A culinária do Irã é muito diferente e nem sempre agrada, mas eu adorei conhecer essa exótica gastronomia e qual é a comida típica do Irã. Gostei tanto de um dos pratos que repeti o máximo que pude! A comida do Irã tem ingredientes que eu nunca tinha visto e sabores únicos que vale a pena conhecer, incluindo doces iranianos muito gostosos.
Fique por aqui que te conto tudo sobre as comidas iranianas!
Origens da Culinária do Irã
O Irã é um país com uma cultura e história milenares e que já foi um império enorme – o Império Persa -, que incluía a Grécia, Egito, Turquia, praticamente todo o Oriente Médio, Arábia Saudita, Armênia e ia até a Rússia e a Índia.
Obviamente a gastronomia de todos esses lugares influenciou a culinária do Irã, que influenciou todos eles de volta.
Vemos um quê de comida grega, turca, egípcia, alguns pratos lembram os árabes (persas não são árabes, nunca esqueça!), outros lembram os indianos.
E não sei se essa misturada gerou confusão na galera, mas é comum que as comidas iranianas sejam doces, azedas, salgadas e amargas ao mesmo tempo e nunca sabemos o que vem depois. Não se assuste, apenas vá na onda.
Apesar dessas influências, a culinária do Irã é única. As comidas iranianas prezam pelas ervas frescas, temperos exclusivos e muitos produtos regionais. Comento um pouco sobre os ingredientes abaixo.
Raramente vemos por lá comida ocidental ou de outras culturas, afinal o país hoje é bastante fechado. Isso faz dessa viagem gastronômica uma experiência ainda mais legal.
É comum que a comida seja servida no chão sobre uma toalha conhecida como sofreh. A comida é disposta no centro e todos se sentam ao redor e vão pegando um pouco enquanto conversam. Nos restaurantes essa mesma configuração fica em cima de um tablado.
Nos locais mais turísticos há restaurantes com mesas, mas na maioria deles você deve tirar seu sapato, se recostar nas almofadas e se deliciar ao redor da sofreh enquanto iranianos curiosos puxam papo.
Principais Ingredientes da Comida no Irã
O carro chefe da culinária do Irã é um tempero: o açafrão.
Não é exatamente o pó que usamos no Brasil e que vem de uma raiz chamada “açafrão da terra”.
O açafrão iraniano é o típico da Ásia, um galhinho meio avermelhado que é o pistilo de uma flor e que custa uma fortuna pela forma de extração – toda manual – e por ter um inigualável sabor agridoce.
O açafrão é delicado e deve ser conservado cuidadosamente, pois resseca rapidamente e perde o sabor.
O Irã é um dos maiores produtores de açafrão do mundo e o ingrediente é usado em várias comidas iranianas, incluindo os doces e bebidas.
Outro tempero bastante presente é o somag, que é uma especiaria meio ácida e frutada bastante utilizada em carnes.
As castanhas também estão em tudo, dos salgados aos chás: nozes, amêndoas e os divinos pistaches iranianos, que você deve comer sempre que puder!
Tem diversos tipos e temperos – usados para tostar os pistaches – em todos os bazares e em lojas especializadas, como a Mohsen em Teerã, como já contei nesse post com o roteiro de viagem para o Irã.
Entre as carnes, o cordeiro é bastante presente, mas tem espaço para todas. Você encontra tudo nos bazares.
Vamos aos pratos?
Comidas Iranianas – Qual é a comida típica do Irã?
Apesar de miscigenada, a culinária do Irã tem vários pratos que não se vê por ai. É por isso que acho difícil responder qual a comida típica do Irã.
Muita gente, ao falar da comida iraniana cita logo os kebabs – carne assada em espetos – como o principal prato, mas posso dizer com convicção que esse não é a tradicional comida do Irã. Sim, tem bastante kebab e em todos os lugares, mas tem mais a ver com a praticidade do que com a gastronomia.
