Angola Turismo: você nem imagina, mas tem muitos lugares legais para serem visitados em Angola. Alguns lugares são de uma pobreza extrema e algum desavisado pode pensar que é melhor ficar na segurança do roteiro hotel-ilha-mussulo (em Luanda), mas mesmo nos lugares mais inesperados há muito para ser visto como a linda Benguela, dos versos da famosa música Zumbi, de Jorge Ben: “Angola Congo Benguela Monjolo Cabinda Mina”.
Eu fiz duas viagens incríveis com alguns colegas de curso e que acho que valeram cada segundo, mas essa de Benguela foi muito especial. Vou contar para você programar sua viagem também!
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Como chegar em Benguela, Angola
Benguela, Angola é uma cidade litorânea que fica mais ou menos no centro do país, ao sul e há cerca de 550kms da capital Luanda.
Você pode ir de avião até o aeroporto de Catumbela, que fica em Lobito, ao lado de Benguela, mas é meio complicadinho comprar as passagens e pode ser necessário procurar uma agência de viagens (pesquise no Skyscanner ou fale com a Amanda pelo gamboa@gamboaviagens.com.br e ela com certeza te ajudará!). Quem opera o vôo é a TAAG, a companhia aérea angolana, que é muito boa.
Eu fui de de van, porque éramos um grupo de cerca de 9 pessoas. As estradas são praticamente retas, mas sempre em faixa única e meio esburacadas, então não dá para correr. Levamos 10 horas para ir e 10 para voltar.
Apesar de parecer muito tempo na estrada eu realmente sugiro que você vá de carro se puder, porque há várias paradas possíveis e a própria viagem é uma aventura que você nunca esquecerá. Não esqueça jamais o step e tudo o mais que for necessário para trocar pneu. Os pneus furam. Muito.
Como eu disse, a estrada para Lobito e Benguela é muito interessante e só ela valeria uma ida até lá. Você sai pelo sul de Luanda e pode fazer várias paradas pelo caminho: Mercado do Benfica, ponte do Kwanza Sul, Museu da Escravatura, aldeias diversas, alguns mercados à beira da estrada, Porto Amboim, Sumbe.
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A Viagem entre Luanda e Benguela
Tudo era emocionante para nós nessa trip e tenho certeza de que isso também aconteceu porque foi nossa primeira viagem de turismo em Angola, onde estávamos estudando em tempo integral. Apesar disso, depois de umas 5 horas dentro da van algumas pessoas não viam mais muita graça em estar ali, nem na bela paisagem que se desenrolava pela janela.
Eu achava lindíssimo. A vegetação muda muito de Luanda até Benguela e anda-se quilômetros sem que nada seja visto. De repente, há uma pequena aldeia ou um pequeno mercado. Ou uma área de favela imensa e você acha que está chegando numa cidade paupérrima até descobrir ou que é isso mesmo ou que é apenas a periferia de uma bela cidade colonial meio caída…
Você vê mata, floresta, descampados, bananeiras, flores exóticas, uma região mais desértica, enfim, uma parte de um país vai passando pelos seus olhos e aquela Luanda muvucada e confusa fica muito, muito distante. Você percebe que está na África dos livros. No caso, dos livros de história do Brasil, mas já entro mais na questão.
Além de cansativa, a viagem exige pelo menos uns 4 dias para que se possa apreciar devidamente tanto o trajeto quanto as cidades destino.
Alguns lugares legais para parar no caminho são o Miradouro da Lua, outra das lindas praias de Angola, Sanagano e o parque Quissama, mas como tudo isso é mais perto de Luanda e conseguíamos visitar nos finais de semana, como contei aqui neste post sobre Luanda.
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Cada parada para alguém ir ao banheiro, esticar as pernas, comprar água ou trocar o pneu era um auê. Brotava gente de todo lado, vendendo todo tipo de coisa imaginável. Era um pouco assustador, porque éramos cercados e parecia que nunca mais seríamos capazes de sair dali, mas apesar de serem bem insistentes, eles dispersavam depois de um tempo.
