Culinária Tibetana e Onde Comer Em Lhasa – Tibet
Você faz ideia de como é a culinária tibetana? Pois é, eu também não fazia ideia de como era essa gastronomia e fui aprendendo na estrada, em alguns restaurantes tibetanos que encontramos na Índia e no Nepal antes de chegarmos realmente no Tibet. Mas, como sempre, o que comemos fora do Tibet não era exatamente a comida que eles serviam por lá…
Vou te contar um pouquinho o que se come na culinária tibetana e dar umas dicas de uns bons restaurantes em Lhasa. Nem todas as fotos aqui desse post estão ótimas porque em se tratando de comida eu quero é comer logo e acabo esquecendo as fotos! Rá-Rá!
Dê uma olhadinha também nos nossos outros posts sobre o Tibet:
Como ir para o Tibet – Passo a Passo
Turismo no Tibet – Roteiros de viagem pelo Budismo Tibetano
Turismo no Interior do Tibet – Shigatse e a estrada
Pratos da Culinária Tibetana
A culinária do Tibet se baseia no Yak – um bicho que parece um búfalo – em arroz e em vegetais. O budismo tibetano (religião da maioria dos tibetanos) é bastante estrito quanto à morte de qualquer ser vivo: simplesmente não pode (dizem que a construção de cada prédio demorava uma eternidade porque antes todos os animais, inclusive insetos e formigas, tinham que ser retirados do caminho vivinhos!!!!) Por isso, é sugerido o vegetarianismo, de modo que nenhum animal seja morto pelo homem. Mas no frio que faz por lá no inverno essa é uma tarefa bem difícil, tanto pelo gasto calórico quanto pela dificuldade em plantar e manter vegetais. Em algum momento os tibetanos acordaram que era melhor comer o yak porque, além de ser um animal típico da região, é bastante grande e carnudo, ou seja, apenas um animal é capaz de alimentar várias pessoas, evitando que ocorram muitas mortes.
Hoje em dia você vai ver frango, carneiro e até carne de vaca por lá, mas dificilmente você vai ver essas outras carnes em restaurantes tipicamente tibetanos, aquele tibetano raiz. Uma forma fácil de identificar quando um restaurante é chinês, fica a dica. Mas nos restaurantes que servem comida “western” pros gringos que voam meio mundo para comer pizza e hamburguer, vira e mexe tem.
O yak não apenas é a carne oficial, mas é a fonte inesgotável de leite, queijo e manteiga, totalmente onipresentes. A manteiga serve de combustível para as velas que queimam dia e noite no Tibet, empesteando o universo de um cheiro meio rançoso e enjoativo. Também é ingerida da forma como estamos acostumados, mas a forma mais comum de vê-la é batida com chá preto, fazendo o chá de manteiga, totalmente típico dos himalaias e da culinária tibetana.
Nas palavras de um amigo antes de irmos para lá: é a coisa mais horrível da face da terra. Achei exagero. Ta, é meio ruim no começo. Depois de um tempo você acostuma. Mas confesso que esse chá parece uma sopa, super grosso e gorduroso e, embora não seja salgado, parece salgado, não sei explicar direito. Definitivamente é quase uma refeição.
Também é típico do Tibet o “Sweet Tea”, que é o chá preto com leite e açucar. Esse sim, vai ter em toda, toda, toda casa de chá. Também é meio enjoativo, na minha opinião, mas não tem como fugir dele, vão te servir sempre.
Não deixe de jeito nenhum de visitar uma casa de chá. Elas são comuns pelas ruazinhas do bairro antigo de Lhasa, não tem nome nem nada, por isso não tenho como indicar exatamente o local da que visitamos, mas são uma verdadeira imersão na cultura local. Na verdade é um local para socializar, e já que é para sentar em volta de uma mesa, todo mundo toma chá (desde 1980, porque antes disso era clube do bolinha: mulheres não podiam entrar).
Na maioria das casas de chá você não vai ver turistas, não tem cardápio em inglês nem nada, mas você vai ver toda mesa com uma garrafa térmica e é só apontar e fazer sinal de um e sentar. Não importa se você estiver sozinho ou em grupo, eles vão te servir uma garrafa cheia de chá preto com manteiga ou de chá doce. Os tibetanos simplesmente amam ficar lá conversando, fofocando, jogando alguma coisa e já que vão ficar lá por um bom tempo, não faz sentido beber só um copinho de chá, por isso servem sempre de garrafa.
Fomos em uma que acredito que chame Guang Ming, porque não tinha nome em inglês e foi o que eu entendi. Lá também servem comida, mas como não entendemos o cardápio, não sei dizer com certeza as opções para comer. O sistema, se quiser comer, é igual ao do chá: aponte para alguma mesa com comida e peça um igual. Esse lugar é muito especial se você quer conhecer a essência do povo tibetano. Veja aqui algumas recomendações de casas de chá em Lhasa.
