A recomendação número 1 dada pelo oráculo e todas as outras pessoas do mundo é a de que se deve levar e usar repelente o tempo todo por causa do risco de contaminação pela malária. Eu achava exagero, mas ainda assim levei potes e mais potes de repelente.
Na primeira noite que passamos lá, depois de conhecer os outros 6 alunos portugueses que estavam hospedados conosco (amo!), resolvemos ficar conversando na piscina que, como disse, tinha um teto retrátil que deixava uma meia abertura. Estava calor nos primeiros dias de maio e quase nunca o teto era fechado. Após 3 minutos de papo em que mal nos entendemos (rá, não é mole falar português) chegamos ao consenso de que era impossível ficar ali. Os mosquitos, mais conhecidos por nós brasileiros como pernilongos, vinham em montes e mais pareciam redemoinhos. É muito sério isso. Independente de malária, é impossível sem repelente, pois você pode passar dias se coçando!
Fora isso, tivemos na nossa turma 2 casos de malária e é um fato que não se trata de papo furado sobre a África. Há um risco que os angolanos ou mwangolês levam muito à sério. A frase que mais ouvi dos nossos colegas angolanos foi: em África não se brinca. Teve febre: médico, e não aspirina como nós. Teve tosse, espirrou, dor de barriga, dor de cabeça: médico, médico, médico.
Achei tudo isso muito assustador, mas a verdade é que sendo cuidadoso (usar repelente, não se expor muito ao amanhecer e pôr-do-sol quando tem mais mosquitos, não tomar água nem comer alimentos que podem não ter recebido tratamento apropriado) você pode conseguir evitar as doenças ou pelo menos se curar rapidamente e evitar maiores problemas.
Eu até havia marcado de ir ao Hospital das Clínicas, onde eles dão orientações aos viajantes, mas como meu pai resolveu ter um piripaque bem naqueles dias, não tive tempo, cabeça e nem vontade para isso. Além do mais, considerava exagero. A Vanessa, minha amiga e também aluna do MBA, foi e eles lhe deram vacina de tudo que se pode imaginar: febre amarela (obrigatória e que eu já tinha tomado), hepatite, sei lá o que, repelentes especiais…
Depois que chegamos lá senti um pouco de arrependimento. Não custava nada tomar todas as vacinas… além disso, todos os portugueses tomavam remédios preventivos contra malária e eu sequer tinha ouvido falar!!!! De todo modo, os tais preventivos faziam mal e não garantiam nada, tendo uma portuguesinha querida contraído malária mesmo tomando os preventivos direitinho. Os sintomas são dores no corpo, dor de cabeça e febre. Tudo que parece com uma gripe e que, além disso, podem sumir e aparecer somente dias depois, quando a pessoa já fica totalmente derrubada. Em qualquer dos casos, vá imediatamente ao médico. Por mais que se gaste dinheiro, o exame é rápido e quanto antes você começar a tomar os remédios, melhor. Além disso, deve-se observar estes sintomas ao voltar ao Brasil também e avisar aos médicos de que pode ser malária, para que eles façam os exames adequados e com os quais eles jamais se preocupariam em quase todo lugar do Brasil. O tratamento é feito a base de quinino e por isso é verdade que é bom tomar água tônica para ajudar no tratamento (é só um help, não cura).
Nossa principal parada médica foi na Clínica Sagrada Esperança que fica na chamada Ilha e visitamos algumas vezes a farmácia que fica colada na Igreja da Sagrada Família.
No nosso grupo também houve dois casos de febre tifóide (que não é tifo) e se pega por meio de alimentos contaminados. Um quase febre tifóide, mas suficiente para causar muita indisposição, diarréia e febre e outro sério, que deixou nossa colega Andreia de cama por vários dias e ainda enganou com uma melhora e depois recaída que a levou até à uma pequena desidratação. O tratamento é feito com antibiótico, mas a Andreia teve até que tomar uma sessão de injeções.
Eu evitei todo tipo de alimento cru e cascas, engordei e voltei ao Brasil doente por uma saladinha. Talvez tenha sido exagero, mas o ideal mesmo é evitar comer coisas sem lavar com água que seja sabidamente limpa e também comida que venha diretamente da mão de outras pessoas.
Resumindo, leve à sério sua saúde. O repelente também é bem útil e em algumas regiões absolutamente necessário, inclusive sob roupas jeans. Há esta lenda de que só devemos passá-los nas áreas descobertas, mas a verdade é que alguns mosquitos mordem mesmo por cima das roupas. Eu usei sempre, os comuns mesmo, Off e Off kids, que ainda hidrata, e tomei pouquíssimas picadas, nenhuma séria. Além do mais, usava no quarto repelentes de parede e funcionavam muito bem. Não esqueça o seu aqui!