As comidas da Índia são um dos ótimos motivos para uma viagem ao país. Se você gosta dessa gastronomia, não pode deixar de fazer uma aula de culinária indiana na Índia mesmo, com uma autêntica moradora local! Bote no roteiro Udaipur e marque uma aula de cozinha e comida indiana com a Shashi. Eu te garanto que vai ser uma experiência inesquecível!
Fica por aqui que conto como foi comigo.
Comidas da Índia
Começando do princípio. Você faz ideia de quais são as comidas da Índia? Quando você pensa nisso já vem logo o curry na sua cabeça? Talvez umas samosas?
Sendo bem sincera, meu conhecimento de comidas indianas era bem restrito. Eu conhecia algumas coisas dos restaurantes indianos que tem aqui em SP e também de um pouquinho que provei pelo mundo. Eu pensava em Índia pensava em curry com pimenta e só.
Mas a Índia é gigantesca né? Não é à toa que é conhecida como “subcontinente indiano” e claro que lá existem milhares de pratos típicos, cada um com um toque regional diferente.
E acredite, nada do que você comeu por ai vai ter o mesmo sabor que tem na Índia. Acho que é por isso que as especiarias indianas enlouqueceram os desbravadores dos sete mares.
Fui divinamente surpreendida pelas comidas da Índia. Achei tudo tão bom, tão saboroso e nutritivo que não comi um único dia de comida “ocidental” no mês inteiro em que estive lá e me joguei de cabeça na descoberta de todos os sabores possíveis.
É verdade que o curry enquanto prato (um tipo de ensopado com muitos temperos) é onipresente. Mas o curry amarelinho e perfumado que costumamos assimilar com a Índia é apenas um dos ingredientes que compõem a marsala, o tempero que vai em tudo.
E os curries tinham vários sabores, de ervilha a batata, passando por muitas doses diferentes de pimenta. Não senti a menor falta de carne, que não era encontrada quase nunca, nem de frango ou porco (afinal, a vaca é sagrada!).
Por outro lado, me apaixonei pelo paneer, um queijo mole e branco que vai em inúmeros pratos, e pelos pães sempre quentinhos e perfeitos para chuchar nos molhos dos curries.
Roteiro Udaipur com uma aula de cozinha e comida indiana!
Ao chegar em Udaipur, já estava totalmente apaixonada pelas comidas e lá parecia que os restaurantes se esforçavam sempre em se superar e encantar ainda mais meu paladar.
Udaipur é uma cidade maravilhosa que precisa fazer parte de qualquer roteiro de viagem pela Índia. Já contei aqui nesse outro post como foi passar em Udaipur o Holi Festival, o famoso festival das cores na Índia e falei das delícias da cidade.
Quando definir seu roteiro em Udaipur, deixe um dia reservado para uma aula de cozinha e comida indiana. O clima da cidade é perfeito para essa entrega aos prazeres da gula.
Tudo em Udaipur vai mais devagar, todos gostam de sentar e comer prazerosamente e a arte de cozinhar é passada entre gerações com todos os segredos da comida indiana.
Eu decidi fazer essa aula de cozinha e comida indiana em Udaipur porque a aula era no mesmo prédio do hotel em que me hospedei e não porque eu realmente tenha interesse em cozinhar. Eu passava todos os dias pela cozinha da Shashi e via a felicidade das pessoas lá dentro, comendo em comunhão, botando a mão na massa. A Sashi todo dia acenava, sorria e dizia para aparecermos. Um dia aparecemos.
Mesmo sem gostar nadinha de cozinhar, fiz, curti e recomendo. Não se trata só do ofício, não é apenas uma aula de comidas da Índia, é um mergulho na cultura local que você nunca mais vai esquecer.
Vou contar melhor sobre a aula abaixo, que recomendo demaaaais. Só deixo também aqui a observação de que a aula é maravilhosa e a “classe” é irretocável, super limpa e organizada. Mas o hotel eu não recomendo para hospedagem!
Boas opções para ficar na cidade, com preços para caber em qualquer bolso são: o Jagat Niwas Palace, o The Neem Tree, o Little Garden, o Hari Niwas ou o hostel Bunkyard. Também fica em Udaipur o Taj Lake Palace, um dos hotéis mais maravilindos da Índia!
Aula de culinária indiana na Índia
Todos os dias, ao passarmos pela cozinha da Shashi para sair do hotel ela abria seu sorrisão e acenava nos convidando para participar da aula. Eu não animava muito porque, como disse, não gosto de cozinhar, mas no último dia em Udaipur, quando ela falou conosco, senti que havia algo para eu aprender ali. Perguntei pro Ga se ele topava fazer a aula e lá fomos nós.
Foi uma confusão porque a aula já estava lotada (é sempre um grupo pequeno), mas como íamos embora no fim da tarde, ela abriu uma exceção e nos apertamos na cozinha com outros curiosos do mundo todo.
A aula começa com a Shashi se apresentando e explicando como surgiu a “Shashi Cooking Class“. Prepare o lencinho.
Vou contar só um pouquinho para não estragar sua experiência, mas mostrar como nada é por acaso nessa vida. A Shashi ficou viúva aos 32 anos de idade, com 2 filhos pequenos.