Já o queijo é branco e na minho opinião, bastante insosso. Em geral é usado em recheios e sugiro que você não se engane, porque como o queijo não é muito cremoso nem muito saboroso, tudo recheado ou coberto de queijo na verdade fica meio sem gosto. Peça sempre a opção de legumes, é o que posso sugerir.
A outra opção para o queijo é comer em pequenos cubinhos, seco. Os tibetanos adoram esse queijo seco. Experimentamos várias vezes, mas é tão duro que há sérios riscos de quebrar o dente. O jeito é “chupar” e acredite, não derrete nunca, tem um gostinho meio esquisito e geralmente você não tem como se livrar dele depois que colocou na boca sem ser muito mal educado.
Passada essa introdução básica, a culinária do Tibet é complementada por arroz, pasta, legumes cozidos, amendoim e muito cogumelo, minha aposta sempre certeira. Na dúvida: arroz com cogumelo, momo de cogumelo, legumes com cogumelo. O cogumelo é muito bom.
No quesito pasta existem algumas especialidades tibetanas, estas sim, muito boas.
Para começar, o momo. Assim como o rei do carnaval, o momo é o clássico dos clássicos. É um tipo de bolinho de massa cozido no vapor com algum recheio (legumes, queijo ou carne), algo como um dim fum chinês ou, menos parecido, com uma guioza. É bem gostoso. Mais uma vez, sugiro ir no de legumes. Você encontra em todos os restaurantes, barracas e portinhas em qualquer ruela.
Tanto o Thenthuk quanto a Thukpa são um tipo de sopa com massa (um tipo fetuccine e o outro uma massa achatada e cortada em cubinhos). As massas são muito gostosas, caseiras, mas o grande lance desses pratos é o caldo. Vai depender do acompanhamento, porque pode vir só com legumes, com carne, com amendoim, com ovos e o tempero é aquele: da casa. Esse é o prato para nunca errar. Até quando é ruim é bom.
Fora isso eles comem arroz frito com legumes/ovos e/ou yak, macarrão frito com os mesmos acompanhamentos e diversos legumes cozidos acompanhando arroz branco.
Por fim, eles comem uma coisa chamada Tsampa, uma das poucas especialidades com as quais eu realmente não me dei bem. É um tipo de farinha que eles misturam com chá (claro, por quê não?), com leite, sopas e fazem tipo um mingau. Não tem muito sabor e pesa uma tonelada no estômago ou, em outras palavras, mata a fome e sustenta, mas não é muito gostoso. Eles servem um tipo de tsampa com queijo de yak ralado e, acredite, essa versão é ainda pior. Bom, mas experiente, porque tudo é vida vivida.
Ah, e em todo lugar tem batata frita! Eles comem uma batata mais grossa, meio cozida meio frita. Fique de olho nas portinhas e você vai ver que em várias delas tem uma panelona ou cozinhando momos ou fritando batatas. É só pedir um saquinho.
Dica final, mas não menos importante: mesmo que você goste de pimenta, peça para você mesmo se servir. Geralmente eles servem um molhinho separado e você coloca no seu prato com uma colherzinha. Mas eles se servem de umaS colherzinhaS e o negócio é mega ardido. Se você deixar eles te servirem de pimenta, pode acabar não conseguindo comer!
Onde comer em Lhasa e no interior do Tibet – Restaurantes Tibetanos de verdade!
Em geral durante o dia comíamos próximo dos lugares que visitávamos. Nossa agência nunca forçava a barra para comermos em algum lugar específico, o que era ótimo, mas sempre indicava algum restaurante que era tipicamente tibetano. Como nosso grupo era pequenino, decidíamos rapidinho e comemos bem quase sempre.
Quando visitamos os monastérios mais afastados de Lhasa e também em Shigatse, almoçamos em lugares simples na beira da estrada. Nosso guia sempre perguntava se queríamos comer ali e acreditamos nele de olhos fechados quando ele dizia que era bom, porque ele e o motorista eram umas dragas e ficavam super felizes quando gostávamos. Foram as melhores comidas, normalmente simples, bem tradicionais, mas super saborosas. Não dá para indicar nenhum lugar específico, mas essa dica é para você não ter medo, mesmo quando o lugar pareça meio sinistro. Além de bom, costuma ser muito barato.