Esses momentos foram dos que mais ficaram grudados na minha memória. Era uma multidão de pessoas fazendo de tudo para sobreviver. Muitas mães com bebês e crianças, vendendo como podiam, o que podiam.
Não me entenda mal, aquilo dói sim pela pobreza, um estereótipo africano que por mais que a gente não queira, está incutido na nossa mente, mas eu me sentia mesmo mal pelo condição humana. Simplesmente seguir em frente e esquecer, me parece impossível, já fez um bolo indigesto na barriga. E isso me lembrou muito o Brasil, em viagens que fiz mais nova onde vi a condição de miséria em que muita gente vive fora das zonas urbanas. Essa consciência vale muito, acredite. É isso que te faz alguém melhor e é por essas reflexões que vale a pena viajar. Ainda que não dê para ajudar a todos, dá para pensar em formas de fazer algo ao nosso alcance.
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Angola Turismo: visitando Lobito e Benguela
Chegamos à Lobito, a vizinha de Benguela, no fim da tarde. Dormimos aqui porque um dos colegas de curso trabalhava na rede dos hotéis Tropicana, onde dormimos. É um hotel muito simpático e aconchegante, bem limpo e perto da praia, porém não tenho mais o contato deles. Outras opções boas de hospedagem são os hotéis Chik Chik I, que ‘fica bem perto do Tropicana e tem até piscina e o Chik Chik II, que é numa área mais central da cidade.
Apesar de chegarmos tarde, partimos logo para a praia próxima onde nos indicaram alguns restaurantes para almoçarmos. Alguns comeram num sistema de buffet, mas a maioria preferiu um lanchinho no bar de frente para a praia principal já que estava tarde e a comida do buffet já não tinha uma cara tão boa. Foi o melhor hamburguer que comi em Angola. E pelas repetições dos meus amigos de pregos no pão (pão com bife), acho que também estavam muito bons também.
Não deu para aproveitar tanto a praia, mas vimos o pôr-do-sol e conhecemos uma cidade simpática e em pleno crescimento graças à instalação do Porto e da Refinaria.
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Lobito também tem um tipo de braço de terra que se estende sobre o mar, e que, assim como Luanda, é uma área mais nobre, com vários bares, restaurantes e um hotel mais chique, o Terminus, de frente à uma pequena praia.
À noite, nos indicaram seguir para lá, especialmente para o bar do Hotel Terminus, onde parece que acontecem festinhas mais animadas, mas achamos caro. Indo de um lado para outro pelas avenidas da cidade – é facílimo andar pela cidade – também vimos barzinhos com karaokê e outros apenas para uma cervejinha. Todos bem legais. Decidimos comer uma pizza na única pizzaria que vimos, com mesinhas na pracinha em frente e estava muito boa. Voltamos cedo para aproveitar o dia seguinte ao máximo.
Praias de Angola – Baía Azul em Benguela
Acordamos muito cedo e partimos para Benguela, o aguardado destino final. Passamos pela cidade, demos umas voltas, é bem bonita, com prédios coloniais bem conservados, em especial o palácio do governo e o das bolas, que infelizmente não consegui fotografar. Fomos direto para a Baía Azul.
O caminho parece meio desértico, com vegetação rasteira bem amarelhinha, parecendo aveia. Eu estava meio viajando nas plantas quando chegamos à praia. Meu Deus, que lugar lindo!!!!
É uma praia meio longe, meio difícil de chegar, mas é simplesmente paradisíaca. Super limpa, clara, com um mar azul deslumbrante e uma espécie de falésia laranjinha… Acredite, vale a pena fazer turismo em Angola e visitar esse lugar.
Além disso, tem um restaurante não tão caro e com boa comida para sentar sob a sombra depois de uns mergulhos e comer camarões.
Como chegamos cedo, a praia estava assim, deserta. Minha mente viajou para o futuro, pensando no potencial turístico de um lugar desse, ainda inexplorado. Será que um dia haverá um fluxo real de turistas por ali? Eu espero que sim.
