Logo no nosso primeiro dia, dispostos a gastar pouco e sem saber que a chuva ia parar em breve, saímos no maior aguaceiro rumo à Little India, com o guarda-chuva vermelho enorme emprestado pelo pessoal do hotel que não precisaríamos carregar pelo dia todo se esperássemos 40 minutos.
Fomos caminhando até o Mustafá Market. Eu sinceramente esperava um mercadão cheio de barracas, mas embora abarrotado, está mais para shopping, com tudinho que se pode imaginar. Para quem gosta de roupa indiana, as opções são infinitas e os precinhos são pequenos! Fora isso, vale mais para ver as figuras que circulam ali.
Depois continuamos andando pelo bairro até chegarmos ao Sri Veeramakaliamman, um templo hindu muito conhecido e bonito. O templo foi construído pelos primeiros imigrantes indianos e é dedicado à deusa destruidora dos demônios, o que traz segurança em terras desconhecidas. Achei muito pertinente para nosso primeiro dia na Ásia. A entrada é livre, mas o espaço para orações fica cercado. Não custa ser respeitoso nas fotos e barulho e também fazer uma fézinha, né? Eu simpatizo com vários aspectos do hinduísmo e um deles é o uso das cores e flores. As barraquinhas em volta do templo são uma lindeza.
Demos mais uma rodada, passamos por casas coloridas e restaurantes e paramos no antigo e moderno Wanderlust. O hotel é bem legal, mas pelo preço não sei se vale a pena ficar naquela região tão mucuva-louca-com-curry. Por outro lado, por precinhos bem mais camaradas, os vários hostels do bairro podem ser interessantes. Acabamos o rolê no Little India Arcade, onde você pode comprar umas lembrancinhas e apreciar mais um pouco o vaivém indiano e consideramos comer no Tekka Food Centre.
O Tekka é mais um hawkeer, que são lugares cheio de barraquinhas de comida barata. Um camelódromo mais arrumadinho, às vezes mais parecido com uma praça de alimentação. Só que aí quase não tem cardápio em inglês e é um festival de camarão (que eu não gosto) sopas e espetinhos de só Deus sabe o quê, uma mistureba de comida chinesa, malaia, indiana e todo o resto de todo o mundo que já passou pela cidade.
Eu não arrisquei. Me conheço e isso pode acabar com uma viagem pra mim, mas os hawkers estavam sempre, sempre, lotados de pessoas aparentemente satisfeitas!
Dali é possível pegar o metrô Little India e ir para qualquer lugar da cidade ou ir caminhando para o Bairro Árabe.
No Bairro Árabe você vai ter que conhecer a Sultan Mosque, uma mesquita bem bonita que tive a honra de ver debaixo de uma sensacional lua cheia. Na minha opinião não vale muito a pena entrar. O pessoal não é muito receptivo, tem que se cobrir todo e, paradoxalmente, entrar sem sapato.
Aliás, não gosto dessa coisa do “sem sapato” que também serve para o templo hindu. Chove, faz laminha na rua que já ta suja e seu sapato ainda fica sozinho lá na porta para quem quiser pegar…
O bairro árabe é legal para dar uma volta, tem várias lojas e restaurantes típicos, o centro de cultura malaia e o “palácio real malaio” ou Kampong Glam, mas achei a noite meio sinistro. Pode ser impressão, não tenho certeza.
Nós almoçamos lá no Sufi Turkish Restaurant na esquina da Bagdah com a Arab Street. O ambiente é super agradável e comemos bem sem gastar muito.
Lá no cantinho do bairro árabe tem uma ruela apertada chamada Haji Lane. Amei, amei, amei. Além de ter uns barzinhos e restaurantes diferentes, com cervejas artesanais, comida orgânica e decoração lindinha, tem as lojas mais legais da cidade. É uma do lado da outra, cheia de coisinhas, roupas de designers locais, sapatos que nunca se viu, tranqueiras mil para você colocar na sua casa. Em outras palavras, é a rua dos descolados onde a minha economia acabou e só não acabou o dinheiro porque era começo da viagem e eu não queria carregar peso.
Mesmo que você passe correndo, dê uma paradinha na Spoil Market, na Eighty Two e na Chic Fever e tente olhar com calma, são muitos os tesouros escondidos!