À noite estávamos sempre livres e tínhamos que comer onde achássemos mais interessante. Achamos meio difícil, porque alguns restaurantes eram muito escondidos, alguns nas próprias casas das pessoas, como eu já disse, e encontramos poucas referências por ai. Em Shigaste, rodamos mais de 1 hora para encontrar um restaurante fora dos hotéis, onde a comida era bem esquisita – misturando comida indiana, chinesa, ocidental e tibetana, ou seja, com pouca possibilidade de acertos – e para fugir dos restaurantes chineses. Não que a comida chinesa fosse ruim, mas era uma questão de princípios. Uma vez no Tibet, queria gastar meu dinheiro com os tibetanos.
Depois de muita pernada comemos num lugar sem nome, sem cardápio em inglês, mas com 2 tibetanas sorridentes e uma foto de um arroz com o famoso cogumelo tibetano. Apontamos e recebemos a melhor cogumelada da viagem. Infelizmente o lugar não tinha nome em inglês…
Restaurantes de Culinária Tibetana em Lhasa
Essa, é uma pequena lista dos lugares que comemos em Lhasa e que você consegue encontrar sozinho (ufa!):
- House of Shambala – Fica no Shambala Hotel no Old Lhasa (bairro antigo). A comida é divina, o preço é justo e o ambiente é maravilhoso, com uma pitada bem romântica. Eles tem umas comidas mais ocidentais, mas servem quase tudo tradicional em grandes porções, então é bacana para dividir e experimentar mais pratos. Pode pedir qualquer coisa do cardápio sem medo.
- Ando Norzen – uma portinha no bairro antigo, perto do Hotel Shambala, um dos jantares mais divertidos de todos. Ninguém fala inglês, não tem cardápio em inglês, as garçonetes cantam a plenos pulmões as músicas que tocam no rádio enquanto cortam as unhas ou comem uma maçã cujo miolo vai ficar em cima do balcão. Mas não deixe que a aparente falta de higiene te faça esquecer o aroma maravilhoso que sai da cozinha. Faça o que se faz na Ásia: ignore as aparências e releve os costumes. Leve o tradutor, mas peça o que as outras mesas estiverem comendo. O cogumelo tibetano com arroz aqui é divino, bem cheio de caldo. O momo é muito, muito bom, mas não peça o de queijo, que não tem gosto de nada. Não esquece as pastas típicas que já te contei acima! Esse lugar é maluco, mas vale a visita.
- Tibetan Family Kitchen – literalmente a sala da família. Comida simples, mas bem saborosa e típica. Comemos um arroz frito feito todinho na hora, bem ali na nossa frente, como na casa de amigos. Fica num prédio numa ruela quase em frente ao Shambala Hotel. É, eu sei que isso não é endereço, mas você vai ter que perguntar…
- Tashi Bobi – outra restaurante dentro de um apartamento. Eles são famosos por um prato chamado… Bobi, que consiste em umas massinhas de panqueca bem fininha servida numa bandeja com vários potinhos de recheio. Você vai montando tipo uns wraps. Não achamos esse prato excepcionalmente bom, mas acho que foi porque já estávamos há meses na Ásia e um pouco cansados das variações de legumes cozidos. De qualquer forma, vale a pena experimentar. Vimos umas pessoas comendo o arroz frito e parecia divino. Aqui eles tem a cerveja local, a Lhasa, aproveite. Fica no cruzamento entre Danjielin Lu & Beijing Donglu.
- Lhasa Kitchen – um restaurante tibetano bem próximo do Jokhang Temple, um pouquinho mais para trás, na praça. É bom, tem bastante opções, mas é mais comida nepalesa do que tibetana. O endereço é 3 Danjielin Lu.
- Lotus – Fica do lado do Jokhang Temple. Tem um ar meio de fast food familiar, mas a comida é bem gostosa, com todos os pratos típicos e bom preço. Não é á toa que está sempre cheio. Ninguém fala inglês, mas eles te dão um tablet com a foto dos pratos e é só você clicar no que quer que aparece magicamente na sua mesa. Aqui vimos várias pessoas tomando um hot pot, um panelão com caldo de legumes e o que mais tiver na cozinha. Parecia ser uma especialidade.
- Summit Cafe – é um café comum, com cara de ocidental, mas vai que você sinta saudades de um cappuccino… Bom, na verdade to recomendando esse lugar para te dar uma referência, Atrás dele fica a Guang Ming (acho que é esse o nome), uma das maiores e mais legais casas de chá de Lhasa. Como não tenho o endereço nem o nome certinhos, você pode ir até ali para procurar… Ah, as casas de chá fecham por volta das 19hs, é um programa para o dia.
- Guang Ming – uma casa de chá para ninguém botar defeito. Além do chá ser gostoso e sempre quentinho, o ambiente é demais!
Não esqueça de dar uma olhada nos nossos outros posts sobre o Tibet, que vão te ajudar em todo o planejamento de viagem:
Como ir para o Tibet – Passo a Passo
Turismo no Tibet – Roteiros de viagem pelo Budismo Tibetano
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