Fazenda Tozan – Uma Fazenda de Café em Campinas para Passeio
A Fazenda Tozan é uma das mais antigas fazendas de café de São Paulo e uma das poucas sobreviventes. É uma fazenda em Campinas para passeio em família, entre amigos ou em casal que propõe um roteiro do café super gostosinho! Me diz, você já pensou em conhecer uma fazenda de café para visitar e aprender o processo de fabricação dessa bebida tão presente em nossas vidas e símbolo do Brasil? É um passeio imperdível para os amantes do café, mas também um passeio cultural muito rico e interessante, que vai do cultivo à história, passando por como era a vida dos imigrantes nas fazendas de café, escravatura e, claro, à degustação do café da fazenda. Vem saber mais!
Café da Fazenda para os Amantes do Café
Posso dizer que faço parte da turma de amantes do café. Minhas manhãs são em câmera muuuito lenta sem uma caneca de café para começar o dia, e, bom, as tardes também! Rá-rá.
Mas confesso que faz pouco tempo que comecei a procurar cafés de melhor qualidade e a me interessar mais pelo processo produtivo e como eu me sinto tomando café.
Não me refiro à famosa cápsula de café. Gosto também, é claro. Mas além de cara e de ter impactos ambientais que não podemos ignorar, a verdade é que para mim muitas dessas cápsulas são excessivamente ácidas e o prazer de beber o café dura poucos minutos.
Ok, pode ser que eu ainda não tenha encontrado uma cápsula para chamar de meu bem, mas, a verdade é que percebi que um bom café coado, de preferência moído na hora, é o café que eu gosto de beber, o que me permite dispensar o açúcar e sentir só seu sabor.
É ele que não briga com meu estômago, que não agita demais ao ponto da irritação. É ele que me fez querer saber mais sobre café e a procurar produtores no melhor estilo slow food.
Afinal, saber de onde vem e como é o cultivo, além de valorizar os produtores que se dedicam à trazer esse café maravilhoso para as nossas vidas, enfrentando dificuldades mil, me parece muito melhor do que simplesmente aderir à moda ditada pelas multinacionais.
Foi pesquisando produtores para comprar café em grão aqui pros meus lados de SP, que descobri a Fazenda Tozan, em Campinas. Apesar de ter uma produção majoritariamente voltada para a exportação, a fazenda de café permite a visitação dos campos de cultivo, lojinha, sede e outras instalações num tour guiado pra lá de interessante.
Então fui conhecer, vem junto saber como é a visita!
Fazenda em Campinas para Passeio – Fazenda Tozan
Há anos a Fazenda Tozan possui um tour em que conta a história da fazenda e mostra o cultivo e o processo de beneficiamento num roteiro do café mais educativo. Digo isso no sentido de que os passeios não tem um perfil tão gastronômico. Provamos o café, é claro, mas não tem uma degustação comparativa, por exemplo. O foco é na fazenda e no processo cafeicultor.
Porém, desde o início da pandemia essa fazenda em Campinas para passeio mais cultural abriu as portas também para um turismo de experiência, indo além do roteiro histórico. Dois novos tours apareceram, o Piquenique e o Pôr-do-sol. Todos duram 3hs.
No tour original, o “Roteiro Cultural com a Produção de Café”, os visitantes vão ser guiados pela fazenda, conhecendo todo o processo de cultivo e beneficiamento, além da história da fazenda, que permeia a própria história do país. Há uma degustação do café da fazenda com pãezinhos de queijo.
Já o “Tour do Pôr-do-sol” é uma versão um pouco reduzida do roteiro anterior (com café e pão de queijo) para que, no final, os visitantes assistam ao sol se pôr do lindo mirante de onde se tem uma vista que vai da extensa plantação da fazenda até às cidades da região, que ficam pequeninas ao redor.
O mirante, construído no final da década de 20 e que fez parte da Revolução de 32, tem estilo japonês e faz uma linda composição com a paisagem bucólica e cheia de gaviões.
Por fim, o “Piquenique” é também uma versão reduzida do roteiro cultural, mas que começa com café da manhã num jardim sombreado por lindos flamboyants. Foi esse tour que eu fiz e que conto abaixo como foi.
Café da Manhã na Fazenda Tozan
Eu escolhi o tour do piquenique por duas razões. A primeira, porque fui numa época de chuvas de verão, sendo muito mais provável que as minhas expectativas com pôr-do-sol se frustrassem. Acho, aliás, que deve ser um passeio lindíssimo no outono e no inverno, com aquele céu lindo que faz nessa época.
A segunda razão foi para aproveitar um pouco mais do ambiente verde e cheio de ar puro fora de SP. Imagine começar uma manhã tomando um bom café entre plantas e pássaros, deitado na grama? Delícia, né?