É mais ou menos como o bife no Brasil. Em todo lugar tem, mas você diria que é isso que caracteriza a nossa culinária? Não, né?
Então vou listar três dos pratos de comida iraniana que podem ser considerados a verdadeira comida típica do Irã:
1. Zereshk Polo – O famoso arroz iraniano
Sem dúvida esse arroz é a tradicional comida típica do Irã e não é um prato especial, é um prato do dia a dia mesmo.
O arroz recebe uma colherada enorme de manteiga para ficar bem molhadinho. Eu já comentei que a comida no Irã raramente é light?
Depois de cozido, o arroz recebe uma camada de açafrão (que foi diluído em água) e depois uma camada de berbéris. Eu nem sabia da existência da berbéris. É um frutinho vermelho e azedo que parece muito com semente de romã e era isso que eu achava erroneamente que era.
O arroz recebe uma redução de berbéris (a zereshk) e açúcar. Conclusão: um simples arroz vira um bouquet de doce, azedo, amargo, salgado. Uma delícia.
Um prato comum na casa de qualquer iraniano é esse arroz acompanhado de frango, ou Zereshk Polo Ba Morgh (o frango é o morgh e não o polo, afinal persa não é espanhol – Rá-rá).
Não é um simples frango. Esse é cozido com a água em que foi dissolvido o açafrão, depois frito na manteiga e por fim coberto com um molho de tomate preparado com limão seco, outro ingrediente que nunca vi em outro lugar. Não é limão em pó, é um limão inteiro seco chamado de “limoo amani“, que eles cozinham junto com vários molhos e que dá um toque bem diferente.
Achei esse um dos pratos da comida iraniana mais deliciosos. Simples e extremamente saboroso.
Tem em todos os restaurantes.
2. Ash Reshteh – sopa de feijão com macarrão
O Ash Reshtesh é um prato da comida iraniana que causa impressões variadas. Imagino que seja mais ou menos como um gringo vendo uma feijoada.
A aparência é bem esquisita. E o sabor também. Rá-rá.
Mas é um das comidas típicas do Irã mais comumente encontrada. Há restaurantes especializados nesse prato e que vivem lotados, especialmente nos arredores da Praça Tajrish em Teerã, que é o melhor lugar para provar.
Esse prato é uma sopa bem grossa de feijão, com uma quantidade enorme de ervas, espinafre e outros vegetais como batata e beterraba. Depois ainda é misturada com macarrão.
Uma pequena tigela é mais do que suficiente para uma refeição e depois de servida ela recebe uma colherada de óleo de menta, cebolas fritas e outra colherada de kashk, que é um tipo de iogurte que vai sobre várias comidas.
A combinação disso tudo é meio difícil de descrever, mas é gostoso e dá muita energia!
3. Dizi – Meu Favorito
O Dizi é o prato que lá em cima eu disse que repeti muito. Quando me perguntam qual é a comida típica do Irã que eu recomendo: é essa. Que coisa deliciosa!!!
É um cozido de grão de bico, carne de cordeiro, alho, cebola e tomate cuja origem tem séculos.
Ele é feito numa panelinha de barro que fica horas no fogo e depois no forno.
Vem servido nessa pote de barro e com um amassador. Aprendemos que devemos tirar o caldo e colocar em outro potinho, depois jogar uns pãezinhos picados para comer de colher. O que sobra no pote amassamos para ficar como um tipo de pasta que comemos com pão ou com outros pratos.
Além de ser extremamente saboroso, toda a apresentação e ritual para comer o dizi é maravilhoso. Deixo até um videozinho:
O dizi parece individual, mas dá para dividir em 2 e dependendo da fome e acompanhamentos, até em 3 pessoas. É super nutritivo e mega calórico.
Embora tenha em todo lado, o melhor lugar para provar é no restaurante Saray-E Mehr em Shiraz.
