7 Livros Ambientados em São Paulo Para Celebrar a Cidade
Livros Ambientados em São Paulo: pega aqui uma listinha com 7 livros que se passam em São Paulo e que são a cara da cidade e seus moradores. Tem ficção, tem registros históricos, tem centro e tem periferia, porque São Paulo é assim mesmo, um caos. Mas um caos que às vezes a gente odeia, mas pelo qual a gente também se apaixona. Então, porque não dar um presente charmoso desses no aniversário da cidade?
Lá embaixo tem o link para os livros, caso queria comprar, é só clicar e fechar a compra. ;)
1- Anarquistas, Graças a Deus! – Zélia Gattai
Vou começar por esse que é um dos meus livros preferidos, recomendação de leitura da minha mãe, que adorava a Zélia. Na verdade ela adorava a história da Zélia, que estreou como autora com esse livro lindo aos 63 anos de idade. O recado de minha mãe era claro: não tem hora certa para começar. E mesmo que você viva ao lado do sol (no caso, Jorge Amado, que era o marido de Zélia), tem espaço para todos brilharem.
Neste livro, Zélia conta algumas de suas memórias de infância em São Paulo. É como se estivéssemos ouvindo uma deliciosa fofoca ao adentrar no dia a dia da família de cinco filhos de imigrantes italianos anarquistas e ao mesmo tempo, flanar pela história da cidade e imaginar como São Paulo se transformou ao longo dos anos.
A família de Zélia viveu na Alameda Santos e convivia com as vizinhas “turcas”, vindas da Síria ou do Líbano (quem sabe?) andava pela Consolação e pela Paulista, enfrentava uma verdadeira viagem até o Brás para visitar parentes, não passava pela Rebouças que era um lamaçal, participava de corridas de carros e por ai vai. É de dormir com o coração quentinho. Pura nostalgia paulistana.
Aproveite para conhecer também alguns escritores nordestinos modernos clicando aqui.
2- Brás, Bexiga e Barra Funda – Antônio Alcântara Machado
Também partindo das experiências dos imigrantes italianos por bairros super icônicos da cidade nos anos 20, essa coletânea de contos é um clássico entre os livros ambientados em São Paulo.
O livro foi bem inovador na época, pois foi narrado como artigos de jornal, descrevendo cenas em bloco quase como uma linguagem cinematográfica. Ora falando de temas corriqueiros do dia a dia, ora revelando sonhos e decepções dos “italianinhos”, ora demonstrando a decadência das famílias tradicionais.
É outro livro que não apenas se passa em São Paulo, mas revela a cidade naquilo que realmente é: as pessoas. Que mudam hábitos, linguagem, lugares.
3 – Saudades de São Paulo – Claude Lévi-Strauss
Claude Lévi-Strauss foi um antropólogo que veio ao Brasil na missão francesa de 1935, que enviou diversos professores para trabalharem aqui.
Ajudando a montar a faculdade de filosofia da USP, viveu em São Paulo entre 1935 e 1939, período em que, além de ter feito várias incursões pelo Brasil e se firmado como um renomado etnografista, percorria São Paulo fazendo fotografias que, anos mais tarde, utilizou para desenvolver desse livro, de narrativa com olhar antropológico.
Lévi-Strauss dizia que São Paulo era “como um texto que, para compreender, é preciso saber ler e analisar” e é o que ele faz nesse livro, que é super imagético e nos leva direto ao túnel do tempo.
Aproveite para saber um pouco sobre o Museu da Imigração, um dos lugares mais legais de São Paulo e que registra as origens de muitos moradores da cidade!
4- Capão Pecado – Ferréz
Dos livros ambientados em São Paulo do passado e retratando os bairros mais icônicos da cidade vamos direto para o ano 2000 e o Capão Redondo, bairro da periferia de São Paulo praticamente invisível para o restante da cidade até o lançamento do livro mais conhecido de Ferréz – Capão Pecado.
Neste livro conhecemos a história de Rael, um morador do Capão Redondo que, apesar das dificuldades e da falta de grana, tenta ser um “bom menino”, mas acaba se apaixonando pela namorada de um amigo, o que seria uma pena de morte para qualquer morador do bairro.
Enquanto a tragédia se desenrola, vamos conhecendo a história de outros personagens e do próprio Capão, permeada por muita violência e sofrimento numa realidade meio chocante para os paulistanos e outros brasileiros mais desavisados que vivem em bolhas desconectadas do resto.
O mais legal dessa obra, porém, é a linguagem. Ferréz é do Capão Redondo e escreveu o livro “de mano para mano”, ou seja, é escrito com a linguagem do bairro, com muita oralidade, gírias, palavrões e expressões utilizada por lá, traduzindo de fato a periferia para a literatura.