E foi mesmo. A Fazenda Tozan fica em Campinas e o piquenique começa às 10hs. Assim, nem precisamos acordar tão cedo e foi tranquila a viagem desde SP para chegarmos no horário.
O café da manhã é básico: mini lanchinhos, pão de queijo, bolo, frutas, água, suco, leite e o café da fazenda para ser degustado sem economia. Apesar de simples, estava tudo gostosinho e achei a quantidade de comida ideal, já que depois do café seguimos caminhando pela fazenda por mais ou menos 1h30.
Você pode escolher se quer que o piquenique seja servido no chão ou em uma mesa, o que achei bem simpático, já que qualquer um pode ir, sem se preocupar com eventuais desconfortos.
Achei o passeio extremamente cuidadoso com a pandemia. O grupo era pequeno e ao chegarmos, fomos orientados a mantermos distância um dos outros e tirarmos a máscara apenas para comermos, o que todos respeitaram (tiramos também para algumas fotos no final do passeio, quando ficamos sozinhos).
Cada grupo de pessoas que veio junto (a maioria casais) foi levado ao seu espaço de piquenique, todos bem afastados uns dos outros e com álcool gel. Cada um recebeu uma cestinha com o café da manhã, que veio todo embalado para garantir o menor contato possível com as mãos.
Ficamos por ali cerca de uma hora e achei especialmente delicado por parte da Fazenda Tozan dar a cada turma um saquinho para levarmos o que sobrou do café da manhã, caso quiséssemos.
Como veio tudo embaladinho, ficou prático para levar e assim evitamos o desperdício, ainda mais em tempos de pandemia, em que provavelmente até o que não foi aberto acabaria no lixo. Para completar a delicadeza, eles guardam as sacolinhas na lojinha e pegamos só no final do tour. Sem preocupações!
Conhecendo uma das Fazendas Antigas de Café em Campinas
Depois do café, começamos o tour, que é feito praticamente todo à pé. A Fazenda Tozan é imensa, embora já tenha sido consideravelmente maior, mas o tour segue apenas por parte dela e é todo plano, bem acessível. Só no final pegamos uma van para ir até o mirante e retornar (quem quiser, pode ir no próprio carro).
Considerando o piquenique e depois a caminhada, é essencial ir com roupa confortável, de sapato fechado, com óculos de sol, e passar filtro solar, especialmente se for no verão. Eu ainda acrescentaria passar repelente para ficar ainda mais à vontade.
Curiosamente, enquanto estava lá comentei que uma vez vi uma entrevista com a Débora Falabella em que ela comentava as filmagens de Sinhá Moça, uma novela que, talvez você se lembre, se passava numa fazenda de café. Como era uma novela de época, ela usava aquelas oitocentas camadas de roupa e gravava as cenas num cafezal, num sol de rachar.
A dica dela foi: se mexa o mínimo possível para não aumentar ainda mais o calor. Não era uma dica útil pro tour. Rá-rá. Mas lembrei justamente porque estava um calorão que só nos fazia pensar em como é que as pessoas conseguiam trabalhar na lavoura! E não é que a tal cena tinha sido filmada lá na Fazenda Tozan? Aliás, teve uma mini-série japonesa gravada lá também!
Nossa guia foi a simpaticíssima Vera e ela se preocupou durante todo o tour em parar em locais sombreados para dar as explicações sem nos fritar e também em manter o grupo com distanciamento o tempo todo. Vou dizer mais uma vez que foram excelentes os cuidados com a pandemia porque realmente achei que é um passeio viável, todo ao ar livre e com muita consciência.
Nessa parte do passeio, vamos aprender sobre o cultivo do café em suas várias fases, desde a plantação, passando pelas lindas floradas (que ocorrem no começo da primavera), processos de colheita, secagem e beneficiamento. Eles falam um pouco sobre a torragem também, mas como a fazenda Tozan exporta praticamente toda a produção e a torragem deve ser feita o mais próximo possível do consumo, a torra geralmente é feita no exterior.
Passamos também por um “museu vivo”, uma área de estudos da fazenda e do instituto biológico onde vemos os pés de café de algumas variedades e temos a oportunidade de ver os grãos em diversas fases de maturação (ou prontos para a colheita, para quem visita entre junho e agosto).
De acordo com a Vera, o café da Fazenda Tozan não pode ser classificado como um café especial, porque a fazenda não possui muita altitude, que é um dos fatores que modificam a qualidade do café. O clima mais ameno nos locais mais altos gera uma maturação mais lenta dos frutos, modificando o sabor, a acidez, entre outros.
Mas a nota do café Tozan é altíssima e posso atestar que o café é delicioso, muito suave e diferente do café que costumamos comprar no supermercado. Sim, dá pra trazer café para casa! =D
Como era a vida dos Imigrantes nas Fazendas de Café
Um outro aspecto interessantíssimo do passeio é a parte histórica.