Outros Pratos da Comida Iraniana
Eu tive muita sorte porque logo nos primeiros dias conheci o maravilhoso Hamid. A mãe dele era uma cozinheira de mão cheia e por isso ele fazia questão de nos mostrar o melhor da culinária do Irã.
Ele me mandou por mensagem o nome dos pratos em farsi e uma foto para que eu pudesse pedir nos restaurantes! E foi assim que provei muita coisa deliciosa e acabei conhecendo mais do modo de fazer os pratos e ingredientes.
Graças à ele vou deixar tudo facinho para a sua viagem!
Pães – Nan
Os pães no Irã são uma atração à parte. Eles são feitos em pequenas padarias no meio das calçadas e fica aquele vuco vuco de vizinhos pegando seu naco e fazendo fofoca.
Existem alguns tipos de pães, mas a maioria é fina e super comprida. Os pães saem dos fornos tanurs direto para os clientes e são entregues inteiros ou dobrados na sua mão. É assim que você leva: sem papel nem nada. Bote embaixo do braço e pronto.
Os tipos mais comuns de pães da comida iraniana são o barbari, que é mais fofinho, e o lavash, que é bem fino, como o chapati indiano. Sempre vem um pãozinho para acompanhar os pratos.
Halim ou Haleem – O Café da Manhã dos Campeões
Passei minha primeira noite no Irã num hotel bem simples no centro de Teerã. Não tinha muito conforto e nem café da manhã, mas sobrava simpatia dos donos e foram eles que nos indicaram um lugar próximo para provar o Halim, típico café da manhã iraniano.
Eles não explicaram o que era e nem no restaurante tinha qualquer informação ou pessoa que falasse inglês. Na verdade ficaram todos muito surpresos com a nossa presença estrangeira.
Apontamos para o que todo mundo estava comendo e recebemos uma tigela de um mingau de aveia.
O halim é cozido por horas para ficar com uma textura bem cremosa. Além da aveia, pode ser colocado um pedaço de cordeiro ou de peru, que vai se desfazendo até fazer parte do creme.
Sobre o Halim veio uma colher de manteiga, uma colher de açúcar e uma de canela, meio separadas. A gente não sabia bem o que fazer, então fomos misturando aos poucos e descobrindo como ficava mais gostoso. É estranho, mas é bom.
O pessoal do restaurante estava radiante por estarmos lá e mais ainda por termos raspado a tigela e na saída um dos atendentes mandou um “I love you” super empolgado para o Gabriel.
Ficamos pasmos, mas logo entendemos que era a única coisa que ele sabia falar em inglês e ele estava mais querendo dizer “thank you”.
Mas o Irã é assim: eles nos amam e nos mimam mesmo.
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Hommus, Kashe Bademjan, Borani e outras entradinhas
As pastas são entradinhas comuns da comida iraniana: o hommus é a pasta de grão de bico, o kashe bademjan é uma pasta de beringela com amêndoas e o borani é o yogurte temperado que serve para misturar com tudo.
Nas casas é comum servirem pepino, tomate, queijo e algumas ervas para comer enquanto esperamos a comida.
Sandubas e Kebabs
As comidas iranianas de rua são os kebabs, claro, servidos com pão, fritas ou pastas, mas também sanduíches de cordeiros cheios de molhos e ervas ou de falafel.
Fui numa rua só de barracas de falafel perto de Isfahan e me senti no paraíso! Pense num falafel bom. Era melhor.
Ghorme Sabzi
Esse prato é um ensopado de ervas fritas. Quando o vi pela primeira vez me lembrei da maniçoba, aquela comida típica do Pará feito com folhas de mandioca que fica com aspecto verde escuro e pastoso.
No ghorme sabzi várias ervas são picadas e fritas com um pouco de óleo e depois cozidas por horas com feijão e alguma carne macia, normalmente de cordeiro e é servido com arroz.
É uma comida típica do Irã, mas essa não é das minhas favoritas porque nesse prato eles carregam demais nos temperos, especialmente no limão seco e no coentro e fica com um sabor meio enjoativo para mim.