Quando ela disse isso, eu me arrepiei toda. Minha vó ficou viúva 9 meses depois do casamento, grávida de 6 meses da minha mãe. Sempre penso na fortaleza que ela foi para enfrentar isso, já imaginou?
Perder seu amor, seu companheiro, ficar sem recursos numa cidadezinha de interior, com um bebê pequeno. Ter que trabalhar, cuidar da criança, se reerguer. Dá uma dor no peito de pensar, um misto de tristeza e orgulho porque apesar dos muitos olés que minha vó tomou da vida, ela vivia num alto astral inexplicável.
Na cultura indiana uma perda dessas também não é nada fácil. As viúvas comem o pão que o diabo amassou e basicamente a Shashi ficou sem ajuda nenhuma e teve que começar a trabalhar, coisa que ela nunca tinha feito na vida por imposição da família.
Para completar, ela era da casta dos “brâmanes”, que você deve lembrar daquela novela da Glória Perez, é a dos estudiosos, dos eruditos, advogados, políticos. Então ela não podia trabalhar com coisas simples ou tarefas domésticas, que era o que sabia fazer.
Muitos perrengues depois, um dos filhos levou um gringo para jantar com eles e o cara ficou ficou encantado com os talentos culinários dela. Falou para ela montar essa aula de cozinha e comida indiana e a ajudou com os primeiros passos.
A iniciativa foi aceita na comunidade porque professores sempre são brâmanes. Hoje a aula é uma atração imperdível em Udaipur, tanto pela comida quanto pela experiência de cozinhar ao lado desse mulherão da porra e pegar dicas preciosas para acertar os pratos.
Eu fui com a intenção de ficar mais de canto já que não domino mesmo a arte das panelas, mas vi tanto da minha vó naquela mulher, no sorrisão, no carinho, na força do feminino, na garra, que simplesmente me senti na obrigação de mexer a colher e de fazer bem feito.
Estufei o peito, peguei a apostila e o lápis que ela entregou, botei o avental, coloquei o bindí na testa e falei “é hoje que eu vou virar a mestra da comida indiana”!
Bom, eu esqueci a apostila com as anotações lá, tomei bronca porque queimei um pão, dificilmente conseguirei repetir o tempero da Shashi e definitivamente não vou pro master chef, mas valeu cada minuto naquela cozinha e cá estou, emocionada de novo escrevendo isso (e tenho poucas fotos porque, afinal, estava com a mão na massa).
Depois da apresentação da Shashi, a aula realmente começa com uma introdução aos temperos que são característicos das comidas da Índia e aprendemos a fazer um chai, a bebida indispensável lá naquelas bandas.
Em seguida ela começa a fazer alguns dos pratos mais tradicionais da culinária indiana do norte do país: pakora, que são legumes fritos mais ou menos como o tempurá japonês, chutney, curry de legumes, dahl, que é um tipo de sopa grossa de ervilhas di-vi-na, pulao, que é um arroz com legumes, e 4 tipos de pães diferentes, inclusive um recheado e um doce.
A Shashi faz tudo com a maior desenvoltura, dando dicas mágicas enquanto o filho Ashish ajudava com a organização e limpeza. Ela vai chamando um aluno de cada vez para o preparo, distribuindo broncas e elogios no melhor “estilo indiano”, em que as lições não são muito sutis e podem abalar os mais sensíveis.
A cada prato que fica pronto, todos param para comer e conversar um pouco. A comida da Shashi é de outro planeta e embora ela bote umas pitadas de pimenta além do que a gente colocaria, é umas quatro vezes menos do que ela colocaria normalmente, ou seja, é perfeito pro nosso paladar meio despreparado.
É um verdadeiro banquete, sugiro que você nem coma nada antes da aula. Rá-rá.
Ouvir, ver, cheirar, preparar, comer, rir, conversar, comer de novo, comer mais, conversar mais. Experimentar sabores, pessoas, culturas novas. Que dia maravilhoso!
No final sobra um monte de comida, porque realmente muita coisa é preparada e como tudo é gostoso, a gente dá aquela exagerada no começo e depois não aguenta mais. Mas não se preocupe, ela deixa levar uma quentinha. ;)
Na minha aula ninguém quis levar, mas eu e o Gabriel que não somos bobos nem nada, levamos a de todos e fomos comendo depois da aula no busão dos locais que pegamos rumo à Jodhpur.
Se você está ai pensando, “noooossa, que farofeiros”, saiba que nunca ficamos tão integrados na Índia. Todo indiano leva a marmita pra todo lado e nossa comida era tão cheirosa que não teve um passageiro que não esticou o olho (ou o corpo todo) para saber o que era!
A Shashi também vende os temperos prontinhos, aproveite para trazer para casa verdadeiras especiarias indianas, cheias de carinho, segredos e boas lembranças.
Até hoje o dahl e o chapati que aprendemos lá são pratos constantes na nossa vida. Tudo preparado pelo Gabriel, claro, porque é ele quem manda na cozinha aqui, mas sempre que dou uma colherada fico bem feliz de ter me aventurado pela cozinha e pela vida da Shashi. Vá lá você também e coma tudo por mim!
Serviço: Shashi Cooking Class
2 Aulas diárias: 10h30 e 17h30 (pergunte sobre o calendário)
Duração: 4hs
Preço: aproximadamente 1000 rúpias por pessoa (USD 15)
Reservas: shashicooking@gmail.com
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