Não é à toa que Ferréz virou um ícone da “literatura marginal” após essa publicação que fez 20 anos e continua super atual. E aqui, a São Paulo é ácida, nua e crua.
5- Suíte Tóquio – Giovana Madalosso
Já que viemos para o presente, vou falar desse lançamento de 2020 e que conta a história de Fernanda, uma diretora de TV que tem a filha sequestrada por Maju, sua babá.
O livro é ambientado em São Paulo e, embora não seja tão explícito com relação aos locais da cidade, é um retrato fiel das discrepâncias entre as classes média-altas e as classes trabalhadoras mais baixas, entre centro e periferia.
Navegamos pela história de Fernanda e Maju através das lembranças que elas evocam no dia do sequestro. Enquanto Fernanda vive uma vida de privilégios, sonhos que são apenas “algo mais”, distanciamento deliberado de tudo ao seu redor e uma exploração má e consciente de seus empregados, a vida de Maju é marcada por sacrifícios para ter o mínimo para sobreviver, pouco controle sobre a própria vida, abusos e solidão.
As similaridades entre a história e a realidade de muitas famílias e seus filhos e babás é assustadora e é uma boa fotografia da sociedade paulistana atual que ficou registrada para a posteridade.
6 e 7 – A capital da solidão e A capital da vertigem – Roberto Pompeu de Toledo
Não tem como falar de livros ambientados em São Paulo sem falar desses clássicos de Roberto Pompeu de Toledo.
Em “A capital da solidão”, o jornalista pesquisou a fundo para traçar a evolução da cidade de São Paulo desde quando era uma vilinha até 1900, quando começam a chegar os imigrantes, passando pelos desafios de uma cidade escondida pela Serra do Mar que quase foi extinta, ao aglomerado de gente que se tornou em seguida.
Além da narrativa histórica e social envolvente, o livro traz fotos, mapas e gravuras para reconstituir o período e grava para a eternidade o início da construção da cidade.
Já “A capital da vertigem” é uma continuação dos estudos feito pelo jornalista sobre São Paulo, agora seguindo de 1900 até o aniversário de 400 anos da cidade, em 1954.
É, portanto, um registro da transformação de São Paulo na metrópole moderna, na vertigem do crescimento demográfico, da industrialização, dos prédios que sobem e de agitação artística. Além de trazer fatos históricos e notórios, também há muitas personalidades paulistanas ou que fizeram parte das mudanças da cidade no livro.
Se você ama São Paulo (ou se quer amar), pode se sentar com esses dois volumes que não tem como não se apaixonar. Afinal, São Paulo pode ser dura e feia, mas ainda assim, é linda e às vezes gentil também.
Dá para comprar os livros na Amazon clicando aqui:
Feliz aniversário, São Paulo da garoa!
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Também adoro entender a história e a evolução de uma cidade. Como sou de SP, fica mais fácil fazer essa conexão com os livros, mas ainda que sejam lidos de forma genérica, é uma loucura ver como aquela vila tão singela virou essa metrópole!
Marcia eu também li super novinha o Anarquistas. Gostei na época, mas reli recentemente porque tinha essa ligação com a minha mãe e na verdade o livro ganhou uma outra dimensão. Recomendo demais! Fora que é uma delícia a leitura…
Tem muito outros ainda, Lilian! Eu é que resumi para esses que gosto mais, mas numa cidade dessa, o que não falta é inspiração para livros!
Mas que seleção maravilhosa de livros ambientados em São Paulo. Ler e viver páginas a fio sobre lugares e histórias da cidade que vivemos ou, mesmo que não conheçamos, que faz parte do nosso país, é sempre uma delícia. Principalmente pelo que era e não é mais e todo o trajeto dessa evolução.
Bruna, que ideia legal este post! SP faz aniversário, mas os leitores é quem ganham. Lembro de ter lido Anarquistas Graças a Deus, mas eu era muito novinha e não dei a ele o devido valor. Hora de reler!
Amei,amei,amei esse post ! Só conhecia o primeiro livro da sua lista mas já anotei o nome de todos. Adoro ler livros indicados e esses dão um panorama bem interessante de São Paulo, cidade que eu adoro. Parabéns !
Izabela, esse comentário é um grande elogio a meu ver! Seria lindo ver alguns desses como leitura nas escolas. Quem sabe?
Que dicas legais, sou de São Paulo e adorei as suas indicações, inclusive elas poderiam entrar nas leituras obrigatórias das escolas estaduais né ☺️
E eu adorei essa dica, Adriana! Deve ser mesmo! Ainda não li, mas acabo de botar no carrinho! =D
Adorei seu post. Dá pra incluir aí a autobiografia da Rita Lee, que é Sampa pura!