Koresh Gheymeh – as deliciosas lentinhas orientais
O Koresh Gheymeh é um tipo de ensopado de lentilhas com carnes para comer com arroz e batatas fritas temperadas com açafrão.
O segredo desse prato é o uso das lentilhas orientais, um tipo meio alaranjado que eles chamam de “lapeh dir paz“. Essa lentinha é mais firme, boa para cozimentos longos porque não se desmancha facilmente e é muito saborosa. O próprio nome dela significa “lentilha de cozimento lento”.
Esse prato também é bem temperado, mas considero uma boa opção mais próximas aos sabores que estamos acostumados.
Dolme Barg – charutinho persa
O dolme nada mais é do que o charutinho – arroz e carne de cordeiro enrolados em folha de uva e cozidos juntos. É um prato delicado que eu gosto muito.
São bem comuns na culinária do Irã, assim como em outros países da região, mas me surpreendi com o sabor mais adocicado do charutinho iraniano e com o fato de quase sempre ser servido frio e não quente como eu estava acostumada.
Também existem as versões na folha de repolho – dolme barg e-kalam – e beringela ou pimentão recheados com a mistura de arroz e carne, chamados de dolme barg sabz.
Para comer qualquer um desses pratos: dolme, koresh gheymeh e ghorme sabzi indico o Houger Café em Isfahan. O lugar é lindo, um prédio histórico com um delicioso pátio e eles tem pequenas porções de cada prato para experimentarmos.
Só uma observação: eu fui toda descombinada porque tinha acabado de chegar em Isfahan e nos indicaram lá para almoçar, mas é um lugar mais elegante e tem sempre um fotógrafo fazendo cliques pro Instagram deles. Saímos lá no melhor estilo coluna social. Rá-rá.
Koofteh Tabrizi – um toque azeri
Uma comida típica do Irã originária do Azerbaijão mais comumente encontrada nas datas festivas, o koofteh tabrizi tem esse nome porque surgiu em Tabriz, uma cidade do norte.
Sabe como é, prato com nome de cidade é sempre algo especial.
O koofteh é um tipo de polpetone iraniano, ou seja, além de ser uma bola de carne, ganha um monte de complementos diferentões. Rá-rá.
As bolas são feitas de carne, ovo, arroz, temperos mil e recheadas de frutas secas (berbéris, damascos, cerejas), amêndoas ou nozes, e cozidas num molho até secar totalmente e ficar com uma crostinha por fora.
Eles raspam bem a panela para sair aquele saborzinho que fica grudado e ai fazem outro molho com ele, chamado de Tilit. Ele é feito de tomate, manteiga, canela e outras especiarias e serve para dar aquela molhadinha final.
Não deixe de provar se tiver chance!
Kale Pache – O esquisitão
Disparada a coisa mais esquisita da comida iraniana, o kale pache é a cabeça de um carneiro cozida e servida como uma sopa ou com arroz.
Me indicaram que era uma comida típica do Irã, mas pouco comum de encontrar por ai. Se quiséssemos experimentar deveríamos pedir carinhosamente para alguém fazer.
Mas vimos em vários mercados as cabecinhas à venda, parecia comum. Eu não animei não, achei muito sinistro e com isso fecho o assunto comidas iranianas salgadas, mas claro que existem inúmeros outros pratos.
Doces Iranianos
Os doces iranianos também são deliciosos e fazem juz às comidas iranianas. Geralmente são feitos de frutas secas ou em caldas e com muito açafrão.
Alguns não são muito doces não, são até meio azedos, mas em toda a culinária do Irã essa mistura de doce, salgado, azedo impera e não seriam diferente na hora da sobremesa. Vem ver.
Tâmaras
De tudo o que comi no Irã, as tâmaras secas são a minha mais doce lembrança. Sério, foi onde eu entendi porque as pessoas gostam tanto dessa fruta. Nada que você coma aqui no Brasil será similar às tâmaras de lá, sempre servidas como um doce iraniano, uma iguaria.
