Com tantas opções de passeios que detalhei nesse post, você vai precisar programar sua “agenda”.
Eu começaria buscando o Tour Astronômico, sobre o qual já contei aqui. Como ele depende das condições climáticas, o ideal é não deixar para depois e correr o risco de perder. Fizemos com o pessoal da Senda Mística, que fica coladinho na Plaza, na Taconao. Foi bacana e mais barato, mas acho que ainda vale tentar a Space ou o Jorge Corante pelos motivos que já contei no outro post.
Depois, você fecha todos os outros passeios que quiser fazer, deixando os que vão à altitudes mais elavadas mais para o fim da sua estada para aclimatar e considerado os horários, caso queira fazer mais de um passeio por dia, o que já disse que acho bobagem porque cansa muito são muitas as possibilidades de imprevistos. Também já contei que você tem a opção de fazer algumas coisas sozinho, mas eu optei por fazer com as agências mesmo e fiz assim:
1) Depois de pesquisar bastante constatei que muita gente experimentou, gostou e recomendava a Grado 10, que fica na Taconao, em frente ao frango assado. Eles são ligeiramente mais caros que as outras agências, não fazem passeios todos os dias nem fecham pacote com desconto, mas quis fazer com eles o passeio aos Geiseres del Tatio, acreditando que eles fariam uma experiência mais confortável. Realmente eles tem um caminhão agradável, os guias são mega simpáticos e atenciosos e o café é super delícia. Mas só. Todo o resto da galera vai e vê a mesma coisa que você que foi com eles. Custou 30.000 pesos por pessoa e já estava lotado em vários dias, convém marcar com eles logo.
2) Depois de entrar em todas as portas de San Pedro, optamos por fechar todos os demais passeios com a Lickan Antay, que fica no 101 da Caracoles, por uma simples razão: preço. Você já ouviu aquele ditado de que o barato sai caro? Não, não, saiu barato mesmo. Fizemos Lagunas Altiplânicas, Salar de Tara, Laguna Cejar e Valle de la Luna por 70.000 pesos por pessoa.
A Lickan Antay é simples, uma mesinha num mercadinho, as vans às vezes são mais novas e às vezes mais velhas, os guias às vezes sabem mais, às vezes sabem menos, mas a verdade é que em todas as agências é assim. Cada uma tem algum defeito e uma qualidade. E em alguns casos a qualidade é defeito. Exemplo: no passeio ao Salar de Tara passei mal do meio da ida até o dia seguinte e quando olhava o pessoal da agência do lado montando uma mesa de almoço com taças, talheres e cozinha completa só dava Graças a Deus por não estar com eles e não ter que esperar o povo comer e desmontar tudo para ir embora.
A Lickan tem mesmo é uma arma secreta: o Nino, um vendedor brasileiro que é alegre, explica tudo, te põe na van, te dá dica de restaurantes e assim, com nosso jeitinho próprio, sai com todos os passeios cheios. Você vai entender o que eu estou falando quando estiver lá. A verdade é que os passeios deles (e da Grado 10) estavam lotados de brasileiros, mas lembra quando você chegou a Buenos Aires e ficou chocado com a quantidade de gente falando português? Pois é, foi a mesma coisa nos meus dias pelo Atacama: lo-ta-do. A brasileirada pirou nesse destino e com razão!
3) Depois de ter feito tudo isso, sobrou um tempinho e resolvemos ir também para as Termas de Puritama e Vale dos Cactos, mas optamos por ir com a Maxim. Super mega escolha certa. O Nino (outro) é um guia incrível que faz um mini trekking pelo Vale dos Cactos infinitamente mais legal que as paradinhas rápidas das outras agências. Você caminha pela margem do rio, atravessa, sobe e volta por cima do vale. Um visual incrível e um pouco de esforço físico que fazem você achar que Termas são o verdadeiro paraíso. Custou 12.000 pesos por pessoa, mais a entrada de 15.000 pesos porque fomos de manhã e a tarde é mais barato. Carinho, mas adoramos esse dia e recomendo mesmo, inclusive porque achamos que era pouca coisa por esse preço e quase deixamos de fazer esse passeio, que no fim valeu muito a pena pelo trekking, por ser “molhado” e por serem as termas um local inesperadamente cheio de vida.