A história da fazenda, fundada há mais de 200 anos, praticamente se mistura com a história do Estado de São Paulo e do Brasil e vamos fazendo um paralelo sobre tudo isso ao longo da caminhada. É uma das fazendas antigas de café e praticamente a única que sobrou em Campinas.
Visitamos a sede da Fazenda Tozan, os terreiros de café e a sempre triste senzala, mantida no estado em que se encontra para preservação da história.
É ali que um filme passa pelas nossas cabeças. Do início da fazenda, baseada no trabalho de centenas de escravos aos dias atuais, em que máquinas incríveis são capazes de otimizar a colheita, percebemos o quanto aquelas terras já viveram, na verdade quase a metade da vida do próprio Brasil.
Ouvimos sobre a vida dos escravos, sobre a construção da senzala, sobre os detalhes, que entregam a maldade e a dureza com que uns se aproveitaram dos outros. Refletimos sobre como era possível o trabalho, a vida naquelas condições, naquele calor, naquela distância de casa.
Me lembrei de Torto Arado (livro lindíssimo de Itamar Vieira Junior – leia porque já nasceu clássico) num trecho em que um personagem diz a outro que o homem deveria ter a terra do tamanho que consegue cuidar sozinho. Uma questão tão atual e importante de pensarmos.
Depois da abolição, começa a fase da imigração e a fazenda recebe muitos italianos. A senzala é reformada para que eles possam ali viver e temos uma noção de como era a vida dos imigrantes nas fazendas de café. Vou te dizer, não era fácil.
Eu só entendi melhor o que fez com que tantas pessoas imigrassem pro Brasil depois de visitar o Museu da Imigração (antigo Memorial do Imigrante), um museu essencial aqui em São Paulo, como contei nesse outro post, leia também porque vale a pena. O governo brasileiro fez convites, garantiu empregos. Foi isso que fez com que tantos italianos e japoneses viessem parar aqui, sem saber nada sobre como realmente as coisas eram. Se é difícil ser informado com a internet, imagine antes!
Agora pense como foi chegar e descobrir que você vai viver na senzala, que o calor é insuportável, que a lavoura é gigantesca, que o trabalho é infinito. E aprender uma língua nova, aprender a lidar com essa terra, com a comida… Quantas transformações essas pessoas enfrentaram! Que legado nos deixaram!
Em 1927 o fundador do Grupo Mitsubishi compra a fazenda e os imigrantes que passam a viver ali são predominantemente japoneses. A fazenda é usada como um pólo político, como fazenda-modelo e também sofre os impactos da Revolução de 32, como já contei, e da Segunda Guerra Mundial.
É muita coisa, mas vou parar por aqui, pois o resto e todos os detalhes, você descobre lá!
Aproveite, é um lindo passeio para quem gosta de história, para os amantes de café, para arejar a cabeça e ainda é pertinho de SP e super seguro.
É preciso reservar com antecedência aqui no site da Fazenda.
Aproveite também para desbravar as cervejarias artesanais de Campinas, tem todas as dicas nesse post!
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Boa dica, Andressa! Já deixei o Museu do Café na minha lista de lugares pra conhecer. Já estive em Santos tantas vezes e nem tinha ouvido falar, que pecado, né?
Só o cheirinho de café já deixa a gente feliz, né Sil?
A Fazenda é uma delícia, Carina! Vá se puder, vai amar!
Analuiza, na verdade só o lanchinho tinha peito de peru ou presunto, mas é só avisar que é vegetariana e eles fazem sem! Vá visitar quando estiver por SP, tenho certeza que como boa amante do café, vai adorar!
Que artigo bacana! Adorei a forma como relatou esse passeio tão interessante! O café é tão importante para o nosso país neh! Eu trabalhei um tempo no Museu do Café em Santos e depois disso, mudei totalmente a forma como aprecio essa bebida! Obrigada por compartilhar! Abraços!
Nada como um cafezinho para começar bem o dia, né ? Eu amo café e já anotei essa dica da Fazenda Tozan em Campinas para quando eu voltar na cidade. Adorei a ideia do piquenique!
Mais uma do time “Eu amo café”! Deste modo, não tem como eu não ter achado este post muito legal e ter ficado doida de vontade de conhecer uma fazenda assim. Parabéns, post super completo, e deu quase até pra sentir o cheirinho do café…
Sou amante do café. Meu dia não começa antes de um bom café. Às vezes coado, outras de capsula. Só gosto dos bons, especiais e faço a moagem dos grãos em casa. Adoro as capsulas, as chamo de minhas e uso as recicláveis. Adoro cultura e história, assim como a natureza. Em resumo: gostaria muito desse passeio pela Fazenda Tozan. Começar o dia com um bom café da manhã ao ar livre é um sonho. Pena que pela sua descrição das comidas, eu ficaria mesmo só no cafezinho porque sou vegetariana. :) bjus