O sabor é tão mais maravilhoso que eu nem mesmo reconheci que eram tâmaras quando comi pela primeira vez. Um dos amigos com quem me hospedei me serviu as que ele mesmo colhe na casa dos pais e deixa secando em casa.
Perguntei o que era e ele me disse em choque que eram “date” e eu que não conhecia o nome em inglês continuei sem entender que raios de “encontro” era esse. Ele então me mostrou umas fotos de palmeiras e eu ainda boiando.
Só depois de umas googladas é que reconheci que “date fruit” é tâmara e que elas dão em palmeiras. Meu amigo ficou deliciado com a minha surpresa e em como eu curti essa delícia iraniana. A partir dali não perdi nenhuma oportunidade de comê-las.
Como essas palmeiras estão por toda parte no Irã, quase todo mundo “faz esse doce”. Na verdade, a tâmara é tão rica que mesmo seca continua bem suculenta, macia e cheia de doçura e basta deixar um tempo secando e depois guardar na geladeira.
Quase todo lugar tem e em diversas ocasiões completos estranhos me ofereciam tâmara: nas viagens de ônibus quando eles levavam de “lanche”, na porta de mesquitas quando eles oferecem como “agradecimento por graças alcançadas”, como um agrado em restaurantes, para provar em mercados.
Sempre tinha alguém fazendo questão de apresentar esse delicioso doce iraniano e eu sempre arregalava o olhão, fazia cara de Ana Maria embaixo da mesa e se desse pegava mais uma. Eles ficavam felicíssimos e eu também.
Bastani – O Sorvete de Açafrão
Outro doce iraniano que é rei é o sorvete. Também levada por um amigo fui provar um sorvete de açafrão com cenoura. Desconfiada é pouco para dizer como me senti quando ele anunciou o que estávamos prestes a pedir. E era uma delícia.
O sorvete de açafrão é da cor do sorvete de creme e até parece sorvete de creme, mas tem um fundo de açafrão cujo sabor não sei traduzir bem em palavras, mas enfim, é bom e tem que ter na sua viagem!
Nessa versão que experimentei, o que eles fazem é bater o sorvete com cenoura, num tipo de milk shake dos deuses, perfeito pro calorão iraniano.
Tanto o sorvete quanto a versão com cenoura são comuns nas ruas de Isfahan e de Kashan.
Halva
Outro doce iraniano bem famoso é a halva. É uma mistura de semolina torrada no azeite e calda de açúcar. É um tipo de pastinha que não é muito doce.
A halva é bem comum na região do Oriente Médio e popular na Turquia, Grécia e até na Índia!
Claro que a versão iraniana desse doce tem o toque persa: um pouco de açafrão e um pouco de cardamomo, normalmente acrescidos na calda de açucar. Para enfeitar, amêndoas e pistaches cobrem o doce, que é servido em pequenas porções.
Shole Zard
Claro que nos doces tem que ter um tipo de pudim de arroz com açafrão! Ra-rá.
Apesar dos ingredientes comuns, é um doce para datas festivas, então não tive a oportunidade de provar para contar como é.
Gaz – para trazer em caixas
Para fechar os doces iranianos, o divino gaz, ou nougat persa.
É um torrone como tantos outros por ai, feito de mel, açúcar, ovos. Mas o gaz não é feito de amendoim ou apenas amêndoas e sim do delicioso pistache local, o que torna esse doce italiano excepcional.
O pistache faz tanta diferença no sabor que a qualidade do gaz é medido pela quantidade de pistache: a porcentagem de pistache no gaz está impresso nas caixas e nas lojas e ficam entre 20 e 40%. Quanto maior a porcentagem, melhor o gaz e mais caro o preço.
O gaz é macio e crocante e também leva água de rosas, que dá o toque final.