4) Fomos ainda até a Pukara de Quitor andando. Vale o rolêzinho, mas se não tiver tempo, não fará uma grande diferença.
O resumo da ópera aqui é o seguinte: o passeio que vale sua viagem até lá na minha opinião é o que vai para as Lagunas Altiplânicas. Se não der para mais nada, é esse que vai encher seus olhos de lindeza, tirar seu ar, te fazer ver flamingos e vicunas, neve, montanha, água azulzinha, enfim: incrível. De quebra não é nem muito caro nem muito cansativo.
O Salar de Tara é OSSO. Assim mesmo, em maiúsculo. Você anda 2hs para ir, 2 hs para voltar (sem contar as paradas) e dessas 4hs, a metade é mesmo no meio da areia do deserto, sem estrada. Você sacoleja tanto que quando pára é até estranho, corre um risco de atolamento e não vê um banheiro até voltar para casa no fim do dia. Mesmo assim, é lindo, maravilhoso, incrível. É o passeio que dá mais ideia de até onde o homem vai na imensidão do deserto, tem vários monólitos impressionantes que nem sei se Dalí viu ou não, mas certamente estão lá nos quadros dele e ainda passa lá do lado da boca do Licancabur, o vulcão que mais amei nessa vida! É isso mesmo, você sobe a 5.000 metros e, junte a altitude com o sacolejo para ter uma ideia de quando comecei a passar mal. O Daniel, nosso guia/motorista era uma graça: “Respira curto, solta e vai mentalizando que você ta melhorando…”. juro que tentei, mas acho que o corpo só entendeu a mentalização umas 24hs depois…
A Laguna Cejar é legalzinha e ótima para tirar a zica já que entrar naquela laguna de água salgada estilo mar morto tem efeitos espirituais, eu acho. Mas o sal não sai nem depois de 2 dias e é meio irritante. Não esqueça de: passar filtro solar antes de ir, não enfiar o olho na água de jeito nenhum, levar toalha, óculos de sol e chinelo que possa molhar. Se der, leva um lencinho umedecido, porque meio hora depois do banho de água doce você começa a ficar branco de sal novamente e você não quer tirar aquela foto maravilhosa no pôr-do-sol com um risco de sal branco no meio da testa.
O Valle de la Luna é lindo e é meio que o passeio que ninguém perde, embora eu mantenha minha opinião de que as Lagunas Altiplânicas valem mais. Acho que vale bem a pena ir sozinho, pois é fácil de chegar e você pode ficar lá dando o tempo que quiser no lugar que quiser, o que obviamente não é possível com os grupos. O pôr-do-sol na Piedra del Coiote, que encerra o passeio, é lindo, mas consegue ser mais cheio que Arpoador em feriado. \O/
O passeio aos Geiseres é legal, principalmente se você gosta de fenômenos naturais, mas é lotadaço e rápido. A piscina natural é a maior roubada. As águas da piscina vêm das profundezas de onde saem às águas fervendo dos geiseres, mas vem em ondas quentes e frias. Quentes 50 graus, frias -10 graus. Não esqueça que você levantou às 4hs da manhã para esse passeio e estará na piscina umas 7hs numa temperatura ambiente de pelo menos zero grau, senão mais frio. Daí você dá aquele mergulho na água gelada e descobre porque o povo está encarapitado no outro lado: é só lá que a água ta quentinha mesmo! Fica todo mundo colado, mega esquisito.
Por fim, como falei, faça o trekking pelo Vale dos Cactos. Se der, vá depois sozinho para lá, sente, aprecie a natureza, pense que cada cacto cresce 1cm por ano e entenda a magnitude do lugar que você decidiu sabiamente conhecer.
Aproveite todos os marrons, verdes e azuis dessa viagem!
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