E minha mente também viajou para o passado, pensando nos navios negreiros aportando e zarpando dali. No meio dos meus devaneios, foi chegando gente, chegando gente e fiquei feliz em ver que pelo menos os angolanos estão aproveitando aquela belezura.
Existe uma outra praia famosa em Benguela, a praia Morena. Ela é bem parecida com a Baía Azul em termos de cor da água, areia branca e extensão, mas é uma praia urbana, sem as falésias que protegem a Baía Azul. Nós passamos por lá, mas preferimos curtir o dia na Baía Azul, que é mais bonita. Acho que acertamos, já que é uma das mais lindas praias de Angola!
Angola Congo Benguela Monjolo Cabinda Mina
Durante todo o trajeto entre Luanda e Benguela, não conseguia parar de pensar nesse refrão. Sempre amei Jorge Ben Jor e cansei de ouvir Tábua de Esmeralda, o LP em que Jorge gravou pela primeira vez essa música, chamada Zumbi.
Acho que passei uma semana tocando essa música na rádio da minha cabeça, eu fico assim meio obcecada quando viajo para um lugar que faz parte da minha formação cultural de alguma forma. Me sentia meio especial por conhecer “partes” da música no mundo real.
Mas mergulhei numa reflexão sobre o significado da letra. Claro, eu sabia que era sobre a escravidão, afinal, era sobre Zumbi dos Palmares e sobre a relação África Brasil, mas honestamente nunca tinha pensado muito mais profundamente sobre isso. Queria poder conversar com Jorge sobre suas inspirações. Mas lá fui eu pesquisar. O que afinal queria dizer esse verso “Angola Congo Benguela Monjolo Cabinda Mina”?
Todas essas eram as regiões principais de onde os escravagistas retiravam pessoas. A maioria dos escravos negros que chegaram ao Brasil, portanto, vieram dessa áreas, mais precisamente das áreas onde hoje são o Congo e Angola. Eu não entendia bem porque hoje tanto Benguela quanto Cabinda (ao norte de Luanda) são estados de Angola, mas nem sempre foi assim. Eu achei esse vídeo da música Zumbi que foi editado em formato de aula e mostra no mapa essas regiões, achei super legal.
Me bateu a maior tristeza pensando na escravidão. Mais uma vez fiquei pensando em como fomos capazes de algo tão desumano, tão mal. Fique imaginando quanto sangue, quantos povos, famílias, pessoas foram destruídas ali, naquela exuberante e ensolarada Baía Azul, um lugar feito para declararmos amor, rirmos e brindarmos a vida. Estão certos aqueles que dizem que a escravidão será uma eterna dívida, porque os efeitos de tudo o que foi feito serão sentidos geração após geração.
Há alguns dias participei do lançamento da rede Afro Turismo (veja aqui), um projeto super legal que quer levar a população negra mais ao encontro de suas origens, sua história e vi muitas pessoas contarem, emocionadas, como foi forte visitar Angola, como foi importante resgatar as origens. Fiquei pensando naquele dia lá nessa praia, uma dia ao mesmo tempo maravilhoso e melancólico para mim.
Achei curioso quando estive em Angola que não há um movimento tão forte pelo resgate da história, das tribos separadas, das línguas perdidas. Existe, é claro, mas a maioria das pessoas está preocupada mesmo é em viver apenas. Tudo no seu tempo.
Outra curiosidade é que Jorge regravou Zumbi, com outra pegada, bem mais sacudida e mais agressiva para o LP África Brasil, nome com qual a música foi até rebatizada. Gosto de ambas, embora tenha um carinho especial pela primeira. O disco tem outras faixas inesquecíveis: Xica da Silva e Umbabarauma, por exemplo. Não deixe de ouvir antes da viagem!
Deixo você com Jorge e com esse mapa da escravidão, para dar uma ideia dos caminhos percorridos pelos ancestrais.
Ah, e não esqueça: não viaje sem seguro! Tudo pode acontecer e estar preparado é um alívio, como já expliquei aqui neste post Seguro Viagem Cobre Doenças, Acidentes e Imprevistos.
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