Compre no mínimo uma caixa para não se arrepender. Além de ser gostoso, as caixas são lindas.
O melhor lugar para experimentar e comprar o gaz é no bazar de Isfahan.
Bebidas Iranianas
Você sabia que Shyraz é uma cidade iraniana? Pois é, a famosa uva dos vinhos Shyraz é proveniente dessa região da antiga Pérsia, que era muito famosa pelos vinhos de excelente qualidade.
Hoje em dia beber álcool é proibido no Irã, já que o país segue estritamente a sharia, a lei islâmica que proíbe a ingestão de álcool, mas eu ouvi dizer que a produção de vinhos ainda existe e que toda a produção é exportada. Se é verdade não sei. Nunca vi.
Mas vi iranianos consumindo álcool caseiro, pois como tudo que é proibido há sempre um jeitinho de acontecer.
O curioso, segundo eles mesmo, é que como o álcool é proibido, não existe fiscalização com bafômetro e é comum durante a madrugada que o trânsito fique “meio louco”.
Dough
O dough é a bebida do dia-a-dia do iraniano e é, basicamente um iogurte…salgado. É bem levinho, bem dissolvido para beber como um suco. O sabor é meio ácido como todo iogurte, mas também salgado.
Essa foi uma das poucas coisas no Irã que eu realmente não gostei. Ouvi uma pessoa dizendo que era como beber tempero de salada e admito que é mais ou menos isso.
Apesar de como tempero de salada ser bem gostoso, acho que enquanto bebida é bem esquisito e me dava ainda mais sede.
A bebida não apenas é comum nas residências, onde é preparado artesanalmente, mas também nos restaurantes e em qualquer vendinha, onde o dough industrial é vendido em garrafas.
Apesar de eu já dizer que é ruim, tem que provar!
Chai
O Chá é um capítulo à parte no Irã. Vão te convidar todo dia e toda hora para tomar um copinho e eles consideram ofensivas as recusas.
O chá normalmente é preto, bem similar ao chá típico da Turquia, e servido em pequenas doses. Quando tiver tempo, pare numa casa de chá para tomar uma xícara de verdade com tudo o que tem direito ou experimentar outros tipos de chás.
Nessas casas o chai você vai beber vagarosamente, em geral acompanhado de uma pequena bolacha e um pirulito de açafrão que deve ser usado para mexer o chá e adoçar. Mais uma vez, é uma experiência.
No Irã tem especiarias para todos os gostos, então sempre vai ter mais alguma opção para tacar na sua caneca. Vá experimentando essas estranhezas maravilhosas da culinária do Irã.
Suco de Romã
Para completar o rol de bebidas típicas do Irã, o suco de romã, que tem sempre em barraquinhas espalhadas em todas as cidades, é super refrescante e saboroso.
É mais fácil encontrar um suco de romã do que água na hora da sede e custa muito baratinho, aproveite para tomar várias vezes.
Claro que, sendo o Irã, sempre dá para deixar essa bebida mais diferente. Em alguns lugares há especiarias para adicionar ao suco, mas a maioria deixa ele salgado, já vou avisando.
De qualquer forma, sucos diversos são vendidos em todos os lugares e você não vai ficar com sede!
Gostou? Se você se interessar em saber mais, deixo aqui essas dicas de livros que falam das comidas iranianas:
- Sabores da Pérsia de Sabrina Ghayour: livro de receitas iranianas e releituras de receitas do Oriente Médio sem complicações;
- Taste of Persia de Naomi Duguid: livro de receitas premiadíssimo (em inglês);
- Sopa de Romã de Marsha Mehran: romance em que as protagonistas enchem um café irlandês de receitas de seu país, encantando moradores e mantendo a conexão com o Irã em seu novo lar;
- A Comida Como Cultura de Massimo Montanari: é um livro teórico com uma abordagem histórica da comida como um importante elemento social. Não é específico sobre a culinária iraniana, mas explica muito do que se vê por lá.
Divirta-se!