querendo paquerar, ver e ser visto.
Depois de muito pesquisar, optamos por ficar em Trawangan mesmo porque nosso hotel em Bali já tinha sido um pouco mais isolado e queríamos ter opções para comer, talvez até tomar um porre, sei lá. E para ir de uma ilha para a outra havia um barquinho de 5 minutos entre elas.
Onde ficar
Só tivemos um pouco de cuidado na localização do hotel. A ilha tem uma vila de uma rua só. Nela estão tudo e todos: bares, restaurantes, empresas de mergulho, hostels, hoteis, barraquinhas, o porto, as charretes, os cogumelos etc e tal. As outras ruazinhas são pequenas e tem basicamente casas e alguns hoteis. Escolhemos um hotel que não estava no meio do burburinho, mas também não estava muito longe: o Villa Grasia.
O quarto era algo de outro mundo, incrível! Eu queria reproduzi-lo totalmente na minha casa, mas claro que eu precisaria de outra casa… Não era a opção mais barata, mas era de frente para a praia, com espreguiçadeiras e bar, tinha uma piscina bem agradável e tinha inclusos na diária uns miminhos bem bons: toalhas, bicicletas e equipamento de mergulho. Só a comida podia ser melhorada e mesmo assim era muito boa. E tinha uma vista lindíssima do pôr-do-sol, como amamos.
Outras opções de hospedagem para você em Gili Trawangan, Meno e Air!
Aqui seus passatempos serão: chill out na praia, hang out na piscina, snorkel, tomar uma Bintang, comer. Talvez andar de bike. Uma vida duríssima!
Onde comer
Do nosso hotel não víamos nem ouvíamos nada da vila. Na chegada pegamos uma charrete que vai por dentro da ilha e pareceu que estávamos super longe de tudo e todos e que não daria para andar no meio do mato à noite, mas numa caminhada de 15 minutos pela praia, à noite sob o céu estreladíssimo, estávamos nas lojinhas – que diga-se tinham as roupas mais legais para serem compradas nessa viagem – bares e restaurantes.
Os restaurantes são meio parecidos, com muito churrasco de coisas do mar que você mesmo escolhe e vê o cara colocando no fogo, mas gostamos especialmente do Scallywags. Experimente o kings prawn. Um camarão tão grande que parece uma lagosta. E sempre tem lagosta também, além de vegetais e pratos que saem da cozinha mesmo. Eu comi um Tandori Marsala Chicken que estava perfeito. Sem falar que eles dizem que é tudo orgânico e ainda são muito simpáticos.
Comemos em warungs da praia também, principalmente o já aprovado nasi goreng. Experimentei um gado-gado, que são uns legumes cozidos com molho de amendoim que estava fantástico. Também é possível comer nos restaurantes dos hotéis. Pros nossos lados tinha uma rua que quase formava uma nova vila, só que tinha apenas hotéis de um lado da rua, e os restaurantes e bares dos hotéis do outro lado, pé na areia. O Wilson’s Retreat era o mais chiquetoso, embora ainda assim fosse pitoresco. E o Oceano Jambuluwuk é bizarro, totalmente fora do contexto da ilha.
Bem do outro lado da ilha fica o Ombak Sunset. O hotel é super mega incrível, mas é bem isolado. Tem que andar bastante para chegar a qualquer outro lugar (vimos quando demos a volta na ilha a pé). Mas para quem quer ficar mais do que tranquilo e mais do que confortável, vale. Sem falar no pôr-do-sol.
Para mergulhar
Aqui seguimos mais ou menos uma dica que recebemos para fazer um curso de mergulho. Como ficamos 4 dias, ao invés de fazer o curso de dia todo que dava direito a certificação, fizemos um cursinho de algumas horas e fomos mergulhar. Confesso que não gosto muito disso. Achei muito rápido, fiquei com medo e fiz tudo errado. Mas valeu cada um dos 60 dólares que custou. Em todo lugar da ilha é só você entrar na água com snorkel e já vê um monte de coisa porque ela é rodeada de corais, mas basta ir um pouquinho mais longe (há uma infinidade de pontos de mergulho somente em volta da ilha, veja acima) e uma outra vida aparece diante de você. Nós, que fomos ao Manta Point, vimos várias tartarugas gigantes, que foi justamente o que me motivou a participar dessa aventura. Nosso instrutor foi super ponta firme e me ajudou em tudo, recomendo: Mango. Eles têm saídas diárias e ainda são uma pousada (para quem não quer perder tempo nem de andar até lá!)
Night em Gili Trawangan
À noite cada bar vira uma balada e tem de tudo. Nós curtimos apenas o Sama Sama Reggae Bar, que na minha opinião era o único que tinha um clima de praia gostoso, além de cerveja barata. E toca lá uma banda local chamada Mellowmood, super boa!
Nossa “night” se resumiu a jantar, andar por ali (ou fazer um footing como diria minha mãe) e um pouquinho ali no Sama Sama, mas a coisa rolava até de manhã, quando então você encontrava o pessoal inutilizado na areia de tanta ressaca e tentando descobrir com que parte do mundo tinha ido dormir ontem. É para os festeiros, sem dúvida.
Mas a gente voltava para o nosso hotel, curtia a praia naquela escurinho que te deixa ver todo o céu e acordava de boa e super feliz.
Se tiver tempo, vá até Lombok. Nos pareceu um lugar incrível com muita coisa para se fazer. Mas se não der, não deixei Gili de fora do seu roteiro. Foi o melhor do nosso!
No próximo estaremos em Nusa Lembonghan!
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